Atualizado em: 29/11/2014
Os equívocos do estudo de comparação de preços da UIT
A UIT repetiu na edição 2014 do estudo "Measuring The Information Society" os equívocos das edições anteriores em relação ao cômputo dos preços de serviços de telecomunicações no Brasil. (Mais detalhes)
A figura a seguir apresenta a posição do Brasil no ranking divulgado pela UIT em 2014 e a posição com as correções apresentadas neste comentário. (O nº 1 é o de menor custo).
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Nota: Ranking baseado no custo do serviço como percentual do pib per capita. O nº 1 é o de menor custo.
Celular
O estudo da UIT considera os preços máximos do "Plano de Referência de Serviço" das prestadoras, registrados na Anatel, mas que não são utilizados por nenhum usuário no Brasil.
A figura a seguir apresenta os preços utilizados pela UIT e aqueles preços praticados no Brasil, conforme estudo realizado pela Teleco.
Nota: O estudo feito pela Teleco utiliza os mesmos critérios de coleta da UIT (Celulares pré-pagos, principal operadora, ...) e pode ser consultado em página "preços paises" do Teleco . Os preços do estudo da UIT são set/13 e os do Teleco entre junho e set/14.
Não é de se estranhar, portanto, que o estudo da UIT conclua que o gasto mensal de um usuário de pré-pago no Brasil, representado pela cesta de serviços da UIT, seja de R$ 113,7, valor cerca de dez vezes maior que a conta média de pré-pago no Brasil.
O preço médio por minuto para o celular seria de R$ 1,26, segundo a UIT, enquanto Anatel e Teleco estimam este valor em R$ 0,16 e em R$ 0,14, respectivamente.
Nota: calculado a partir do ARPU, MOU e receita de dados das operadoras.
Além dos valores utilizados pelo estudo, a própria cesta de serviços adotada também não corresponde ao perfil de consumo de celular do brasileiro. Baseada em uma cesta definida pela OCDE em 2009, ela procura refletir um padrão de utilização de usuários Europeus com baixo consumo.
A cesta inclui 51 minutos de ligações, sendo 53% on-net (mesma operadora), e 100 SMSs. No Brasil, cerca de 90% do tráfego é de chamadas on-net (mesma operadora).
Banda Larga Móvel
Na Banda larga móvel o estudo da UIT apresenta os seguintes valores mensais para um consumo de dados de 500 MB no smartphone.
Ou seja, um pacote de dados de 500 MB sairia três vezes mais caro no pós-pago do que no pré-pago.
A diferença de preço ocorre porque o pacote de dados considerado no pós-pago pela UIT inclui minutos de conversação.
Distorções como esta, que fazem com que o Brasil passe da posição 53 (BL móvel pré-paga) para a 102 (BL móvel pós-paga), inviabilizam a utilização dos rankings apresentados pela UIT para a análise comparativa de preços entre os países.
Telefonia Fixa
Na telefonia fixa, o estudo da UIT não considerou a franquia de 200 minutos incluída na assinatura no Brasil, apesar de sua metodologia estabelecer que, se o valor da assinatura inclui uma franquia de minutos, eles devem ser deduzidos do valor total da cesta.
As distorções apresentadas pelo estudo de preços da UIT para o Brasil podem ter ocorrido também em relação a outros países.
Para se ter uma comparação efetiva dos preços de serviços de telecom entre os vários países seria necessário realizar um estudo em outras bases, que procurasse captar os preços efetivamente praticados em outros países.
A Teleco realizou um estudo comparativo de preços do Brasil com outros 17 países, que pode ser consultado em preços países.
Diante deste quadro pergunta-se:
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