Em Debate Especial: Política Industrial
Publicado em 16/07/07
Serviços Digitais: Inovação e desenvolvimento
Carlos Rocha
Diretor da Samurai Projetos Especiais
Um futuro incerto
Para definir uma política de desenvolvimento setorial, podemos partir da observação dos desafios e das oportunidades das grandes empresas de telecomunicações, de capital intensivo, com infra-estruturas para acessos fixos e/ou móveis, em ambiente que se vem transformando de modo contínuo e acelerado.
O futuro se mostra ainda incerto, com novas mudanças por acontecer, um mundo em que múltiplas organizações se tornam capazes de oferecer ao consumidor uma diversidade atraente de serviços e conteúdos, sem a barreira dos grandes investimentos em infra-estrutura.
Inicialmente, as prestadoras de serviços de telecomunicações desconsideraram o bem sucedido negócio transacional de serviços de ligações telefônicas e precipitaram a comoditização do próprio futuro, ao formatarem a sua oferta de conexões em banda larga como uma estrutura aberta e mal remunerada, para a construção de negócios rentáveis pelas novas empresas na Internet.
O mercado já traduziu este comportamento empresarial no baixo valor das ações, em especial, das operadoras fixas. Por enquanto, as empresas do setor continuam na busca de novos caminhos, para reconstruir o seu negócio, agregando valor à suas ofertas comoditizadas de banda larga.
A base da pirâmide
O grande motor da transformação surgirá do acesso à riqueza na base da pirâmide, um imenso mercado ainda inexplorado, onde os brasileiros passarão a consumir um universo de serviços e conteúdos, que se tornarão acessíveis ao seu baixo nível de renda.
Propõe-se, assim, uma política de desenvolvimento que construa uma nova plataforma de negócios, que venha garantir a todos os brasileiros o acesso ao mundo digital, através da implantação de um Padrão Brasileiro de Serviços Digitais.
Através do seu celular ou de um cartão de serviços digitais, esta plataforma vai oferecer ao consumidor o computador pessoal como um serviço, e viabilizar o acesso à tecnologia da informação a qualquer cidadão, independentemente de sua faixa de renda.
O sucesso desta política reside na garantia da sustentabilidade econômica do serviço, como um novo negócio, para as empresas que prestam os serviços de telecomunicações, com múltiplas fontes de receita. Os consumidores poderão pagar os diversos serviços relativos à tecnologia da informação, sob demanda, ou seja, um valor para cada tipo de serviço, pelo tempo de uso.
E, mais importante, os prestadores de serviços públicos e privados passam a formar, junto com as operadoras, um círculo de confiança, através do qual remuneram as transações de entrega de seus serviços digitais ao consumidor, que faz o acesso gratuito.
Para isto, cada usuário precisa, apenas, de um dispositivo pessoal, que pode ser o próprio aparelho celular ou um cartão com chip igual ao usado nos celulares GSM. Quando o cidadão se identifica com um cartão inteligente, ocorre a autenticação forte, que garante a total segurança, a remuneração e a validade legal de toda transação.
Assim, o principal valor para a sociedade reside em transformar o acesso à tecnologia da informação, programas e conteúdos e à Internet, em um serviço de utilidade pública, de modo similar aos serviços de telecomunicações e de distribuição de energia elétrica, água e esgoto, prestados pelas respectivas concessionárias, através de uma ampla infra-estrutura compartilhada por todos.
Os agentes naturais, para viabilizar a inclusão digital em massa, as prestadoras de serviços de telecomunicações, são reguladas por lei e pela ANATEL, garantindo a privacidade do cidadão no mundo digital, de maneira equivalente à atual privacidade nas ligações telefônicas.
Uma política de desenvolvimento planejada garantirá à maioria da população brasileira, hoje excluída na base da pirâmide, o acesso ao mercado consumidor de serviços e conteúdos digitais. Ao se implantar um novo Padrão Brasileiro de Serviços Digitais, os mais de 100 milhões de cidadãos que tem celular, se tornarão consumidores de transações viabilizadas com micro-pagamentos, e com a geração de receitas de anunciantes e prestadores de serviços.
Será natural a migração do acesso atual à Internet, anônimo e sem segurança ou qualidade de serviços, para a nova oferta de serviços e conteúdos digitais, com identificação e autenticação forte e qualidade de serviços assegurada, que transformará o computador, a tecnologia da informação e o entretenimento, em uma plataforma de serviços digitais acessível a todos, a toda hora e em qualquer lugar.
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