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Publicado: 12/09/05

 

A Telefonia Móvel vai remodelar o negócio da Indústria

Fonográfica no futuro.

 

Eduardo Prado

 

Trabalhos Publicados

Weblog: Smart Convergence

 

Se alguém falasse que a Telefonia Móvel iria alterar o Mercado de Música mundial, você diria o que? “Papo de maluco”, né. E pior ainda ainda. Qual seria então o papel das Emissoras de Rádio atuais neste novo cenário? Elas sobreviveriam? Na minha opinião, sim ... mas teriam – sem dúvida - que reorientar o seu business.

 

Desde que “Mundo é Mundo”, Rádio é Rádio (como também “Jornal - em papel - é Jornal” e será Jornal durante muito tempo. Veja o Jornal de Guttenberg e um pouco de cultura sobre Imprensa)

 

O pessoal de mídia deve andar de “cabelo em pé” pois a Telefonia Móvel está “cafugando no cangote deles”. Do not breeze on my neck, they are saying! Pois é vamos então ver mais uma grande transformação que a Telefonia Móvel vai fazer no mercado de música mundial. Um viva para ela!.

 

Durante muitos anos, os selos musicais têm controlado os direitos dos artistas na indústria fonográfica. Contudo, estamos percebendo que os aparelhos celulares estão alterando o jogo da distribuição, e as marcas e os artistas independentes têm um meio de alcançar os afoitos fãs diretamente.

 

A Web, e especialmente a Telefonia Móvel, está redefinindo as relações das pessoas com as músicas Enquanto os consumidores têm tentado esquecer sobre o (alto) preço dos CDs físicos nos últimos 10 anos, a música digital “desmaterializada” e a larga penetração dos players musicais (como player MP3 ou aparelho celular) estão mudando radicalmente as expectativas dos consumidores.

 

E aqui vai uma pergunta: Quando tudo estiver na forma de um arquivo digital armazenado e “travado” em um dispositivo, qual será o preço correto da música? Veja aqui sobre o mercado musical em: The Music Industry Part 01 and Part 02 do The Chilli.

 

Para termos uma idéia de como as coisas já estão, o número de trilhas de músicas digitais “baixadas” da Internet quase triplicaram na primeira metade de 2005 quando o uso das conexões em Banda Larga cresceram fortemente em todo o mundo (ver Downloading Triples do Dailywireless).

 

Paralelamente espera-se que o negócio de música no celular se torne gigantesco, com um mercado estimado mundialmente de 50 milhões de usuários em 2009 de acordo com um estudo do IDC liberado em JULHO 2005.

 

Além de trazer “dinheiro novo” (fresh money) para as Operadoras de Telefonia Móvel, o negócio de “baixar” músicas over the air (OTA) vai rejuvenescer a indústria de música e trazer novas oportunidades para o Segmento Musical (ver Downloading Triples e Media Phones Big Business do Dailywireless, Wireless Music Services To Be Huge: Study da Mobile Pipeline e Grooves On The Move: IDC Forecasts U.S. Wireless Music Market To Surge By 2009 do IDC).

 

Um caminho sem volta no Japão

 

Enquanto muitos selos musicais estão ainda se debatendo para encontrar a fórmula de entrar no mercado de música digital, o Japão achou a sua resposta. O mercado de Mobile Music neste país é um grande negócio.

 

Em 2004, a venda de música de CDs foram de 3.5 BUS$ enquanto as vendas de conteúdo móvel (i.e. pagamento de taxa para Provedores de Conteúdo, excluindo as taxas maiores de tráfego pagas para Operadoras) foram de 2.0 BUS$. Desta quantidade de 50 a 60% foi relacionado com música.

 

As gravadoras tradicionais estão bastante frustadas no Japão pelo fato da Mobile Music – principalmente ring tones – não gerarem “nenhum tostão” para elas desde que elas fazem uso apenas dos direitos autorais dos compositores e os estudantes - com baixa remuneração - estão tentando na produção dos ring tones se manterem fiel aos originais musicais com arquivos MIDI de 8 trilhas.

