Em Debate
Publicado em: 11/02/2008
Convergência no 3G
Eduardo Prado
Consultor
O HSDPA está espalhando-se pelo mundo a uma velocidade assustadora e a sua penetração associada a sua capacidade de banda larga vai estimular o desenvolvimento da Convergência Fixo-Móvel.
O HSDPA, como banda larga móvel, tem o apoio de uma indústria forte e de operadoras bem estabelecidas pelo mundo afora. Também pelo fato de que um upgrade de uma rede de 3G ser mais barato do que implantar uma rede de WiMAX Móvel é natural que seu progresso tenha apoio de vários players incluindo-se aqui Órgãos Reguladores de Telecomunicações.
O hype Convergência Fixo-Móvel (FMC = Fixed Mobile Convergence) tem reemergido fortemente nos últimos 2 anos depois de algum tempo de badalação. Embora exista muito blá-blá-blá não existe uma definição clara de FMC, mas - na sua essência - ela ajuda a possibilitar serviços convergentes através de ambientes de telefonia fixa, telefonia móvel e Internet. As características específicas das implementações de FMC variam entre os diferentes players de mercado.
Os players de telefonia fixa e banda larga desejam utilizar as soluções FMC para aumentar a variedade de serviços nos seus pacotes bundle. Eles consideram que os serviços móveis são particularmente importantes e posicionados sob o pretexto do quadruple play (isto é, pacote de telefonia, vídeo, banda larga e serviços móveis).
Os players de serviços móveis utilizam a FMC para acelerar a substituição do serviço móvel convencional utilizando tecnologias de LAN tais como Wi-Fi para melhorar o serviço e a performance da rede em ambientes residenciais e corporativos.
Os diferentes interesses de Operadoras de Telefonia Fixa, Telefonia Móvel e Provedores de Banda Larga criaram modelos divergentes e conflitantes de FMC. Isto cria dificuldades para os players interessados em desenvolver estratégias de FMC e, particularmente, trazem desafios para os provedores de serviços integrados desenvolverem estratégias de FMC pois devem gerenciar conflitos organizacionais internos na formulação das soluções de FMC para o mercado.
As tecnologias que têm despertado grande atenção para FMC são aquelas centradas em soluções de rede tais como Unlicensed Mobile Access (UMA) e IP Multimedia Subsystem (IMS). Estas soluções – particularmente aquelas baseadas em IMS – são ainda imaturas e muitos provedores que almejam aumentar suas ofertas de serviços estão conduzindo Projetos Pilotos.
Isto pode estar provocando a falta de foco nas ofertas de serviços FMC e aumentando o espaço para potenciais competidores como o Skype. Existem também algumas ofertas de FMC baseadas na tecnologia de Wi-Fi. De 01 ano para cá, tem surgido tem tomado força no mercado uma nova alternativa que são as Femtocells (pequenas estações rádio-base residenciais e corporativas).
A FMC tem sido largamente comandada pelo lado do fornecimento e pela demonstrativa ausência da demanda de mercado residencial e corporativo – com exceção de voz, aonde os usuários esperam que a FMC oferte melhor performance e serviços mais baratos. O sucesso das soluções de FMC dependem em última instância da demanda do mercado residencial e corporativo.
Os provedores de serviços devem estabelecer estratégias distintas para endereçar cada um destes mercados pois os requisitos dos usuários residenciais são diferentes daqueles dos usuários do mercado corporativo. E como ainda não é claro quais serviços FMC (além de voz) vão se perpetuar, os provedores de serviços devem focar na criação de aplicações amigáveis de rede e na infra-estrutura de entrega do serviço de forma que eles possam responder às aplicações e serviços emergentes criados por terceiros (como o Skype, Google e Yahoo).
O Analista de Indústria de telecom Heavy Reeading afirma que 60% dos provedores de Telecom esperam que os serviços de FMC aconteçam em 2012 (ver Fixed-Mobile Convergence Reality Check, Heaving Reading). Com esta espécie de momentum parece inevitável a necessidade de se investir em FMC mas até mesmo esta inevitabilidade tem seus desafios. A tecnologia baseada em IP ainda precisa manipular diversos tipos de mídia por que um número cada vez maior de dispositivos móveis estarão transmitindo vídeo como também voz e dados.
Os serviços de FMC têm que ser agnósticos em relação a mídia. Além disto, os serviços FMC também deverão acoplar os usuários móveis do mercado corporativo ofertando features de PABX para os handsets móveis, tais como voice mail integrado, encaminhamento de chamadas, chamadas abreviadas como também um conujunto das funcionalidades de um telefone fixo. Ainda é necessário, que o pessoal de TI (Tecnologia da Informação) dos provedores de serviços trabalhem em conjunto com os fornecedores de PABX para transferir algumas funcionalidades dos telefones fixos para os handsets móveis.
