Atualizado em: 06/06/2009

A adesão à portabilidade no Brasil está abaixo do esperado?

 

A portabilidade numérica, possibilidade de trocar de operadora mantendo o número telefônico, foi implantada de modo gradual no Brasil no período de Set/08 a Fev/09. A partir de março de 2009, passou a estar disponível em todo o Brasil. A média mensal de números efetivamente portados no período de março a maio de 2009 foi de 98 mil para telefones fixos e 197 mil de celulares.

 

No acumulado de Set/08 a Mai/09 foram portados 392 mil telefones fixos e 787 mil celulares. Esta quantidade é grande em termos absolutos, mas pequena quando comparada ao total de telefones fixos e celulares no Brasil. Esperava-se uma adesão maior, uma vez que a portabilidade não está implicando em custo adicional para o usuário. A taxa de R$ 4,00 para manter o número tem sido bancada pelas operadoras.

 

A figura a seguir apresenta uma comparação do churn mensal de portabilidade entre Espanha, Portugal e Brasil. O churn foi calculado dividindo-se a quantidade de números portados no período pela quantidade de telefones no início do período.

 

 

 

Esta figura aponta para conclusões diferentes em relação à adoção da portabilidade no fixo e no celular que serão comentadas a seguir.

 

O impacto do pré pago na portabilidade do celular

 

No celular, com um churn mensal de portabilidade de 0,12%, o Brasil está em uma posição intermediária entre Espanha (0,65%) e Portugal (0,03%).

 

Note-se que o churn mensal do celular no Brasil é de 2,8%, ou seja, apenas 4,2% daqueles que trocam de operadora de celular no mês estão utilizando a portabilidade.

 

Um dos fatores que contribui para este resultado é a alta participação de pré pagos no total de celulares do Brasil (81,6% em abr/09). Na Espanha esta participação é de 40,1% e em Portugal de 74,1%. O usuário de pré pago tem demonstrado menor interesse em conservar o seu número telefonico.

 

De fato, os 23 DDDs que apresentaram um churn mensal de portabilidade em Mai/09 maior que a média Brasil (0,12%) estão localizados em estados do Sul e do Sudeste onde a participação do pré-pago é menor. Os dois DDDs onde a adesão a portabilidade no celular foi maior fazem parte de Santa Catarina onde o pré pago representa 78,94%. Foram eles o DD 47 (Joinville) com 0,24% e o DDD 48 (Florianópolis) com 0,23%.

 

 

O impacto da competição na portabilidade do fixo

 

Apesar da portabilidade no fixo estar tendo uma adesão maior que no celular, ela ainda está em uma patamar inferior ao encontrado na Espanha e Portugal.

 

Um dos fatores que contribui para reduzir a adesão a portabilidade no fixo é a falta de uma operadora alternativa em grande parte dos municípios do interior do país. Nos DDDs onde existem uma maior competição na telefonia fixa a adesão é maior.

 

DDD
UF
Cidade Principal
Churn mensal de Portabilidade Fixo
Market share autorizadas *
61
DF/GO
Brasília
1,00%
21,1%
27
ES
Vitória
0,53%
17,1%
41
PR
Curitiba
0,53%
27,7%
71
BA
Salvador
0,47%
12,3%
54
RS
Caxias do Sul
0,43%
15,6%
45
PR
Foz do Iguaçú
0,43%
20,0%
67
MS
Campo Grande
0,40%
15,7%

* Dez/08 (Anatel)

 

Embratel e GVT são as operadoras que estão se beneficiando mais da da portabilidade na telefonia fixa. A GVT declarou em seu relatório do 1T09 que detém uma participação de 38% do total de pedidos de portabilidade fixa no acumulado até março de 2009.

 

Diante deste quadro pergunta-se:

 

 

 

Comentário de Júlio Püschel

Muito interessante os comentários da Teleco em relação a portabilidade numérica. Realmente como era previsto, o impacto da portabilidade numérica não foi muito grande na competição tanto da fixa quanto da móvel.

Acredito que a portabilidade numérica é uma ação muito importante para garantir um direito ao consumidor, o de manter o número quando este consumidor quiser trocar de operadora.

