Atualizado em: 10/07/2010
O preço do celular no Brasil é um dos mais caros do mundo?
O Brasil tem aparecido entre os países com preço do serviço celular mais alto do mundo em estudos realizados pela UIT e pelo "Diálogo Regional sobre la Sociedad de la Información" (DIRC), que compara o preço do pré-pago em países da América Latina.
Para fazer a comparação entre os países, estes estudos utilizaram uma cesta mensal de consumo de minutos e SMS. O custo obtido é, no entanto, muito mais alto que o gasto médio mensal do brasileiro com o celular.
A conta média das operadoras de celular no Brasil no 4T09 foi de R$ 34,7 (ARPU Brasil + impostos) e corresponde a um consumo médio de 105 minutos por mês (MOU). Esta valor é próximo ao gasto médio mensal da família brasileira com o celular segundo o IBGE (mais detalhes).
Ou seja, as cestas utilizadas nestes estudos não conseguem representar os preços e o perfil de consumo e do serviço celular no Brasil.
* Distribuídas em vários tipos (para celular da operadora, para celular de outra operadora, para fixo, preço normal ou reduzido com o horário)
A principal causa para esta discrepância é que os preços utilizados nestes estudos não consideram as promoções existentes no mercado brasileiro.
O valor médio do preço do minuto do celular pré-pago em São Paulo, sem considerar bônus e promoções, é de R$ 1,40 e do SMS R$ 0,39. Com estes valores o valor da cesta da DIRC seria em julho de 2010 de R$ 75,0, valor muito próximo ao obtido pelo estudo para 2009 (R$ 78,0).
Este quadro muda se considerarmos os bônus oferecidos pelas operadoras para recargas de pré-pago.
Minutos gratuitos para celulares da operadora
(validade de 30 dias)
* 10% para fixo ** inclui fixo, máximo de 14 minutos por dia.
Na Tim o cliente paga apenas o 1º minuto de chamadas Tim-Tim (preço promocional de R$ 0,25).
Esta oferta de minutos gratuitos para chamadas para celulares da própria operadora (on-net) acaba distorcendo o perfil de consumo de chamadas. A cesta do estudo da UIT considerou que 40% das chamadas eram on-net e a da DIRC 48%.
Não é só a tarifa de interconexão a ser paga para as outras operadoras de celular (cerca de R$ 0,40 por minuto) que faz com que as operadoras não façam promoções para chamadas para outras operadoras de celular. Existe um interesse é incentivar o tráfego on-net incentivando o conceito de comunidade dentro da operadora. Isto acaba incentivando a posse de mais de um "chip" por usuário de forma a participar de comunidades em diferentes operadoras.
Outra distorção ocorre devido a utilização do SMS no Brasil (13 SMS/celular/mês) ser bem menor que os 30 e 33 SMSs das cestas da UIT e do DIRC. Esta baixa utilização diminui o apelo para compra de pacotes e promoções com SMS, prevalecendo o consumo do SMS avulso com preço médio R$ 0,37. O gasto com SMS nas cestas da UIT e da DIRC seria de R$ 11,1 e R$12,1 respectivamente.
Em suma, os valores obtidos pela UIT e pelo DIRC não correspondem ao que é efetivamente gasto pelo brasileiro com o celular. A Claro, por exemplo, possui uma promoção para o pré-pago que com uma recarga de R$ 30,0 o cliente recebe 30 SMSs gratuitos e centenas de minutos para falar com Claro ou fixo. Esta recarga seria suficiente para realizar as chamadas constantes da cesta do DIRC que tem o valor de R$ 78,3.
Não se pode culpar, no entanto, os estudos da UIT e DIRC pelos resultados apresentados. Os bônus e promoções existentes no mercado brasileiro tornam a estrutura de preços complexa, dificultando a sua quantificação para comparação com outros países. O preço do celular no Brasil não está entre os mais altos do mundo, mas também não está entre os mais baratos. O fato de o Brasil possuir uma das mais altas cargas tributárias nos serviços de telecomunicações do mundo contribui para isto.
É importante, no entanto reconhecer que a competição entre as operadoras tem estimulado as promoções com o aumento dos minutos de uso e queda na receita por minuto. O mesmo ainda precisa acontecer em relação ao SMS.
Nota: receita por minuto calculada dividindo o ARPU de voz pelo MOU.
O Brasil deve continuar em uma posição ruim no ranking da UIT a ser realizado em 2010. A cesta utilizada pela UIT é definida pela OCDE e é baseada no perfil de consumo dos seus países membros. Esta cesta foi revista em 2010 permitindo a inclusão de promoções nos preços utilizados e aumentando de 40% para 55% o peso das chamadas on-net. A quantidade de SMS aumentou, no entanto, para 100.
Diante deste cenário pergunta-se:
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