Atualizado em: 07/05/2007
A fusão da Oi (Telemar) com a BrT
A entrada da Telefonica na Telecom Italia intensificou o debate em torno de uma possível fusão da Oi(Telemar) com a Brasil Telecom (BrT). Esta fusão dependeria de:
A figura a seguir apresenta um cenário hipotético no qual a Tim é incluída no grupo da Telefonica e ocorre a fusão da Oi com a Brasil Telecom.
Neste cenário o Grupo da Telefonica (Telefonica/Vivo/TVA) manteria a liderança em Receita Bruta e quantidade de Celulares, a Oi/BrT lideraria em Acessos Fixos e Banda Larga e o grupo da América Móvil/Telmex (Embratel/Claro/Net/Vivax) em TV por Assinatura.
Apesar de forte no mercado brasileiro, o grupo formado por Oi/BrT seria menor que os demais. A Receita Líquida da Oi/BrT em 2006 foi de R$ 27,2 bilhões (US$ 12,7 bilhões), cerca de 1/3 da receita líquida da América Móvil/Telmex (US$ 37,4 bilhões) no mundo. A receita da Telefonica foi de 52,9 bilhões de euros em 2006.
Estratégia da Oi/BrT
Uma nova empresa formada por Oi/BrT enfrentará grandes desafios. Ela terá de ampliar sua área de atuação para se tornar uma empresa com cobertura nacional e aumentar a participação das receitas de celular e comunicação de dados na sua receita total. No 1T07 estes itens representaram 14% e 13% respectivamente.
A receita de telefonia fixa, 73% da receita bruta da Oi/BrT no 1T07, está em queda, tanto na telefonia local como na longa distância. As duas operadoras apresentaram conjuntamente em 2006 uma redução de 1,6 milhões na quantidade de acessos fixos em serviço. No 1T07 a redução foi de 184 mil.
Na direção oposta das concessionárias de telefonia local estão a Embratel (Livre e o Net Fone) e a GVT que estão conseguindo crescer na telefonia fixa local.
No Celular Oi e BrT apresentam situações bem distintas.
A Oi, apesar de ser líder em market share na região I, vem apresentando baixo crescimento e poderá ser superada pela Tim nos próximos meses. Apesar de ter 4 vezes mais celulares que a BrT, as adições líquidas da Oi no 1T07 foram muito próximas das da BrT. No 1T07 a Região I apresentou adições liquidas de 1.369 mil celulares e a Região II de 351 mil celulares.
A BrT, ao contrário da Oi, está conseguindo conquistar clientes de maior gasto mensal e apresenta um ARPU de R$ 33, muito mais alto que o da Oi (R$ 22).
A Oi/BrT precisaria expandir sua área de atuação para São Paulo e melhorar sua oferta de dados na área da Oi, conquistando desta forma uma presença maior no segmento corporativo. A implantação de uma rede 3G a nível nacional colocaria a Oi/BrT em condições de competir de igual para igual com os outros grupos de celular no país.
Uma estratégia de expansão exigiria disposição de investir dos acionistas desta nova empresa.
Na Banda Larga também seria necessário aumentar os investimentos. A Oi/BrT apresentou no 1T07 adições líquidas de 120 mil acessos Banda larga, menos que a Net/Vivax com 122 mil.
Diante deste quadro pergunta-se:
Está virando bagunça! Cadê o Serjão? Com a Anatel enfraquecida pelo (des)governo Lula e um Ministro que mantém a cara de repórter da Globo os grandes players do mercado estão se posicionando no vácuo da autoridade para atropelar o marco regulatório e criando um cenário que caminha rapidamente para uma confrontação rasteira e com altas "jogadas de bastidor" e que certamente terá 2 grandes perdedores: o consumidor e as empresas brasileiras.
A esperada consolidação das diversas operações da antiga Telebrás e a convergência de mídias está acontecendo mais rápido que a evolução/desenvolvimento/regulamentação do mercado de comunicações em geral e com isso não surgiram novos players em nichos inovadores que pudessem concorrer com os "velhos dinossauros" (Telefonica, BrT, Embratel e Telemar). Vide a paralisia do WiFi, das natimortas "espelhos e espelhinhos", da baixa competição entre as "móveis", da postergação indefinida da Portabilidade Numérica, da ausência das "Operadoras Virtuais" etc.
A incompetência desse governo está contribuindo para o retorno do monopólio nas comunicações, só que desta vez (pasmem!!!) nas mãos de grupos privados internacionais. Parabéns, Lula! Nem a extrema direita faria melhor!!!
Com a percepção pelo Governo Federal, de que as telecomunicações do Brasil estarão sendo controladas por empresas estrangeiras, fato que já vem incomodando a esfera militar a pelo menos quatro anos, acredito que a regulamentação será readequada a este cenário agora explicitamente materializado. Não só com a possibilidade de fusão entre OI/Telemar, mas também para a operação de serviços de TV.
A Brt vinha observando a estratégia da Telemar de pulverização de capital para também executar movimento neste sentido, o que daria agilidade a gestão de ambas. Ao mesmo tempo, a Brt vem preparando-se internamente com a mudança do seu estatuto social e a política de governança corporativa, para não cometer os mesmos erros dos seus últimos seis anos.
Com o fracasso desta iniciativa de pulverização de capital pela Telemar, as duas empresas deverão mudar de estratégia e com base nos últimos acontecimentos, tanto o Governo Federal, quanto os fundos de pensão, serão agora fortes aliados para a readequação da regulamentação e da sobrevivência das empresas de capital nacional.
A movimentação deste tabuleiro de xadrez deverá ser cuidadosamente trabalhado pelo governo federal, caso contrário estaremos perdendo totalmente o controle das telecomunicações brasileiras.
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