Atualizado em: 31/12/2018

O que acompanhar em 2019

 

Por Eduardo Tude e Debora Vieira

 

Depois de 2018 ser considerado melhor que o ano anterior, 69% dos que responderam a enquete do Teleco esperam que 2019 seja ainda melhor ou muito melhor.

Apresenta-se a seguir as principais tendências a serem acompanhadas no ano.

 

 

 

1. Crescimento da fibra e das operadoras competitivas na BL fixa

• A fibra (FTTH) liderou o crescimento da BL fixa em 2017 com adições líquidas de 2,4 milhões de acessos. A participação do FTTH nos acessos BL fixa do Brasil cresceu de 10,6% em 2017 para 17,4% em nov/18. Este processo deve continuar em 2019, impulsionado pelas operadoras competitivas, que estão implantando redes de fibra em todo o país
• As três principais prestadoras de Banda Larga Fixa (Claro, Vivo e Oi), perderam market share em 2018 para o conjunto das demais prestadoras (operadoras competitivas). Elas devem continuar ganhando market share em 2018, mas Claro, Vivo e Oi já começam a esboçar uma reação.
• O avanço das competitivas ocorre não apenas no acesso residencial, como no mercado corporativo, nas redes de longa distância e nos cabos submarinos. No mercado corporativo em particular é interessante acompanhar o impacto da oferta de novas soluções como SD-WAN.

 

2. Migração do pré-pago para o pós-pago

• A base de pré-pago deve continuar encolhendo em 2019, embora em um ritmo menor que nos anos anteriores. As perdas devem passar a ser mais próximas entre as operadoras e estimuladas principalmente pela migração para os planos controle do pós-pago.
• O pós-pago deve continuar crescendo impulsionado por esta migração e pelo crescimento dos terminais M2M, mas não deve superar o pré-pago em 2019.
• A migração do pré-pago para planos controle do pós-pago deve contribuir para uma queda do churn, mas não deve implicar em crescimento do ARPU das operadoras.

 

3. 5G

• Embora só se espere que 5G chegue efetivamente ao Brasil em 2021, a preparação para a chegada desta nova geração de tecnologia móvel deve se acelerar em 2019.
• A Anatel trabalha na preparação da licitação do espectro de 3,5 GHz para 5G que pode ocorrer no final de 2019 ou em 2020.
• Enquanto 5G não chega, as operadoras móveis estão implementando versões mais avançadas de 4G (LTE Advanced e LTE advanced PRO), que permitem a oferta de velocidades mais altas.
• 5G pode, no entanto, chegar ao Brasil na oferta de BL fixa ainda em 2019.

 

4. Transformação digital

• As operadoras vêm avançando gradualmente no processo de transformação digital das suas redes, com virtualização de funções de rede (NFV), orquestração e unificação das bases de dados de modo a viabilizar no futuro a automatização de processos.
• Este é um passo fundamental para migração no futuro para 5G. Nas redes de dados os avanços ocorrem com redes definidas por software (SDN) em aplicações como o SD-WAN.
• As operadoras estão avançando também na disponibilização de uma interface digital para seus clientes através de aplicativos e na utilização de Bots (agentes digitais) para atendimento.

 

5. Internet das coisas (IoT)

• A implementação de soluções de Internet das coisas deve continuar a crescer no Brasil em 2019, principalmente em áreas como cidades inteligentes, agronegócio, automação industrial e rastreamento de ativos.
• A entrada em operação no país das primeiras redes de NB-IoT (Narrow Band IoT) e o avanço da Sigfox devem ajudar a impulsionar estas soluções.
• Um fator fundamental para uma utilização massiva de IoT é a eliminação do pagamento de taxas de fiscalização (Fistel) sobre estes dispositivos.

 

6. Mudanças no marco regulatório

• A expectativa é que o PLC 79 seja finalmente aprovado pelo Senado no início do ano com a saída de Eunício de Oliveira da presidência. Com a nova lei será possível avançar na definição do processo de migração das concessões de telefonia fixa para o regime de autorização durante o ano, viabilizando sua implantação em 2020.
• É possível que ocorram mudanças na regulamentação do FUST, com os recursos passando a ser destinados para banda larga, e do FISTEL, com a isenção desta taxa para IoT.
• Destaca-se ainda a revisão do regulamento de qualidade, em fase de aprovação final na Anatel, que pode levar a que o país evolua da atual abordagem técnica/detalhista para uma abordagem responsiva e orientada ao consumidor.
• No campo municipal, vale acompanhar as mudanças nas legislações locais para facilitar a implantação de antenas de celular e redes.

 

7. Oi

• Com a aprovação do plano de recuperação judicial pelos credores, a Oi avançou na restruturação da empresa e deve entrar o ano com R$ 4 bilhões adicionais para investimentos (Capex).
• Estes investimentos podem contribuir para a empresa estancar a perda de receita e market share nos principais serviços.
• A Oi precisa ainda equacionar sua dívida com a Anatel, para viabilizar uma possível entrada de um novo investidor na companhia.

 

8. Fusões e aquisições

• Ao aprovar a aquisição da Time Warner pela AT&T a Anatel pode impor restrições que levem à venda da SKY no Brasil.
• A definição de novos limites de bandas de frequências (CAPs) para as operadoras móveis deve facilitar a venda da Nextel Brasil para uma das atuais operadoras móveis. A TIM manifestou o interesse publicamente, mas a disputa pelo controle da Telecom Itália que travam Vivendi e Elliott pode interferir neste processo.
• As negociações para a entrada de um novo investidor na Oi podem ser iniciadas a partir do 2º semestre.
• Existe uma grande movimentação de fundos de investimentos em relação às prestadoras de SCM de médio porte.

 

9. Streaming na TV por Assinatura

• A TV por assinatura sentiu, a partir de 2015, os efeitos da crise econômica e vem perdendo assinantes. As perdas de cerca de 500 mil assinantes em 2018 devem continuar em 2019.
• Enquanto isto, crescem as opções de streaming de vídeo. A principal opção é o Netflix que possui cerca de 8 milhões de assinantes, mas existem também outras opções como a Amazon Prime, Crackle (Sony), NetMovies, Globo Play e HBO Go. A Globo pretende investir pesado no Globo Play em 2019.
• As próprias operadoras de TV por assinatura estão disponibilizando sua programação via streaming para assinantes, através de aplicativos como o "Now" da Net.

 

10. Crescimento da receita e da rentabilidade

• A receita líquida do conjunto das operadoras de Telecom no Brasil tem crescido menos de 1% nos últimos quatro anos e deve continuar crescendo abaixo da inflação em 2019.
• Já a margem EBITDA das operadoras vem crescendo nos últimos anos melhorando a rentabilidade das empresas.
• Os esforços de cortes de custos e melhoria da eficiência operacional com a transformação digital devem contribuir para que a margem EBITDA continue aumentando em 2019.

 

11. MVNOs

• A saída da Porto Seguro Conecta deve impactar o mercado de MVNOs ativos no Brasil, mas a expectativa é que a quantidade de players neste segmento, que ainda está muito abaixo de seu potencial no Brasil, cresça em 2019, principalmente em IoT.

 

 

 

Diante deste quadro pergunta-se:

• O ano de 2019 será melhor para o setor de telecomunicações no Brasil?
• A Nextel e a Sky serão vendidas?
• O leilão de frequências para 5G irá acontecer em 2019?
• O pós-pago vai superar o pré-pago em 2019?
• As competitivas vão continuar liderando o crescimento da BL fixa?
• A oferta de streaming de vídeo continuará crescendo?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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