Atualizado em: 26/08/2006
As Operadoras de Celular continuam no vermelho
As principais operadoras de celular no Brasil apresentaram EBITDA positivo nos primeiros 9 meses de 2006. O EBITDA é o lucro antes de se descontar os juros, depreciação e amortização. Um EBITDA positivo significa que a operadora está com uma receita maior que seus gastos operacionais (Fluxo de caixa positivo).
Nota: a Claro não divulga o Lucro
Apesar do EBITDA positivo, a Margem EBITDA (EBITDA/Receita Líquida) destas operadoras é baixa quando comparada a padrões internacionais. A exceção é a Telemig Celular que optou por uma estratégia de baixo crescimento da base de clientes para manter a rentabilidade.
Nos primeiros 9 meses de 2006 a Margem EBITDA da América Móvil, controladora da Claro, foi de 36,8% e a da Telefonica Móviles 34,7%. Estas margens são em grande parte sustentadas pelas operações nas matrizes onde apresentam, respectivamente, margens EBITDA de 51,0% e de 45,5%.
Os indicadores apresentados podem apresentar variações de acordo com os critérios contábeis adotados. A Tim, por exemplo, só apresentou EBIT positivo por que mudou sua política de contabilização de subsídios de aparelhos pós-pagos, passando a diferi-los em 12 meses (mais detalhes).
Com Margem EBITDA baixa estas operadoras não conseguem gerar recursos suficientes para pagar os investimentos e o EBIT fica negativo. O EBIT é o EBITDA descontado das despesas de depreciação e amortização de investimentos. O vermelho fica mais forte quando se considera o lucro líquido obtido após se descontar do EBIT os juros e outras despesas.
Este quadro é o mesmo dos dois primeiros trimestres de 2006, analisado no comentário Até quando as operadoras de celular ficarão no vermelho?
Na comparação dos 9 primeiros meses de 2006 com igual período de 2005 é possível observar uma melhora na margem EBITDA da Tim e da Claro e uma piora nas demais.
Aumentar a escala buscando o crescimento da base de clientes e da receita tem sido a estratégia da Tim e da Claro para melhorar a sua rentabilidade, privilegiando a conquista de bons clientes da base de outros operadores. Em um país com a extensão geográfica do Brasil, que demanda redes de mais de 10 mil ERBs para se atingir uma cobertura nacional, é necessário um grande volume de clientes para fazer frente aos custos de manutenção e investimentos na expansão e introdução de novas tecnologias.
O crescimento não pode ocorrer, no entanto, a qualquer preço, sob pena de um aumento nos custos prejudicar a rentabilidade. A Oi, por exemplo, apresentou queda na margem EBITDA, apesar de ter sido a operadora com maior crescimento na receita entre as operadoras da tabela a seguir.
O caminho da rentabilidade passa por crescer a receita a uma taxa maior que a dos custos operacionais.
Em um mercado competitivo como o brasileiro, será vencedor quem conseguir crescer com custos de aquisição e retenção de clientes menores. Isto pode ser alcançado tendo um melhor reconhecimento da marca, um menor churn e utilizando canais de distribuição alternativos como os propiciados pelos operadores móveis virtuais (MVNOs).
Finalmente é importante lembrar que apresentar um lucro líquido positivo não é a única forma de gerar valor para o acionistas destas empresas. O valor de mercado de empresas de celular como a Tim é maior que o de empresas de telefonia fixa que apresentam indicadores de rentabilidade melhores.
Diante deste quadro pergunta-se:
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