 

Quando foi introduzido em DEZ.2002 – veja só, há quase 03 anos – o Serviço Chaku-uta das Operadoras de Telefonia Móvel KDDI e Okinawa Cellular Telephone mudou as regras do jogo: como os direitos de extrair as canções originais estão sobre controle dos selos musicais, eles finalmente tinham a oportunidade de entrar no Segmento Mobile Music.

 

E para os clientes, raramente existiria volta. Depois de tentar um Chaku-uta como ring tone, a maioria recusou em adquirir outros polifônicos de baixa qualidade (ver Asian Music Downloads do Dailywireless).

 

Dois anos depois, Chaku-uta representa 20% das vendas de Mobile Music, equivalente a 200 MUS$ em vendas. Os outros 80% (aproximadamente 800 MUS$) corresponde a 2 bilhões de ring tones MIDI que ainda estão sendo vendidos.

 

A diferença é que com o Serviço Chaku-uta, as gravadoras estão conseguindo um melhor compartilhamento de receita (revenue share) até mesmo melhor que no caso dos CDs. Festa no arraial!. E a tal da pirataria? Neste business as gravadoras se livram dela desde que o conteúdo estejam protegido por DRM (Digital Right Management).

 

Que beleza, né? Os fabricantes de handsets já estão se preparando para lançarem aparelhos que suportem o DRM (ver Referências do Google sobre “Mobile Phones” + “DRM”)

 

Estamos começando a perceber que vai haver uma mudança no “Ponto de Operação” – papo de engenheiro, né? – do mercado musical no mundo. Quem viver verá!

 

Durante estes 02 anos, somente a KDDI – a segunda maior Operadora de Telefonia móvel do Japão com 20 milhões de assinantes comparada com a NTT DoCoMo com 50 milhões – fez o Serviço Chaku-uta compatível com todos os seus handsets.

 

O Serviço Chaku-uta ser um inesperado driver de mercado e trouxe uma terrível vantagem na retenção ou aquisição de novos clientes, levando a KDDI a mudar seu foco de marketing de uma Operadora de “download de vídeo” ou “GPS” para “Chaku-uta” poucos meses após o serviço ser lançado.

 

Como resultado, competidores como a NTT DoCoMo e a Vodafone se juntaram ao movimento “Chaku-uta”, e o mercado deste serviço deve crescer para 300 MUS$ em 2005, servindo a mais de 30 milhões de aparelhos Chaku-uta-enabled (aproximadamente 30% de penetração no mercado japonês).

 

Em 2007, quando a maioria dos fones no Japão se tornarão compatível com Chaku-uta em função do replacement dos handsets, o mercado será aproximadamente de 1.0 BUS$, igual ou maior a 1/3 do tamanho do mercado de CDs.

 

O que o usuário quer?

 

Confiança e conveniência.

 

Confiança: No caso de “confiança” significa que o Provedor de Serviços (ou o nome da marca) deve ter a confiança dos consumidores, para proporcionar um produto de qualidade superior. No caso de Mobile Music, quantos de nós temos experimentado fazer um download de um ring tone de média ou baixa qualidade?

 

Para os Provedores de Conteúdo, construir a confiança na qualidade dos seus produtos e – até melhor – no nome da marca será o elemento chave para suas sobrevivências quando o mercado mover-se de ring tones polifônicos para músicas propriamente ditas baseadas na cessão de direitos.

 

Isto já está começando no Japão e acontecerá em todo o mundo dentro de 12 a 24 meses, que será o tempo suficiente o bastante para as pessoas fazerem o upgrade dos seus handsets permitindo uma melhor experiência móvel, a rede de telefonia móvel evoluir para uma rede de alta velocidade, e os serviços evoluírem para modelos de negócios sustentáveis deixando de lado os modelos simples de pagar por download.

 

Os handsets devem ser superiores àqueles que têm conexão direta com os usuários finais; nenhuma conexão de banda larga nem conexão ao PC será necessária. Os usuários finais agradecerão.

 

Conveniência: Para a música móvel, os proprietários de iPods e outros produtos MP3 ainda precisam ter um PC e assinar um serviço de conexão de banda larga. Os telefones móveis – representam uma solução “combinada” que é superior pois eles têm conexão direta com os usuários finais; nenhum serviço de banda larga é necessário nem nenhum PC. Os usuários agradecem!

