Em Debate Especial
Publicado: 01/10/2007
Cidade Digital: Um passeio pelo mundo
Parte 6
Eduardo Prado
8. Modelos de Negócios: Um pilar importante
Existem 03 pontos muito importantes na implantação de projetos de Cidade Digital, a saber: Modelo de Negócios, Aplicações e Serviços de Valor Adicionado, e Alianças Estratégicas.
Sobre alternativas de Modelos de Negócios, veja este artigo no Teleco: Cidade Digital: Modelos de Negócios que Sustentam o Empreendimento, 12.jun.2005.
A sustentabiliadde autônoma das redes de Cidade Digital é fundamental. Não existirá mais “filantropia” do mercado privado nestas redes. O mundo todo está atento e arredio a estas filantropias para satisfazer apenas a desejos políticos!
Nos EUA – país líder mundial dos projetos de Cidade Digital – um novo posicionamento está sendo tomando por players importantes em relação a estes projetos.
O integrador Earthlink – que estava presente em vários projetos nos EUA – está reconsiderando suas atividades nos projetos de Cidades Digital. Ver as referências: Earthlink Restructures, MuniFi Holds Breath, Dailywireless, Dailywireless, 28.ago.2007 e Houston Gets it’s Money Back from Earthlink, Dailywireless, 29.ago.2007. Um outro integrador chamado MetroFi está também reposicionando-se nos negócios de Cidades Digitais nos EUA. Veja mais sobre esta recente crise no mercado americando de Cidades Digitais aqui: American cities' plans for ubiquitous internet access are running into trouble, The Economist, 30.aug.2007; S.F. citywide Wi-Fi plan fizzles as provider backs off, San Francisco Chronicle, 30.aug.2007; City disconnecting from Wi-Fi vision, Chicago Tribune, 28.aug.2007; e Muni Wi-Fi: "The End of the Beginning", Tropos Network.
Veja mais sobre o que pensa o integrador MetroFi aqui: One model, two stories, Muniwireless, 06.set.2007.
Atualmente (após o caso da Earthlink em Agosto de 2007 nos EUA) existe uma tendência nos EUA de que cidades médias e pequenas continuarão a construir suas redes - talvez até mesmo numa velocidade menor de implantação - enquanto o mercado dos provedores de serviços ajustam-se à novas realidades. Mais redes de Cidades Digitais serão implantadas, mais poucas (ou muito poucas) focarão apenas no acesso residencial.
A tendência nos EUA está tornando-se mais evidente de que os provedores de serviços abondonem os projetos em grandes cidades e aonde existam políticos mais interessados nas suas carreiras políticas e muita publicidade nelas do que em realizações reais para as comunidades municipais. Os Modelos de Negócios que vão contar – como sempre deveria ter sido – serão aqueles perseguidos pelas próprias municipalidades – e não pelos provedores serviços. O que é novo agora é que a escolha de aplicações e serviços diferenciados é quem comandará o mercado, e não o Modelo de Negócio para os serviços dos consumidores que o provedor de serviços concordou em implementar.
O sucesso no futuro dos projetos de Cidades Digitais estará intimamente relacionado com a implantação de aplicações e serviços de valor adicionado nas comunidades.
Para conhecer mais sobre Modelos de Negócios de Cidades Digitais no mundo, veja estas referências: Finding The Best Business Model, Muniwireless, 15.jun.2007; Karl Edwards: Think small and alternative in 2007, Muniwireless, 05.jan.2007; The best business model [arquivo pdf], MuniWireless, Mai.2007; e Public Safety, Not Public Access, Muniwireless 12.jun.2007.
9. Aplicações e Serviços: Um grande diferencial do negócio
Aplicações e Serviços podem tornar-se pontos chaves na sustentabilidade do negócio das redes de Cidade Digital. Não é a toa que 04 das implantações de maior sucesso nos EUA (por exemplo, Corpus Christi, Texas; Buffalo, Minesota; Phoenix, Arizona e Providence, Rhode Island) incorporaram aplicações de Segurança Pública e/ou Monitoração de Vídeo. A razão é muito simples: uma vez que as Aplicações e Serviços produzam RoI (Return of Investment), eles tornam muito mais fácil o caminho para outros projetos como e-Gov e Inclusão Digital.
