08/01/2009

Em Debate Especial

A Importância da Banda Larga Rural (Por quê e Como)

 

Parte 1

 

Eduardo Prado

Consultor

 

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O Brasil pode creditar a sua integração em Telecomunicações à figura do grande empreendedor General José Antônio de Alencastro e Silva (criador do Sistema Telebrás e presidente da holding em seu período áureo, ou seja, de 1974 a 1985) e às empresas do Grupo Telebrás, a EMBRATEL (criada em 1972) e aos Satélites Brasilsat (cujo 1º lançamento data de 08 de fevereiro de 1985). Hoje em dia não se discute mais a integração em telecomunicações no nosso país mas, na era da Internet, torna-se mandatório uma nova integração: a Integração através da Banda Larga (BL). E nesse tópico, o Brasil é muito pobre! A taxa de penetração da BL no nosso país gira em torno de uns minguados 9,8%. Precisamos de um “novo General Alencastro” que faça da BL uma “Prioridade Nacional” e integre as áreas urbanas e rurais do nosso país! (ver Demografia do Brasil, Wikipedia; Mapa da Distribuição da População Brasil – Censo 2000; Mapa da Distribuição da População Urbana – Censo 2000).

 

A Banda Larga (BL) atualmente é um fator muito importante no desenvolvimento econômico de uma nação (ver A Banda Larga incrementa o desenvolvimento econômico?, Teleco, 11.ago.2008). O recém-eleito Barak Obama considera que “estender o acesso da BL para todos os americanos é um dos pilares do seu plano de recuperação econômica” (ver Obama Outlines Broadband Plan, Dailywireless, 08.dec,2008). Enquanto isto, o Governo do Nosso Guia (segundo Elio Gaspari) que acreditava que a crise “seria uma marolinha que não dava nem para esquiar” já injetou BR$ 363 na economia brasileira (ver Sob crise, governo já injetou R$ 363 bi na economia, Blog do Josias de Souza, 21.dez.2008) e ... vai ter que injetar bem mais em 2009.

 

A disseminação da BL nas regiões remotas e rurais é (e também será) muito importante na alavancagem de uma nação com vistas a um estágio na Economia Digital (ou “Nova Economia” como denomina o ITIF = Information Technology and Innovation Foundation ... ver a referência  The 2007 State New Economy Index  sobre a metodologia sobre como aferir uma “Nova Economia”).

 

Dona Dilma acredita que o fornecimento das infra-estruturas de BLs de satélite e da tecnologia 3G poderão ajudar na Inclusão Digital das áreas rurais do Brasil. Será que é só isto o que precisamos de BL no Segmento Rural? Estamos falando apenas de infra-estrutura de BL em áreas remotas. E todo o resto mais? Seguem alguns questionamentos que podem auxiliar na crença da nossa Ministra, a saber: Ok ... o Governo Federal disponibiliza as infra-estruturas de satélite e de 3G e como a comunidade rural vai comprar o microcomputador para acessar a Internet? E como esta mesma comunidade vai ser treinada em capacitação digital para utilizar o microcomputador na BL? Qual a proposta de programa de e-Learning rural do Governo Federal? Ela existe? Quais as aplicações de E-Gov pensadas pelo Governo Federal para o Segmento Rural? O Governo Federal já pensou em pedir a ajuda à ANATEL para estimular o uso de BL sem Fio (como o WiMAX) nas áreas rurais? Não seria interessante? (A Comissão Européia vê como positivo a utilização do WiMAX em áreas rurais! Quais os planos da ANATEL para fazer uma reengenharia do espectro de freqüências com vistas a uma maior disseminação do WiMAX no Segmento Rural? Quais os planos do Governo Federal para a integração dos idosos na Internet? Nossa gente acho que tá  bom, não tá? Existe um grande equívoco quando alguma Nação pensa que estimular a disseminação da BL é apenas fomentar a infra-estrutura de rede! E o estímulo da demanda de BL como fica? Conheça mais deste assunto aqui no Teleco: Estimulando a demanda na Banda Larga, 13.out.2008.

