16/04/07
Em Debate
Publicado: 16/04/2007
Comunicação para todos
Carlos Duprat Vice-Presidente Comercial e de Assuntos
Corporativos da Ericsson Brasil
Os acontecimentos nos setores de eletrônicos, informática, telecomunicações e radiodifusão foram rápidos e espetaculares na última década. Para muitas pessoas, isso desencadeou uma nova era de mudanças sociais e econômicas. Mesmo assim, mais de dois terços da população mundial ainda não têm acesso à comunicação de voz ou dados.
A Organização das Nações Unidas criou metas específicas para reduzir a pobreza, chamadas de “Metas de Desenvolvimento do Milênio”. Cada vez mais, a entidade amplia a utilização do setor de Tecnologia da Informação e Comunicação para que esses objetivos possam ser alcançados, pois todos irão se beneficiar da oportunidade de participar da sociedade global das informações – os indivíduos e a sociedade.
O que se busca é o acesso à infra-estrutura necessária para usar um computador de maneira efetiva. Com esse objetivo, novas tecnologias de acesso móvel foram desenvolvidas para possibilitar a inclusão digital. A implementação das redes 3G/HSPA permitem a utilização da banda larga móvel em qualquer lugar e a qualquer hora. O HSPA permite que a banda larga móvel se dissocie do aparelho celular passando a ser uma alternativa de conexão do PC à internet, bastante competitiva em custos e taxas de transmissão, se comparada com as demais tecnologias já existentes.
Em geral, a cada nova geração de tecnologias móveis, observamos o mesmo ciclo: negociam-se as licenças, implementa-se a nova rede e aguardam-se os terminais, que inicialmente são mais caros, mais pesados e com menor duração de baterias, do que os da geração anterior.
Esta tem sido a evolução da tecnologia móvel em qualquer lugar do mundo.O que estamos observando em nosso país nos dias de hoje é que, para a implementação da tecnologia 3G/HSPA no Brasil, esta ordem natural foi alterada, precisando ser restabelecida. A única coisa que ainda nos falta para a introdução da próxima geração da telefonia celular é a liberação das licenças.
Segundo o último relatório da GSA (Global Mobile Suppliers Association), em todo o mundo já existem mais de 250 dispositivos e 100 terminais HSPA. A disponibilidade desses terminais compatíveis com as atuais redes também torna o HSPA ainda mais atraente: é possível oferecer a transmissão de dados de alta performance, garantindo a interoperabilidade dos serviços seja em uma rede 2G (GSM/GPRS/EDGE) ou 3G (WCDMA/HSPA).
Quanto ao custo dos terminais, o aumento na escala permitirá o barateamento dos celulares, como aconteceu com o GSM. O programa “3G For All” – desenvolvido pela GSM Association – tem como objetivo popularizar o acesso aos serviços de terceira geração, e é um bom exemplo de que os fornecedores estão se mobilizando para acelerar a fabricação de terminais de baixo custo. A disponibilidade de comunicações móveis para todos pode enfrentar barreiras significativas na tributação e oferta de terminais a preços acessíveis. Várias iniciativas já estão sendo desenvolvidas para oferecer terminais de baixo custo para os países em desenvolvimento.
A banda larga móvel irá ampliar o acesso de camadas da população que hoje não têm oportunidade de conectar-se à Internet, por exemplo, em áreas rurais e remotas onde o cabeamento não consegue chegar. A banda larga móvel seria a única solução para estas pessoas poderem fazer parte desta população de 32,9 milhões de internautas brasileiros (dados do estudo do Ibope Net/Ratings – fevereiro 2007) utilizando PCs, laptops e PDAs, com a tecnologia embutida.
Além da inclusão digital, a 3G é a evolução natural da telefonia móvel celular e provê inúmeras vantagens. A tecnologia amplia, de maneira significativa, a capacidade de transmissão de dados fixos e móveis, e é comparável à banda larga ADSL atualmente disponível no Brasil. O HSPA possibilita altas velocidades ao usuário (até 42 Mbps de downlink e transmissão de até 12 Mbps); aumento da capacidade de downlink entre 6 e 8 vezes; aumento da capacidade de uplink de 2.5 a 3 vezes; e redução de delay (tempo de resposta mais rápido com serviços interativos).
O mundo já está vivendo o HSPA e o Brasil não pode perder este momento. Todos os continentes possuem a tecnologia, totalizando 54 países e mais de 100 redes comerciais. Desse total, 42 redes são fornecidas pela Ericsson.
A iniciativa da Telemig Celular, de implementar a primeira rede HSPA no Brasil, deve impulsionar o mercado e motivar as operadoras a repensar seus investimentos, que estão longe de ser absurdos como se especula. O Brasil precisa entrar neste momento e viabilizar a evolução de nosso sistema celular para permitir a introdução de redes que ajudarão a levar a Comunicação para Todos. Isso não é apenas uma questão de adequar-se ao mercado mundial, mas uma questão de cidadania.
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