Devem ser fornecidos handsets com personalidades duais (fixo e móvel) para os usuários do mercado corporativo de forma que eles continuem utilizando seus aparelhos móveis para uso pessoal quando estão fora do trabalho ou de férias. Existem ainda muitos desafios a serem trilhdaos para ofertar serviços FMC ao mercado corporativo.
Ver esta referência sobre FMC: Review of the Regulatory Framework for Fixed-Mobile Convergence in Hong Kong [pdf file], Ovum, 26.apr.2006
Quem está ofertando FMC?
British Telecom
Um dos primeiros produtos de FMC do mundo foi o BT Fusion da operadora britânica British Telecom.
O BT Fusion é um produto FMC voltado para o mercado residencial cuja estratégia principal é ofertar uma hub fixa quando o aparelho móvel está na cobertura da residência.
A 1ª tentativa da BT foi lançar um produto em 1999 que era um serviço baseado em um aparelho DECT/GSM chamado Onephone mas esta tentativa falhou. Em 2003, a BT começou com seu projeto de Bluephone, baseado em Bluetooth e GSM, mas enfrentou uma série de atrasos. Em 2005, a operadora lançou o produto BT Fusion baseado em Wi-Fi e GSM utilizando a cobertura de telefonia móvel da Vodaphone desde que a BT é uma operadora de telefonia fixa apenas.
O BT Fusion é projetado para que seu handset móvel trabalhe como um telefone padrão GSM quando ele está fora do ambiente residencial mas quando o usuário entra da região residencial (home zone) o aparelho móvel conecta-se a uma hub da BT através de uma UMA baseada em Wi-Fi. As chamadas são então roteadas via banda larga e as chamadas de telefonia fixa para o Reino Unido são oferecidas em tarifas comparadas àquelas padrões de telefonia fixa da BT.
Da perspectiva do usuário, o objetivo do BT Fusion é proporcionar chamadas mais baratas quando o usuário está na região residencial. Quando o usuário está fora da região residencial, o aparelho funciona como um telefone móvel convencional, mantendo a vantagem de se utilizar o mesmo aparelho (e seu address book) para ambas as conexões fixa e móvel.
Conheça mais sobre o BT Fusion aqui nas Referências do Google.
T-Mobile
A operadora americana de telefonia móvel T-Mobile (do grupo alemão Deutsche Telekom) lançou seu produto de FMC chamado HotSpot@Home em Junho de 2007 quer requer um aparelho de telefonia móvel que suporta ambos acessos Wi-Fi e telefonia móvel padrão.
O software embutido no aparelho permite que um usuário chegue na sua residência falando através de um rede de telefonia móvel e tenha a chamada comutada (cheveada) para VoIP através de uma rede Wi-Fi. O produto da T-Mobile também utiliza a tecnologia UMA semelhante ao BT Fusion.
Ver estas referências sobre o HotSpot@Home (Review: HotSpot@Home means the emergence of convergence, Computerworld, 16.jun.2007; T-Mobile launches nationwide converged Wi-Fi, cell service, Computerworld, 27.jun.2007; T-Mobile UMA Goes National, Dailywireless, 27.jun.2007; T-Mobile’s UMA Demoed, Dailywireless, 07.ago.2007 e Hotspot@Home Phone, Dailywireless, 10.dez.2007).
Sprint
A Sprint inovou em Setembro de 2007 anunciando seu produto de FMC. Foi a 1ª operadora no mundo a utilizar uma oferta de FMC baseada na emergente tecnologia Femtocell ao invés do Wi-Fi.
Femtocell é uma pequena estação radio-base residencial e é projetada para resolver o problema do sinal fraco de telefonia móvel nas residências em algumas regiões. A tecnolgia Femtocell é uma alternativa ao Wi-Fi e permite uma melhor qualidade do sinal.
Ver estas referências sobre o produto de FMC da Sprint (Sprint Announces Convergence of the Cell Phone and Desk Phone with Sprint Wireless Integration, Press Release, 14.dez.2006; Sprint: Femtocell at Home, Dailywireless, 17.set.2007; e Sprint launches home cells to boost signals, Computerworld, 18.set.2007).
Clearwire
A competição já começa a “bater na porta das telcos” ... a busca de oportunidades no nicho de FMC não é só privilégio das telcos como mostramos acima. O maior provedor de WiMAX dos EUA, Clearwire, também está querendo atuar neste segmento.
