Em Debate Especial
Como ampliar o acesso aos serviços de telecom na base da pirâmide?

Publicado: 19/11/2007

 

 

 

O desafio da conectividade hoje

 

Parte 1

 

 

Aluizio Byrro

Chairman da Nokia Siemens Networks para América Latina

Parte 1 :: Parte 2

 

Existe uma oportunidade real de crescimento e novos negócios ainda pouco explorada pelas empresas – o atendimento às camadas mais baixas da população - principalmente à classe C.

 

Essa classe social constitui um mercado que abrange 42% dos domicílios do Brasil e 26% do consumo total do país (figura 1), correspondendo a R$365 bilhões anuais, de acordo com estimativas da Target Marketing.

 

Atender esse segmento de mercado representa um grande desafio às empresas, pois os modelos tradicionalmente voltados às classes altas normalmente não se aplicam às necessidades e perfis de consumo das camadas mais baixas da população ou são economicamente inviáveis.

 

Figura 1: Distribuição de domicílios e consumo
por classe social – Brasil (2007).

Fonte: Target 2007.

 

Nos domicílios de classes A e B, a penetração de serviços fixos e móveis praticamente ultrapassa os 80% (figura 2), com pouco espaço para crescimento. Já nos domicílios com rendimento inferior a 10 salários mínimos a penetração ainda é baixa.

 

No entanto, é nítido o grande papel desempenhado pelo celular na universalização, em parte subsidiado pela interconexão fixa-móvel, já que 30% dos domicílios nessa faixa de rendimento somente possuem celular de acordo com o PNAD, 2006.

 

Para efeito de comparação, em 2003 o número de domicílios nessa faixa de renda que somente utilizavam serviço móvel era de 12%. Apesar do enorme crescimento da telefonia móvel, novos modelos ainda podem viabilizar o aumento de penetração.

 

Figura 2: Acesso aos diferentes serviços de comunicações
por classes de rendimento mensal (Brasil).

 

Outro serviço com grande potencial de crescimento na classe C é o acesso à Internet. A posse de computadores na faixa de rendimentos de até 10 salários mínimos, dobrou de 2003 para 2006, saltando de 8% para 16%, em boa parte impulsionada pela redução de impostos com a “Medida Provisória do Bem”, de 2005. O acesso à Internet também acompanhou o crescimento e dobrou nessa camada da população.

 

Outro desafio que se soma ao atendimento do segmento de baixa renda é o de atendimento às áreas rurais. As camadas mais altas da população estão relativamente bem atendidas mesmo nas áreas rurais (figura 3). No entanto, vemos que as diferenças de penetração entre áreas urbanas e rurais são tanto maiores quanto menor a faixa de rendimentos.

 

Figura 3: Penetração de Telefonia por classe de renda domiciliar
mensal em domicílios urbanos e rurais.

Fonte: PNAD 2006, Análise Nokia Siemens Networks.

 

Como responder a esse desafio de atender às classes menos favorecidas da população e às localidades mais remotas? Um atendimento mais amplo das diferentes camadas da sociedade e das áreas rurais do país dependerá não somente da iniciativa privada, atuando com novas soluções e modelos de negócio inovadores, mas também da esfera pública, naquelas camadas ou cenários de atendimento onde não é possível obter retorno financeiro que justifique o investimento.

 

Modelos de Negócio sustentáveis no atendimento às camadas de baixa renda

 

A massificação de terminais GSM, com a conseqüente redução de seus preços e da barreira de entrada para usuários de mais baixa renda, foi um dos fatores críticos para o crescimento agressivo experimentado no Brasil (e nos principais países emergentes), juntamente com a modalidade de pré-pago.

 

No entanto, a continuidade desse processo de massificação – e de inclusão - passa a depender de outros fatores, como a criação de modelos de negócio alternativos que permitam ao operador reduzir custos de operação de forma a viabilizar o atendimento em localidades pequenas ou remotas.

 

A Nokia Siemens Networks tem atuado na implementação de um novo modelo de negócios que viabilize o atendimento a uma população com capacidade de desembolsar em torno de US$3 ou menos por mês com serviços de telecomunicações, provendo serviços móveis a localidades rurais da Índia e África.

 

Esse modelo, chamado “Village Connection”, se baseia na parceria entre operadora e empreendedores locais, em um sistema similar ao de franquia. Os empreendedores assumem funções como relacionamento com clientes, vendas e operações de suas localidades e são remunerados pelo tráfego local dos assinantes.

 

O conceito se viabiliza pela característica inovadora e de baixo custo do sistema GSM utilizado. Trata-se de um sistema simples e compacto, baseado em PCs, que permite que as chamadas locais sejam comutadas localmente nos pontos de acesso (access points), economizando também em custos de transmissão.

 

Há grande facilidade de implantação e operação e é possível utilizar transporte satelital e bateria solar, características freqüentemente necessárias em áreas remotas. Assim, é possível reduzir o custo de operação do prestador de serviços de telecomunicações, ao mesmo tempo em que se permite criar uma oportunidade de negócio para um micro-empresário local e garantir o acesso da comunidade a serviços de comunicações.

 

Parte 1 :: Parte 2

 

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