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3/2023

MWC, Oi, Acessos jan/23

Eduardo Tude

O Mobile World Congress voltou com força este ano contando com a presença de mais de 80 mil pessoas, muitas delas do Brasil.

A diversidade do que acontece lá é tão grande que cada um tem uma visão parcial do evento, com foco nos seus pontos de interesse. Apresento a seguir os meus.

 

1 bilhão de celulares 5G no mundo, e agora?

 

A base de celulares 5G cresceu mais rápido que a das tecnologias anteriores e atingiu em 3 anos a marca de 1 bilhão, sendo que a metade está na China.

As operadoras dos Estados Unidos, Europa, e outros países da Asia investiram pesadamente em cobertura 5G, estimuladas por melhorias sem precedentes em velocidade e capacidade, tendo como foco o mercado de consumo.

A prioridade delas agora é monetizar estes investimentos.  Foram discutidas as seguintes alternativas durante o evento:

  • A iniciativa Open Gateway da GSMA de padronizar uma estrutura de Interfaces Programáveis de Aplicativos (APIs), projetada para fornecer acesso universal a redes de operadoras para desenvolvedores.
  • A visão da Telefônica de transformar a rede em um supercomputador que fornece capacidade computacional distribuída.
  • Ativar o novo core 5G (Stand Alone). Isto é fundamental para dar suporte as novas aplicações com o slicing baixa latência, mas também para lidar com a complexidade da rede tornando-a autônoma. A visão é que a rede deixe de ser uma máquina baseada em configuração para ser um organismo baseado em intenção. Das 243 operadoras com rede 5G em 2022, apenas 35 estavam utilizando o novo core 5G em suas redes.
  • Redes privativas e FWA.

 

Aplicações 5G para o B2B terão de esperar até 2025?

 

O avanço nas novas aplicações para o B2B só é esperado com o 5G Advanced (5.5 G) que está sendo especificado pelo release 18 e deve estar comercialmente disponível em 2025.

Neste contexto, seguem os esforços para buscar IoT massivo. Neste processo o eSIM passa a ser mandatório para dispositivos M2M. Assim como já acontece no Brasil onde 85% dos celulares das MVNOs são terminais M2M para IoT, nos outros países esta aplicação começa também a crescer.

O 5.5G é um passo importante para o 6G que está previsto para 2030.

Outro passo importante é o uso de ondas milimétricas (26 GHz no Brasil). Todo mundo reconhece sua importância e que não se pode atingir velocidades de Terabit/s sem elas, mas o seu uso ainda não decolou pois a densificação exige pesados investimentos.  Dados da GSMA indicam que apenas 20% das operadoras que possuem ondas mm estão utilizando esta faixa e 10% dos dispositivos comercializados suportam ondas milimétricas.

 

E o Metaverso?

 

  • O Metaverso esteve presente no MWC, embora o “Hipe” esteja passando. Não existe ainda uma definição consensual quanto ao que é Metaverso.
  • O que se pode observar são soluções de realidade virtual/aumentada e  “Digital Twin” em aplicações como treinamento e games. O caminho para criar casos concretos parece ser este, uma vez que ele só será viável de forma mais ampla com 6G.

 

IA foi o grande tema do MWC 2023?

 

  • Sem dúvida, Inteligência Artificial (IA) está sendo utilizada em tudo, desde as Estações Radio Base ao Core da rede 5G e em praticamente todas as aplicações apresentadas no MWC 2023. Pesquisa realizada pela GSMA apontou IA com a tecnologia mais demandada.

 

Merecem destaque também:

  • O uso de satélite através do smartphone para mandar mensagens de qualquer local do mundo tem um enorme potencial de salvar vidas. O segmento de satélites concluiu que não adianta pensar em terminais especiais, tem que utilizar o dispositivo que está na mão de qualquer um, o smartphone.
  • A grande presença da fibra no MWC 2023, tanto de empresas como profissionais. A Huawei, em parceria com a Softex e a Teleco apresentaram durante o evento o whitepaper F5G (Fixed 5G – O Brasil Conectado.
  • GLOMO Awards, do qual sou jurado: a Huawei venceu como Best Mobile Network Infrastructure e Best Mobile Technology Breakthrough; a Rakuten Symphony como Best Network Software Breakthrough, e; a EdgeQ’s 5G + AI Base Station on a Chip foi a CTO Choice (Outstanding Mobile Technology Award).