 

Esta vantagem foi mencionada pelo CEO da Operadora coreana KDDI no ano passado, e repetida por figuras reconhecidas da indústria como Bill Gates, um cidadão que ficou muito rico sem fazer coisa errada. Em adição ao preço da música propriamente dita, muitos usuários estão desejando pagar pela conveniência de tê-la em qualquer lugar.

 

Esta tendência que ocorre no Japão já começa a despontar em vários mercados do mundo. Similarmente com as lojas de música na Internet aonde o cliente economiza em não precisar se deslocar até uma loja física para adquirir um CD, os aparelhos móveis permitem que um usuário qualquer economize na compra de um PC e no gasto mensal de um serviço de conexão de banda larga.

 

A Mobile Music não será somente responsável por ter uma multidão de usuários casuais mas também em proporcionar um caminho mais curto e mais rápido para que os potenciais compradores possam exercer seus impulsos de compra visando o entretenimento.

 

Futuros Desenvolvimentos

 

Normalmente, para remodelar uma indústria inteira, uma reformulação na tecnologia fundamental tem que ocorrer. Uma revolução só ocorreu na indústria automobilística quando as células de combustível chegaram em massa. A indústria musical teve que esperar pela proliferação da Internet de banda larga para seus ativos tornarem-se óbvios.

 

Enquanto o futuro de mercado de CDs gravados parece sombrio, em alguns países o mercado de CDs já é visto mais como uma forma de promover um artista do que como uma fonte de lucro, a música já é vendida e será cada vez mais vendida no futuro via Internet mas este canal será seguramente usurpado pela Telefonia Móvel, primeiro, por que o usuário não precisa da conexão da rede e, segundo, por que o número de telefones móveis são maiores que o de PCs e também crescem a uma taxa bem maior que o número de PCs.

 

Algumas gravadoras já estão se movimentado nesta direção. A Warner lançou um “selo” para o mercado digital/móvel recentemente (ver Warner Music Group To Form Digital/Mobile Label da MoCo News) e a Universal está lançando um telefone próprio voltado para o mercado musical (ver Universal Music Group Gets A PhoneOf Its Own da MoCo News). Ambos movimentos ocorreram no final do mês passado.

 

Hoje no Japão, você encontra aproximadamente 90 milhões de telefones móveis para menos de 80 milhões de PCs; na China, tem-se 350 milhões de telefones móveis para 100 milhões de PCs.

 

Com o futuro da Mobile Music sendo bastante próspero, poderíamos colocar as seguintes questões:

 

Primeiro, Quando as pessoas estão comprando música, o que, exatamente, elas estão comprando?

 

E segundo, Quando as gravadoras estão vendendo música, o que, exatamente elas estão vendendo?

 

Embora não tenhamos respostas óbvias para estas perguntas agora, elas afetarão fortemente a indústria fonográfica quando a Mobile Music ganhar a larga adoção no mercado mundial.

 

Vamos repensar os valores do tempo das pessoas em paralelo com a TV?

 

Há 01 ano atrás um CEO de um grande canal da TV francesa explicou a essência do negócio da TV: “Existem muitas formas de falar sobre a televisão, mas do ponto de vista do negócio, a essência do nosso trabalho é ajudar a Coca Cola, por exemplo, a vender seus produtos”.

 

Isto pode parecer sem importância a primeira vista mas o CEO francês completou: “Para uma mensagem de propaganda ser percebida, os cérebros das pessoas têm que estar disponíveis. A regra dos nossos programas é fazer isto: entreter ... e relaxar o cérebro para prepará-lo entre as 02 mensagens.

 

O que nós estamos vendendo para a Coca-Cola no ´tempo disponível´ do cérebro.

 

Fazendo um paralelo com a Mobile Music: “O que aconteceria se o tempo das pessoas fosse realmente valorizado o bastante de tal forma que elas pagassem para escutar CDs na esperança de freqüentarem concertos e comprarem outros produtos associados ao artista?”.

 

Na China aonde os fãs de músicas podem conseguir um CD muito barato (em torno de US$ 1) em função de uma pirataria “desenfreada”, e até mesmo CDs oficiais são baratos (de US$ 2 a 4), este é o único caminho aonde dinheiro pode ser feito com a música.