A Nortel Networks do Canadá assinou contrato recentemente com a Clearwire para odertar uma solução completa de VoIP para o mercado residencial dos EUA. A solução da Nortel irá proporcionar uma infra-estrutura fim-a-fim de VoIP para os usuários residenciais do provedor da banda larga móvel americano.
Ver esta referência sobre a oferta de VoIP da Clearwire/Nortel (Nortel + Clearwire = VoIP, Dailywireless, 22.jan.3008).
Femtocell: Um componente importante na FMC
O futuro da convergência FMC em 3G passará pelas pequenas ERBs para o mercado residencial ou corporativo chamadas Femtocells. As Femtocells poderão revolucionar o serviço de telefonia móvel dirigindo o tráfego de telefonia móvel através da conexão de banda larga convencional. Esta alternativa tecnológica será o grande competidor do Wi-Fi nas soluções de FMC. O que significa Femto? Ver aqui.
As Femtocells são geralmente utilizadas para aumentar a cobertura indoor das redes 3G. Ao contrário do Wi-Fi, os pontos de acesso de baixa potência com esta tecnologia operam em espectro licenciado e vão conectar os telefones móveis convencionais. As conexões banda larga de ADSL ou cabo são utilizadas para infra-estrutura de backhaul.
Desta forma, as Femtocells serão uma excelente alternativa em 3G para quem tem operadora fixa e móvel ao mesmo tempo. No Brasil, “cai como uma luva” para telcos como a Oi, Brasil Telecom e Net/EMBRATEL. Pode ajudar também a Vivo “no dia que ela se entender” com a Telefônica!
A tecnologia Femtocell tem algum as vantagens sobre a UMA e outras telcnologias dual-mode das soluções FMC. Todos os componentes para instalação de uma Femtocell estão presentes atualmente em muitas residências e escritórios: um telefone móvel 3G e uma conexão IP de banda larga para backhaul. Ao contrário do Wi-Fi, o consumidor não precisa fazer upgrade para um celular caro e dual-mode que consome muita bateria suportando o Wi-Fi.
Com a tecnologia Femtocell o aparelho 3G convencional pode ser utilizado de forma simples. A UMA utiliza espectro não-licenciado e pode sofrer interferências deteriorando a qualidade do sinal. A Femtocell utiliza especetro licenciado 3G e podem alavancar estruturas robustas de canais assegurando a boa qualidade da conexão de voz. O seamless handoff (chaveamento) de uma célula macro da rede móvel para uma Femtocell e vice-versa já está assegurado quando o núcleo da rede móvel é solicitado para executar esta função.
Além da Sprint que lançou seu produto de FMC utilizando tecnologia da Samsung no 2º semestre do ano passado, várias operadoras estão procurando avidamente esta tecnologia. Ver estas referências do Unstrung: Vodafone CEO Seeks Cheap Femtos, 19.jul.2007; Is AT&T Putting Out Femto Feelers?, 16.jul.2007; Vodafone RFP Fuels Femtocells, 05.jul.2007; FT Preps Femtocell RFP, 03.jul.2007; Softbank Trials Femtocell, 02.jul.2007; Sprint Goes Femto With WiMax, 23.abr.2007; Verizon Goes Femto?, 09.jan.2008; TeliaSonera Preps Femto Trial, 21.jan.2008; e T-Mobile Trials Femtos, 21.jan.2008.
E o assunto não pára por aí ... o Google – que não é bobo – está também investindo na start-up Ubiquisys de Femtocell (Google Invests in Femocell Company, Dailywireless, 20.jul.2007 e Nokia, Ubiquisys Team Up, Unstrung, 31.jan.2008).
A tecnologia Femtocell já tem até seu Forum (The Femto Forum) que conta com a partcipação de grandes vendors e operadoras tais como: Alcatel-Lucent, Motorola, NEC, Nokia Siemens Networks, PCCW Mobile HK Limited, Pirelli Broadband Solutions, Telefónica O2, Thomson, Unwired Australia, UTStarcom e ZTE (Femto Forum Expands, Dailywireless, 06.nov.2007).
Para conhecer mais sobre a tecnologia Femtocell e sua evolução no mercado veja as referências: Why Femtocells?, Wireless Net Design Line, 28.jan.2008; 3G & WiMax Femtocells: The Operator View, Unstrung, 31.jul.2007; e Femtocells Brace for Big 2008, Unstrung, 14.jan.2008 - (Eduardo Prado é Publisher da Revista de WiMAX).
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