Em Debate
Publicado: 22/10/2007
WiMAX: "Brasil, mostra tua cara!"
Parte 2
Eduardo Prado
Por quê o espectro de 2,5 GHz é mais importante que o de 3,5 GHz para o WiMAX?
Primeiro, porque os dispositivos diferenciados de 2,5 GHz, a curto prazo, serão mais baratos e em maior escala que os de 3,5 GHz por causa do investimento que a SprintNextel e Clearwire estão fazendo nos EUA. Então para um melhor RoI no negócio de WiMAX, a freqüência de 2,5 GHz é muito melhor! (ver Entrevista do Aditya Agrawal, Diretor de Certificação do WiMAX Forum) na Revista de WiMAX [sob registro gratis] e WiMAX expected to open up mobile device market, WiMAX World USA 2007, RCR News, 27.out.2007 [um arquivo pdf]).
Segundo, porque a freqüência de 2,5 GHz é melhor para serviços de multimídia que a de 3,5 GHz.
Aonde as telcos e os provedores brasileiros estão errando na sua estratégia de WiMAX?
a. Em focarem unicamente na freqüência de 3,5 GHz! Esta freqüência pode ser utilizada para o WiMAX Móvel - como a Brasil Telecom já percebeu - mas não é nela que serão fornecidos os serviços diferenciados e, a curto prazo, com devices de baixo custo;
b. A banda de 2,5 GHz no Brasil é de 110 MHz (Resolução no. 419) enquanto a banda total adquirível de 3,5 GHz no Edital suspenso pelo TCU é de 49 MHZ. Veja que, espertamente, a Telefônica adquiriu com a TVA e agora tem banda de 2,5 GHz nas capitais: Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Isto é que é uma visão de estratégia! (ver O papel estratégico da faixa de 2,5 GHz no provimento de banda larga móvel no Brasil, Teleco, co-autoria de Luciano Rodrigues, 11.set.2006). Por aqui o pessoal de TV pode continuar “gritando” mas vai passar uma “boiada”!;
c. Também estão errando em não fazerem um trabalho forte com a comunidade brasileira e autoridades governamentais mostrando que a ANATEL e o Governo Federal estão prejudicando o desenvolvimento da banda larga móvel no país. É necessário uma atuação mais forte neste sentido! Uma pergunta que não quer calar: será que nenhuma Associação de Consumidores poderia processar o Governo Federal pelo atraso que ele está provocando na massificação da banda larga móvel no País? É apenas uma pergunta ... não sou advogado!;
d. Na falta de aprofundamento do que está acontecendo com WiMAX no mundo e para que realmente serve (e servirá) o WiMAX. Existe muito desconhecimento estratégico no mercado brasileiro sobre o assunto!!!
Os vendors de WiMAX estão perdendo dinheiro?
“Coitados” dos vendors de WiMAX! Estão perdendo – e vão perder – muito dinheiro com a indefinição reinante com esta tecnologia no Brasil por causa da ANATEL e do Governo Federal.
Primeiro foram os pequenos provedores de WiMAX Nomádico. Quanto este pessoal gastou de dinheiro fazendo Projetos Pilotos com as Telcos brasileiras nos últimos 03 anos? Uma baba! Eu não sou sou Barrichello. Deviam ter dito para as telcos!
Moral da estória: (a) quem tinha banda de 3,5 GHz como a EMBRATEL e a Brasil Telecom não querem mais ouvir falar do Nomádico, e (b) quem não tinha banda de 3,5 GHz como a TELEMAR e as Operadoras Móveis não puderam comprar banda de frequência pois o leilão está parado desde 2006 como vimos acima. Aqui temos uma exceção: a Telefônica deve estar “se lixando” – pelo menos a curto prazo - para a banda de 3,5 GHz. Hoje ela tem o “filet-mignon” da banda de 2,5 GHz através da aquisição da TVA.
Por outro lado, que tem equipamentos de WiMAX Móvel em 2,5 GHz – como Motorola, Nokia-Siemens, Samsung, Alcatel-Lucent e Nortel – não conseguem vender estes equipamentos pois as empresas de MMDS com banda de frequência de 2,5 GHz não têm “musculatura financeira” para grandes investimentos com exceção da TVA como destacado acima.
Que penúria então para os vendors de WiMAX é o mercado brasileiro, não é?
A Parks – a 1ª empresa brasileira a investir no desenvolvimento nacional de WiMAX – já avisou recentemente que está tomando prejuízo (Parks diz que investiu US$ 1 mi em WiMAX e ainda não teve retorno, TI Inside, 11.set.2007). Qual o estímulo que teremos para novas empresas investir no desenvolvimento de equipamentos no País, se não existe uma política clara (de curto, médio e longo prazo) de banda larga móvel? Esquece!
E agora José? Quanto o País está perdendo de novos investimentos e de impostos (o muito caro Pão Nosso de cada dia!)? Muito dinheiro! Todo mundo está perdendo muito dinheiro!
Por que não apostamos em Associação de Banda Larga Móvel?
É uma pergunta apenas!
Hoje temos algumas associações muito envolvidas no assunto do WiMAX no Brasil tais como ABINEE, ABRAFIX e Telcomp mas não acreditamos que nenhuma delas está focada adequadamente no assunto de banda larga móvel do País.
Por quê? Simplesmente, por que WiMAX é uma tecnologia com características técnicas bem diferentes das tecnologias fixa, móvel e de banda larga fixa atuais, a saber: Nomádico e Móvel, Espectro de Frequência diferente, OFDM e OFDMA, MIMO, Beamforming, Alocação de Banda Mínima e Adequada, NLOS, QoS entre outras).
Acreditamos que o mais adequado para o WiMAX ter uma massificação mais rápida no Brasil seria necessário a criação de uma Associação de Banda Larga Móvel focada nesta tecnologia! Aposte apenas, se quiser. Senão vamos continuar “chupando dedo e vendo o mundo progredir neste nicho!”
Entre alguns dos objetivos desta nova Associação – mais representativa para a banda larga móvel - poderíamos ter:
E finalmente enquanto a coisa tá assim por aqui, o MiniCom investe em WiMAX na terra do Lula (Garanhuns) no agreste nordestino: Garanhuns ganha rede WiMax para conexão em banda larga, Computerworld, 10.out.2007.
Como diria Lula: “A vontade de fazer associada à vontade de trabalhar, consegue o impensável” ... então dá para fazer algo melhor pelo WiMAX no Brasil, não dá? É só querer, minha gente!
E adaptando os versos de Cazuza na música Brasil citada acima: “Só me convidaram, Prá esta festa pobre” do WiMAX no Brasil!
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