 

A renda das Gravadoras fluem primariamente do endosso de concertos e produtos. Agora presenciamos que novos modelos de negócios encampados pela era digital também estão surgindo, com os Sites de Portais aonde artistas amadores estão colocando suas criações, e ajudando a eles serem (ocasionalmente) percebidos pelas Gravadoras que estão procurando – sempre – por talentos emergentes.

 

Finalmente, ao invés de ameaçar o negócio da música, a Internet fixa e móvel poderiam ser vistas como tremendas oportunidades para novos modelos de negócios.

 

No lançamento do celular da Motorola com iTunes da Apple no início deste mês, as empresas desapontaram o mercado desapontaram o mercado pois o aparelho celular não permite que seja feito o download de músicas over-the-air e apenas conectando-se a "loja do iTunes" via PC. Um exemplo a não ser seguido (ver Apple and Motorola disappoint with iTunes phone do Mobile Monday)

 

Referências:

 

Ringtonia

 

The first mobile phone in the world with iTunes . The Motorola ROKR E1 Apple iTunes phone, Engadet, 07.SET.2005 e iTunes Phone Unveiled, Dailywireless, 07.SET.2005

 

Motorola To Support Napster, MoCo News, 04.SET.2003

 

Microsoft Highlights Its Mobile Music Support, MoCo News, 03.SET.2005

 

T-Mobile to ship iTunes phone, Macworld, 02.SET.2005

 

T-Mobile gets cozy with Apple iTunes, Unwired, 01.SET.2005

 

Picking Up the iPhone Buzz, Business Week, 31.AGO.2005

 

New digital music labels could bring you tunes, Yahoo News, 31.AGO.2005

 

Mobile Music Still The Drawcard, MoCo News, 29.AGO.2005

 

Reinventing Radio: On Phonetags..., MoCo News, 29.AGO.2005

 

Motorola iTunes Phone, Dailywireless, 25.AGO.2005

 

Mobile Operators Switch Sponsorship To Music, MoCo News, 25.AGO.2005

 

Can Cell Phones Save the Music Business?, MoCo News, 25.AGO.2005

 

Cellular Podcasting Software, Dailywireless, 19.AGO.2005

 

Nokia’s Music Phone To Use iTunes?, MoCo News, 18.AGO.2005

 

Sprint to Offer Mobile Music Downloads, Dailywireless, 17.AGO.2005

 

Sprint Nextel To Launch Mobile Music Download Service, MoCo News, 16.AGO.2005

 

Music Downloads To Phones Dominate Japanese Market, MoCo News, 16.AGO.2005

Music on the move: music downloads and DRM, PC Pro, 15.AGO.2005

 

Walkman Vs iPod: The Times Online Verdict, MoCo News, 15.AGO.2005

 

Music mavens change tune, EE Times, 15.AGO.2005

Problems And Predictions Of Mobile Music: An Interview With Alberto Montesi, MoCo News, 15.AGO.2005

 

Yamaha wireless content bringing Best new ringtones to mobile subscribers, Phone Content, 09.AGO.2005

 

iTunes Phone, Dailywireless, 14.JUL.2005

 

Yahoo Music Service, Dailywireless, 11.MAI.2005

 

Nokia Multimedia Phones, Dailywireless, 27.ABR.2005

 

Real Music To Go, Dailywireless, 27.ABR.2005

 

MPEG-4 Lives, Dailywireless, 13.ABR.2005

 

Groovy Mobile Music, Dailywireless, 13.ABR.2005

 

Sprint Radio Goes National, Dailywireless, 04.ABR.2005

 

Big Media Mobilizes, Dailywireless, 25.MAR.2005

 

New Nokia & Sony Music Phones, Dailywireless, 01.MAR.2005

 

Music Phones from Sony, Dailywireless, 14.FEV.2005

 

Nokia Adds Mobile Music, Dailywireless, 14.FEV.2005

 

Real Faces Mobile Music, Dailywireless, 08.FEV.2005

 

Media Phones Big Business, Dailywireless, 19.JUL.2005

 

 

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