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Comentário
publicado em 07/02/2005
Desafios da Claro e da Embratel para
2005
A Claro e a Embratel são controladas
pelo empresário mexicano Carlos Slim. Ele é
o controlador da América Telecom (antiga Carso
Global Telecom), que por sua vez possui 41% das ações
com direito a voto da Telmex e 64,5% da América
Móvil controladora da Claro. A SBC, operadora
americana que acaba de adquirir a AT&T, possui 7.6%
da Telmex e 24% da América Móvil.
Claro e Embratel tiveram um ano difícil
em 2004 e enfrentarão em 2005 novos e velhos
desafios.

Claro
|
2004 |
2003* |
Cresc. |
Celulares (Milhares) |
13.657 |
9.521 |
43,4% |
Market Share |
20,8% |
20,4% |
- |
Receita Líquida (R$ Milhões) |
5.248 |
4.316 |
21,6% |
EBITDA (R$ Milhões) |
18 |
1.104 |
-98,4% |
Margem EBITDA |
0,3% |
26% |
- |
* Inclui BCP e BSE o ano todo
A Claro conseguiu acompanhar o forte
crescimento do celular no Brasil em 2004, cresceu 43,4%
(o Brasil cresceu 41,5%), e apresentar um pequeno crescimento
no seu market share que atingiu 20,8%. Este esforço,
no entanto, implicou em uma redução acentuada
na margem EBITDA para 0,3% e pode ainda não ter
sido suficiente para garantir a posição
de 2ª operadora em número de celulares no
Brasil. As projeções indicam que a Claro
pode ter sido ultrapassada pela Tim.
Os desafios de 2004 devem se repetir
em 2005. A competição deve continuar acirrada
na região 2, devido a entrada da Brasil Telecom
GSM, e a Claro terá que conquistar clientes em
Minas Gerais onde começa a operar em 2005.
Sustentar este crescimento com Margens
EBITDA reduzidas exigirá investimentos da América
Móvil que está em expansão na América
Latina e nos Estados Unidos.
Resultados da América
Móvil em 2004
País |
Clientes
(Milhares) |
Receita Liq.
(Milhões US$) |
Margem EBITDA |
México |
28.851 |
6.323 |
43,2% |
Argentina |
3.587 |
487 |
0,4% |
Brasil |
13.657 |
1.900 |
0,3% |
Colômbia |
5.814 |
749 |
26,7% |
Equador |
2.326 |
379 |
34% |
América Central* |
2.474 |
1.081 |
51,3% |
Uruguai |
5 |
- |
- |
EUA |
4.394 |
787 |
6,1% |
Total |
61.108 |
11.706 |
31% |
* El Salvador, Guatemala, Honduras
e Nicarágua.
Como se pode observar o México
sustenta a operação da América
Móvil, representando 47% dos celulares, 54% da
receita e 74% do EBITDA. O Brasil com 22,3% dos celulares
e 16% da receita apresentou, juntamente com a Argentina,
margem EBITDA praticamente nula. Este quadro se repetirá
em 2005?
Embratel
À exemplo da América
Móvil, a Telmex expandiu-se em 2004 para a América
Latina contando com operações na Argentina,
Brasil, Chile, Colômbia e Peru. Parte destas operações
é proveniente da aquisição da AT&T
Latin America. No Brasil, a AT&T (antiga Netstream)
virou Telmex do Brasil. A Embratel foi, no entanto,
a grande aquisição no Brasil. Neste quadro,
o México é responsável por 79%
da receita da Telmex e o Brasil por 19%.
Resultados da Embratel
R$ Milhões |
2004 |
2003* |
Cresc. |
Receita Líquida Total |
7.332,9 |
7.043,6 |
4,1% |
- Longa Distância Nacional |
4.012,8 |
4.051,7 |
-1,0% |
- Longa Distância Internacional |
768,9 |
856,6 |
-10,2 |
- Serviços de Dados |
1.709,4 |
1.756,1 |
-2,7 |
- Serviços Locais |
607,6 |
134,5 |
351,9% |
EBITDA |
1.373,4 |
1.783,0 |
-23,0% |
Margem EBITDA |
18,7% |
25,3% |
- |
Lucro (prejuízo) líquido |
(339,3) |
223,6 |
- |
Investimentos |
579,6 |
489 |
18,5% |
Dívida Líquida |
2.598 |
2.871 |
-9,5% |
Os resultados de 2004 da Embratel
não foram bons. A operadora apresentou queda
em sua receita de Longa Distância (Nacional e
Internacional) e de Dados. O crescimento da receita
líquida total só não foi negativo
devido a receita de serviços locais, conseguida
com a aquisição da Vésper. O EBITDA
apresentou uma queda de 23% com a margem EBITDA caindo
de 25,3% para 18,7%. Finalmente, o lucro de R$ 224 milhões
em 2003, se transformou em um prejuízo de R$
339 milhões em 2004.
Visto sob este ângulo, e considerando
as dificuldades por que passam as operadoras de longa
distância no mundo (o que pode ser exemplificado
pela recente compra da AT&T pela SBC), poderia se
projetar 2005 como um ano mais difícil ainda
para Embratel. Existem no entanto alguns sinais positivos:
- O prejuízo de R$ 339 milhões deve-se
em grande parte devido ao reconhecimento de despesas
financeiras e baixa de ativos ocorridos após
a compra da Embratel pela Telmex em julho de 2004.
A margem EBITDA cresceu no último trimestre:
18,1% (4T04) contra 13,6% (3T04). A dívida
líquida foi reduzida em 10% em 2004.
- Apesar do tráfego de Longa distância
nacional em minutos ter apresentado uma queda de 14,9%,
o de Longa Distância Internacional cresceu 2,8%.
Os serviços de dados do 4T04, medido em linhas
equivalentes de 64 Kbit/s, tiveram um crescimento
de 55,4% em relação ao 4T03.
Este quadro confirma a perda de market
share da Embratel na Longa Distância Nacional
e a manutenção de posições
na Longa Distância Internacional e Dados, embora
com perda de receita devido à competitividade
destes mercados. Para ser rentável a empresa
terá de se adequar a esta realidade.
Os serviços locais, principalmente
para o mercado corporativo, são um vetor importante
para a estratégia da empresa. A aquisição
pela Telmex de participação acionária
na Globopar e na Net são um passo importante
na direção de buscar acesso a mercados
residenciais Classes A e B para ofertar telefonia e
“bundle” de serviços como o “triple
play”.
Questões
Diante deste quadro pergunta-se:
- A Claro tem fôlego para repetir em 2005 a
estratégia agressiva de 2004, baseada em forte
crescimento com baixa rentabilidade? Qual seria a
alternativa?
- A Claro irá adquirir outras operações
no Brasil para atingir cobertura nacional? Amazônia
e Telemig Celular continuam sendo opções?
- Como evoluirá o desempenho da Embratel em
2005? Qual é o seu futuro? Acabar vendida para
uma Tele local, como aconteceu com a AT&T nos
Estados Unidos, ou crescer no mercado de serviço
local? A Telmex poderá comprar uma das concessionárias
de serviço local?
- Qual o futuro da América Móvil e Telmex?
Irão se expandir ainda mais ou serão
adquiridas por outras operadoras? O fato de haver
liderança distinta para as operações
de móvel e de fixo é um indicador de
que o grupo não está apostando na chamada
convergência fixo-móvel?
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