Agora, é necessário muito mais do que simplesmente o fato de manter o número para atrair um consumidor para uma nova operadora. É preciso lembrar que cerca de 80% da base de assinantes móveis no Brasil são pré-pagos e a maioria deles já possui mais de um Chip de operadoras diferentes (aproveitar os descontos intra-rede), portanto a mudança é muito menor neste caso.

Os modelos de negócios e ofertas devem ser mudados para começar a se criar diferencial entre as operadoras. Atualmente as ofertas são muito semelhantes, o que torna ainda mais difícil o cliente se sentir atraido à trocar de operadora.

Nós do Yankee Group estamos prevendo uma desaceleração significativa na taxa de crescimento média composta anual (CAGR) para usuários únicos de telefonia móvel. O crescimento de 2003 a 2008 foi de aproximadamente 25% ao ano e a previsão é que de 2008 a 2013 seja de apenas 4% ao ano. Com menos oportunidades em número de adições as operadoras vão ter de rentabilizar ainda mais a sua base gerando um ARPU (receita média por usuário maior), e isto não poderá ser apenas baseado no adicional de receita com o 3G e com clientes pós-pagos.

 

É preciso delinear estratégia para os clientes pré-pagos, de forma a aumentar a participação da receita destes usuários na receita total da operadora (hoje a receita com pré-pago representa apenas 20% da receita total.

Não é correto afirmar que todos os clientes pré-pagos são consumidores de baixa renda, e mesmo dentro do segmento de baixa renda existem perfis diferentes entre os usuários. Desta forma, a segmentação dos clientes pré-pagos faz-se necessária para um crescimento da receita daqui em diante. Afinal, é preciso prestar atenção na maioria dos seus clientes.

 

 

Comentário de Marcone Soeiro

Sou proprietário de uma loja de telefonia e consultor de vendas de plano corporativo.

Minha visão como vendedor de telefone fixo e móvel no assunto abordado é que, essa baixa procura por portabilidade dever-se também a outro fator. O de ela só ocorrer somente de pessoa física para pessoa física e jurídica para jurídica, tornando uma dificuldade para quem é cliente pessoa física seja pós ou pré, e deseja fazer um plano corporativo como o caso de vários clientes em minha cidade, que possuem uma empresa e podem fazer um plano corporativo, mas tem o numero a um plano para pessoa física. A dificuldade existe quando nenhuma operadora aceita fazer troca de titularidade para um CNPJ, tornando uma dificuldade que eu como consultor jurídico encontro na portabilidade.


O cliente não tem a paciência de portar para a operadora em questão como pessoa física e depois migrar para o plano corporativo, e convenhamos que transtorno ele terá além de gasto com dinheiro e tempo. Digo isto pois me deparei com vários problemas como este.


Conversando com consultores das demais operadoras, verifiquei que nós não recebemos comissão por migração e acabamos por não ter incentivo por parte delas, resultando em baixa procura por portabilidade também.

 

 

Comentário de Carlo Xavier

Li o comentário do Sr. Marcone Soeiro sobre a dificuldade de se efetuar a portabilidade no caso de transferência de pessoa física para jurídica(planos corporativos) e achei que o fato narrado pelo mesmo esta correto, visto que não existe uma campanha de Marketing forte sobre a portabilidade e uma força de vendas sem remuneração ou mal remunerada, iremos caminhar a passos de tartaruga.

 

Normalmente o cliente espera que algum conhecido que tenha feito a portabilidade lhe de boas referências sobre a transação, e ainda existe a dificuldade causada em alguns casos sobre a chamada `janela´, período em que o numero deverá ser portado para a nova operadora.

 

As negociações ainda tem se mostrado pouco atraentes, aparelhos muito caros e tarifas pouco agressivas, no caso do corporativo, a falta de atendimento tem sido o fator crucial para a procura a uma nova operadora.

 

Para mim que trabalho no segmento á 06(seis)anos, esperava uma maior demanda de serviço, porém as vendas de portabilidade numérica não tem representado 30% do volume total.

 

 

 

 

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