01/06/2009
Artigo 3G - Saiba Mais
Banda larga móvel leva a indústria celular ao seu próximo estágio de desenvolvimento
Martin Garner
Analista de Mercado de Telefonia Móvel*
Em 2008, a Apple, com o iPhone 3G e a loja de aplicativos (App Store) demonstrou à indústria de telecomunicações como superar as dificuldades de vender planos de dados de telefonia móvel. Toda a indústria deve um grande “muito obrigado” a eles.
As lições sobre o comportamento da Apple são:
Todos os grandes “players” desejam, agora, ter uma loja de aplicativos. Em breve haverá muitas lojas de fabricantes de celulares e de operadoras oferecendo variadas opções aos consumidores.
Com os smartphones mais acessíveis, um mercado maior se abre e o cenário está montado para o forte crescimento de aplicativos e do uso de internet no celular para os consumidores finais.
O que as operadoras devem fazer?
Ainda existem alguns fatores importantes que as operadoras necessitam fazer de imediato para permitir esse crescimento do consumo de dados:
É tentador segmentar as tarifas utilizando as medidas de velocidade, como 7,2 Mbps para alta utilização, 3,6 Mbps para média e 384 Kbps para os usuários com baixo volume de utilização. Porém, é questionável segmentar nestas velocidades.
Os 384 Kbps não proporcionam uma verdadeira experiência de banda larga e não são suficientemente rápidos para a oferta de produtos atraentes - especialmente quando as pessoas possuem banda larga fixa para fins de comparação.
Além disso, existe uma economia gerada a partir da transmissão de dados em maior velocidade: transportar dados de forma vagarosa congestiona desnecessariamente os canais da estação radiobase.
No momento, creio que a melhor maneira de segmentar as tarifas é manter ofertas para diferentes capacidades de uso, como 500 MB, 1 GB e 5GB.
Aonde isso nos leva?
Nos próximos 2 ou 3 anos, as novas condições de mercado devem trazer um crescimento forte da banda larga móvel tanto para os laptops como para os celulares. Isso auxiliará a aliviar a pressão sobre os preços dos serviços de voz.
E deverá ser apenas o início de uma das fases mais interessantes pelas quais a indústria de telefonia celular já passou.
Uma das maiores lições obtidas com a banda larga fixa foi que a inovação na oferta de serviços realmente aumentou, uma vez que a Internet fixa foi considerada uma infra-estrutura de altíssima penetração na população. Este fato provou ser verdadeiro em uma extensa variedade de segmentos econômicos, entre eles o de mídia e entretenimento, logicamente, além dos setores público, de saúde, de educação e de transporte, entre outros.
Uma nova fase surgirá com o crescimento da banda larga móvel. Inúmeros setores passarão a entender como alcançar e servir melhor seus usuários com as redes móveis. Esta evolução permitirá às operadoras gerar mais receita a partir de serviços para a indústria, bem como com os consumidores tradicionais já atendidos atualmente.
Hoje, esses aplicativos e modelos de negócios começam a ser desenvolvidos de maneira econômica, o que nos levará a uma nova era dentro das comunicações móveis.
Martin Garner é analista de mercado independente que cobre o mercado de telefonia celular, como as pessoas utilizam os celulares e os serviços que suportam essa utilização.
Até abril de 2008, Garner foi Chefe de Pesquisa de Mobilidade da Ovum, empresa de consultoria e análise de mercado. Ele foi fundador da prática de mobilidade da Ovum no início dos anos 90 e foi Diretor de Pesquisa na mesma empresa até o fim da década de 90, após a “quebradeira” na indústria de tecnologia.
É criador e gerente da “Wireless Intelligence”, uma joint venture (parceria) com a Associação GSM, que se tornou o maior e mais usado banco de dados de estatísticas de celulares da indústria, atendendo mais de 500 das maiores operadoras do mundo e fabricantes de celulares.
Desde 2004, focou em um projeto de pesquisa pessoal sobre a evolução do mercado de aparelhos celulares, com particular interesse em como as pessoas utilizam a multi-mídia em seu dia a dia e qual é o papel dos telefones celulares nesse contexto.
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Talvez pelas particularidades do mercado brasileiro, o 3G está mais do que se pensava para banda larga (dados) e menos do que se pensava para telefonia. A venda de modens 3G está aumentando e a venda de telefones 3G diminuindo. Assim, penso que o verdadeiro concorrente para o 3G é a banda larga fixa. Se for isso mesmo, as operadoras celulares tem que ser mais agressivas e oferecer algo a mais que as fixas. Não basta ter mobilidade. Tem que ser melhor.
Caro Martin Garner, atuo na área comercial para uma operadora, lendo sua análise com a qual concordo, me levou a um questionamento que gostaria de compartilhar com você e se possível saber sua opinião. Esse avanço da banda larga móvel não poderia levar as operadoras a negociarem somente internet e não mais pacote de voz, tratando a voz na internet através de softwares.
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