 

Oi

 

  • A Oi entrou no dia 2 de março com novo pedido de recuperação judicial perante a 7ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro, em caráter de urgência e ad referendum da Assembleia Geral da Companhia (“Recuperação Judicial”).
  • A Oi comunicou ao mercado que chegou a um acordo com um grupo que representa a maioria dos credores.
  • A Proposta de Reestruturação contempla também um potencial financiamento no valor de US$ 275 milhões.
  • A V.tal contribuiu com o plano concedendo um desconto de 50% no que diz respeito aos seus créditos relacionados ao Acordo de Cessão de Direito de Uso de Longo Prazo detidos pela Globenet em todas as obrigações futuras de 2025 a 2028.
  • Como garantias, a Oi está colocando sua participação na V.tal e na Cliente.Co que será criada.
  • A ação ON da Oi apresentou perda 33,8% na semana e a PN de 21,8%. O Ibovespa perdeu 1,8% na semana.
  • A ação ON da Oi apresentou perda de 23,7% no acumulado do ano e a PN perda de 40,8%.

 

Acessos em janeiro

 

  • O Brasil apresentou adições líquidas negativas de celulares em janeiro (-357 mil). Vivo (-45 mil), TIM (-208 mil) e Claro (-227 mil) apresentaram adições líquidas negativas, enquanto Algar (+23 mil) e MVNOs (101 mil) cresceram.
  • A Vivo cresceu no pré-pago (+118 mil) e Claro no pós-pago (+242 mil). A TIM apresentou adições líquidas negativas nos dois segmentos.
  • Com a atualização dos acessos de banda larga fixa em 2022, o Brasil passou a ter 44,9 milhões de acessos banda larga fixa e as adições líquidas ano passaram a ser de 3,3 milhões de acessos.
  • A TV por assinatura perdeu 188 mil assinantes no mês e a telefonia fixa 313 mil.

 

5G

 

  • A Claro recebeu da Ookla os tróféus de operadora com a rede móvel mais rápida do País e como a de melhor experiência de vídeo móvel.
  • A TIM criou um fundo de investimentos de US$ 50 milhões focado em soluções 5G,
  • O GAISP deu início a liberação da faixa de 3,5 GHz em mais 439 municípios. A faixa já foi liberada em 507.

 

Outros destaques

 

  • O PIB de Serviços de Informação (Telecom representa mais de 50%) cresceu 5,4% em 2022, mais que o PIB Brasil (2,9%).
  • A Valenet, prestadora regional de banda larga fixa em Minas Gerais, adquiriu a CMT, passando a ter cerca de 160 mil acessos banda larga fixa em 85 municípios.
  • A Desktop conclui a aquisição da Fasternet.
  • A Netflix é responsável por 14,9% do tráfego de download de internet no mundo, seguida pelo YouTube (11,4%). (Sandvine/Statista)

 

Próximas Semanas

 

  • 06/03: Assembleia Geral Extraordinária da Oi
  • 20/03: Resultados 2022 da Brisanet
  • 22/03: Resultados 2022 da Unifique
  • 23/03: Resultados 2022 da Oi
  • 29/03: Resultados 2022 da Datora

 

 

Veja também

‣ Resultados 2024 e mais destaques

‣ Acessos Anatel 2024 e mais destaques

‣ Redes Privativas, 5G, Tecpar e mais

‣ Redes Privativas crescem 68% em 2024

‣ Ações de empresas de Telecom

Eduardo Tude

Presidente e sócio da empresa de consultoria Teleco, atua desde 2002 como analista do mercado de Telecom, coordenando projetos de consultoria, publicando artigos semanais, preparando relatórios setoriais e apresentando workshops.

Engenheiro de Telecom (IME 78) e Mestre em Telecom (INPE 81) é membro da Comissão julgadora do Global Mobile Awards do Mobile World Congress em Barcelona e atuou como professor especialista visitante da Unicamp (2013).

Ocupou várias posições de Direção em empresas de Telecom em áreas como Sistemas Celulares (Ericsson), Redes Ópticas (Pegasus Telecom) e Satélites (INPE).

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