Em Debate Especial O setor de Telecom no Brasil em 2008
Publicado em: 14/01/2008
O 3G chegou no Brasil!
Parte 1
Eduardo Prado
Consultor
Pode anotar no seu caderninho: Vai iniciar-se uma nova era no mercado de telecomunicações brasileiro com o encerramento do Leilão de 3G em 21.dez.2007 ... O Leilão foi um grande sucesso no Brasil! Governo arrecagou 5,33 BR$ e teve um ágio global de 86,65% em relação ao preço mínimo fixado de 2,8 BR$.
As principais telcos móveis competiram fortemente e vão dividir uma cobertura nacional bastante interessante. A Nextel ”ciscou, ciscou” e não levou nada (apenas ajudou a subir fortemente o ágio no 1º dia do Leilão).
Teve um executivo de uma telco dizendo: “O que gastamos a mais com o ágio para aquisição das licenças, dava para ter comprado a Nextel”. A Claro foi a operadora que mais investiu com 1,426 BR$, seguida da TIM, com 1,324 BR$, da Vivo com 1,147 e da Oi com 867 MR$. A Brasil Telecom investiu apenas 488 MR$.
A ANATEL disponibilizou neste Leilão as frequências de 1,9 GHz e 2,1 GHz nas bandas J, F, G e I. A banda F terá maior capacidade de transmissão, pois é mais larga (30 MHz, contra 20 MHz das demais bandas) (ver Edital de Venda de Licenças de Terceira Geração, Convergência Digital).
Veja abaixo o detalhamento de quem adquiriu espectro de 3G no Leilão recente da ANATEL:
Link ANATEL: Preços das Compras das Licenças.
Algumas constatações deste Leilão de 3G:
[1] Pela voracidade das telcos móveis na participação do mesmo, concluimos que a Banda Larga Móvel vai ser um grande negócio no Brasil. Uma pena que o Governo Federal ainda não acordou para o WiMAX. O que acontecerá agora com o Leilão de 3,5 GHz de WiMAX? Será que a ANATEL ainda vai deixá-lo “dormindo” ou quer ganhar mais dinheiro com Banda Larga Móvel neste País?;
[2] A Claro, TIM (a menos do Triângulo Mineiro) e a Vivo agora têm cobertura nacional em 3G;
[3] A Oi foi o destaque no aumento da competição na Telefonia Móvel. Ela entrou em São Paulo (área Metropolitana e Interior);
[4] Um fato já esperado: a Oi não entrou na área da Brasil Telecom e vice-versa. Quando será que elas vão se unir? A BrT foi a mais comedida das 05 grandes telcos móveis em novos investimentos (apenas 488 MR$);
[5] A Telefonia Fixa e a Banda Larga Fixa vão perder mercado. A velocidade com que isto vai ocorrer vai depender da política de preços dos serviços de 3G. Como 04 grandes telcos (Telefônica, BrT, Oi e EMBRATEL) têm negócios de banda larga fixa (Speedy, BrTurbo, Velox e Virtua respectivamente) pode acontecer um “acordão” e elas não “pisarem no acelerador” e as suas móveis correspondentes (Vivo, BrT, Oi e Claro) não praticarem uma política agressiva de preços de 3G. Um fato a ressalvar aqui é que a TIM não tem banda larga fixa e, portanto, estaria – em princípio – fora deste “acordão”! A conta que faço é a seguinte: por que um usuário vai pagar R$ 136,00 [R$ 45,00 de assinatura de telefone residencial + R$ 69,00 (serviço de 1 Mbps) + R$ 12,00 (provedor de internet)] se ele pode adquirir o serviço de 1 Mbps da Claro por R$ 99,90 (ou R$ 69,90 para 500 Kbps) e ainda ganhar a mobilidade? Agora imagine se o preço do serviço de 3,5G cair para R$ 50,00 ou abaixo? O estrago vai ser bem grande;
[6] A cobertura de 3G vai capturar novos assinantes em áreas aonde a Banda Larga Fixa não se mostrou rentável. Isto vai significar um aumento de receita para as telcos móveis.
Benefícios da Banda Larga de 3,5G no Brasil
Os benefícios do 3G no Brasil são – no mínimo – os seguintes:
[1] Oferta de Serviço Móvel em todos os 5.564 municípios brasileiros em 02 anos, alcançando 17,3 milhões de habitantes que ainda não têm telefone celular;
[2] Redução do preço dos serviços de voz por causa da nova receita dos serviços de banda larga;
[3] A Banda Larga móvel vai competir com a Banda Larga Fixa, melhorando este serviço e reduzindo os preços em geral.
A Claro e a TELEMIG saíram na frente nos serviços de 3G
Antes do Leilão de 3G acima – respaldadas pela ANATEL (ver Anatel aprova 3G nas freqüências de 850 MHz a 1,9 Ghz, Convergência Digital, 31.out.2007) – a Claro (Novembro = Brasília, Recife, Fortaleza e Porto Alegra e Dezembro = São Paulo e Rio de Janeiro) (ver 3G acirra disputa entre móveis e fixas por banda larga, Convergência Digital, 13.nov.2007) e a TELEMIG (ver 3G da Telemig Celular já está funcionando, IT Web, 09.nov.2007) lançaram serviços de HSDPA (3,5G) em 850 MHz que aos poucos vai sendo desocupada pelos clientes de TDMA. A Brasil Telecom – por enquanto - está testando a tecnologia HSDPA (ver Brasil Telecom testa 3G em 1,8GHz, Convergência Digital, 07.nov.2007).
No caso da Claro, a operadora oferta de Serviços Banda Larga Móvel, seja pelo próprio celular ou através de modems específicos para computadores. A tecnologia utilizada pela Claro é uma rede HSDPA, cuja velocidade nominal de download pode chegar é de 3,6 Mbps e upload de 384 Kbps. Durante 2008, a Claro pretende ampliar sua oferta de download para 7,2 Mbps.
Um ponto interessante: várias telcos móveis no mundo (p. ex., Vodafone, T-Mobile) estão apostando em 3G para conexão de dados seja para o consumidor final ou mercado corporativo. Não conhecemos grandes exemplos de outras aplicações no mercado corporativo. A Claro já busca novos nichos de negócios ... ela já está pensando em utilizar o 3G na área de segurança patrimonial (ver aqui Banda larga móvel vai rentabilizar rede 3G da Claro, TI Inside, 20.dez.2007).
Veja aqui alguns serviços de 3G nas telcos móveis pelo mundo afora: Mobile Broadband Success Stories using HSPA, GSA, 11.out.2007 [sob registro grátis].
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