Algumas Prefeituras – no mundo e principalmente no Brasil - têm uma visão limitada do que poderia ser de fato uma rede de Cidade Digital. Pensam que uma rede de Cidade Digital é apenas o fornecimento de acesso da banda larga sem fio – seja ele para comunidade carente ou não – e o lançamento de um Portal de e-Gov. Nada nisso! Além do mais, para uma rede de Cidade Digital ter vida longa a despeito da mudança dos governantes municipais e/ou troca nos Partidos Políticos destes governantes, seria muito interessante que a rede fosse auto-sustentada economicamente.
Uma rede de Cidade Digital terá cada vez mais valor para uma comunidade municipal – e também “vida mais longa” – quanto mais Aplicações e Serviços de valor adicionado ela vier a incorporar.
Veja nestas referências alguns exemplos de aplicações de Cidade Digital: Municipal Wireless Access and Opportunity, Mark Myers, Cisco [arquivo pdf] e Automated Meter Reading / Wireless Broadband, Corpus Christi, Texas [arquivo pdf]. Outros exemplos de aplicações podem ser obtidos nos sites dos vendors de Tecnologia Mesh: Aplicações, Tropos Networks; Soluçoes, Belair Networks; e Soluções, Strix Systems.
Nós acreditamos muito em soluções de Atendimento Móvel à comunidade através da infra-estrutura de rede de Cidade Digital. Veja alguns exemplos aqui: Cidade Digital, "Você ainda vai ter a sua"!, Teleco, 11.abr.2005.
Finalmente, tem gente como Craig Settles – um consultor de Cidade Digital - que “vê o acesso público nas redes de Cidade Digital como o pilar mais fraco do negócio”. Ao contrário do acesso público a rede municipal de banda larga, Craig acredita que “as aplicações de força de trabalho móvel” serão o grande gerador de RoI do negócio municipal. Veja mais detalhes sobre isto nestas referências: MuniFi’s Weak Link: Public Use, GigaOM, 22.jan.2007; The Economic Development Impact of Municipal Wireless, Craig Settles, July, 2007 [arquivo pdf]; Applications Must Drive Muni Wireless Deployments, Killer Applications, 29.mai.2007; e A perfect match: How the marriage of WiFi and AMR could transform meter reading [arquivo pdf], Muniwireless, May 2007.
A seguir destacamos alguns exemplos de aplicações para Cidades Digitais, a saber:
[a] a cidade de Seattle utiliza a tecnologia da NetMotion Wireless para permitir o roaming entre policiais e bombeiros sobre a rede Mesh da Tropos Networks. Esta tecnologia pode permite o roaming para uma Operadora de Telefonia Móvel quando o usuário está fora do alcance da rede Wi-Fi;
[b] algumas outras aplicações implementadas nos EUA são aquelas que dão acesso a banco de dados de fotos, registro e fotos do DETRAN (DMV = Departament of Motors & Vehicles por lá), banco de dados de materiais perigosos, e video surveillance. Nos EUA empresas como On-Net Surveillance Systems, Data 911 e Sony concentram-se na área de video surveillance. Algumas aplicações são dirigidas as outros funcionários municipais tais como inspetores de prédios e engenheiros de tráfego que também têm acesso com roaming a aplicações municipais e de utilities (água, luz e gás). Aqui surge um ponto interessante no caso das grandes cidades brasileiras, a saber: os DETRAN´s, as CETs e as companhias de saneamento são estaduais e as empresas de energia elétrica e gás são privadas. Será que estes tipos de aplicações não seriam viáveis nas Cidades Digitais do Brasil? São sim, senhores ... apenas surge a necessidade de desenvolver parcerias com Governos Estaduais e iniciativa privada. Sacou?;
[c] um outro tipo de aplicação que está explorado nos EUA é aquele ligado a inspeção de prédios e land magament. A empresa Accela Wireless tem feito parcerias com uma série de empresas de soluções de Wi-Fi e de WiMAX de forma a facilitar a atividade dos inspetores de prédios quando eles estiveram nas ruas no exercício das suas funções. O software da Accela está sendo utilizado na cidade de Nova Orleans para reunir e rastrear informações sobre prédios e estruturas danificadas. Equipados com equipamentos móveis com interface Wi-Fi “rodando” a aplicação da Accela, os inspetores municipais são despachados para o campo para executarem suas inspeções. O GIS da Accela que é implementado na plataforma ArcIMS da ESRI, fornece mapas automatizados a partir de um banco de dados centralizado e como também fornece aos inspetores da Prefeitura, o acesso direto a todas as representações geográficas da utilização dos terrenos, informações de zoneamento, e informações da infra-estrutura associadas com autorização de “habite-se” e outras correlatas.
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