 

Dados de penetração, preços, velocidades e utilização de Internet têm sinalizado como as nações no mundo têm promovido a competição, encorajado o investimento e trabalhando juntamente com o setor privado para aumentar a conectividade de BL. As estatísticas de cobertura e os dados de taxa de penetração mostram que os provedores e os governos têm dados passos largos estendendo a BL às áreas rurais e remotas. Os serviços de satélite estão disponíveis em várias áreas remotas, em borá eles tendam a ser bem mais caros que outras tecnologias de acesso. Muitos governos têm implementado Políticas de agregação de demanda de BL para trazer a conectividade para as áreas rurais. As conexões de Internet em alta velocidade sem fio ou móvel que têm sido ofertadas em número cada vez maior, constituem-se em uma importante opção de conectividade para os usuários (ver Broadband Growth and Policies in OECD Countries, OECD Ministerial meeting on the Future of the Internet Economy, Seoul, 17-18 June of 2008).

 

Existem ainda substanciais diferenças no acesso e utilização de BL em várias nações. O nível de competição entre os provedores de serviços de Internet variam entre os diferentes países e também entre as áreas rurais e urbanas dentro de cada país. Os preços do acesso à Internet em alguns mercados permanecem altos e os usuários podem ter uma escolha muito limitada de provedores de BL. Os elaboradores de Políticas de BL podem fazer mais para promover uma competição eficiente em alguns mercados. Vários Governos têm escolhido focar em uma competição baseada em infra-estrutura que deve criar um ambiente de mercado competitivo e que proporciona incentivos de investimento para provedores e incumbentes competitivos. Os Governos que têm baseado-se historicamente no unbundling para a estimular a competição (ver A Competição no Mercado de Banda Larga, Teleco, 08.set.2008), precisarão avaliar o papel do unbundling das redes de próxima geração (p. ex., FTTx e DOCSIS 3.0) (ver European Commission launches public consultation on fiber networks, Muniwireless, 22.set.2008), o que também deveria facilitar a competição baseada em infra-estrutura de rede. Além disso, existem problemas específicos com a BL em vários países. Apesar do número de conexões em áreas rurais estar aumentando, os aspectos qualitativos das conexões urbanas variam significativamente quando comparados com aqueles nas áreas rurais.

 

A conectividade de BL tem melhorado muito, mas ainda existem grandes diferenças entre as áreas urbana e rural. As tecnologias sem fio terão certamente um papel importante na oferta de conectividade para algumas destas áreas mas a curto prazo existirá mais demanda na disponibilização de fibra de alta capacidade para alcançar de forma mais abrangente possível estas áreas com o objetivo de alimentar as conexões sem fio. Os governos das nações precisam assegurar que todos os cidadãos terão acesso a redes de BL de alta velocidade.

 

As condições geográficas (p. ex., massa total de superfície, dispersão geográfica da população e tipo de terreno) podem certamente aumentar o custo inicial de conectar áreas para acesso de Internet em alta velocidade. Por exemplo, proporcionar infra-estrutura de backbone entre as principais cidades e as áreas remotas pode ser mais difícil em países geograficamente grandes com populações dispersas (p. ex., Brasil e Austrália). Pode ser mais fácil para provedores em países com pequenas áreas de superfície ou com áreas urbanas altamente concentradas para conectar todos os usuários e, estes países, são frequentemente os primeiros a alcançarem altos níveis de cobertura com as novas tecnologias de acesso. Por exemplo, a penetração de FTTP e FTTC em Luxemburgo (o menor país da Europa) já alcançou o nível de 80%. A dificuldade do tipo de terreno também pode ser um fator fundamental, até mesmo em países pequenos como a Suíça, que tem uma grande número de montanhas e com vilarejos remotos.

 

Apesar destes desafios, um grande número de países possuem redes abrangentes de BL. Um bom exemplo disso é o Canadá (Área = 9,98 milhões de Km2, População = 33,5 milhões de habitantes) que apesar de maior geograficamente que o Brasil (Área = 8,51 milhões de Km2, População = 190,3 milhões de habitantes) que tinham virtualmente todas as residências nos centros urbanos e 78% das residências nas áreas rurais atendidas em BL no final de 2006. (ver CRTC Telecommunications Monitoring Report, Canadian Radio-television and
Telecommunications Commission, July 2007).

 

A geografia pode ainda ser um fator que afeta as taxas de penetração de BL, apesar das baixas correlações encontradas nas análises dos países da OECD (ver OECD Communications Outlook 2007). A maioria dos assinantes de BL dos países da OECD recebem seus serviços através de redes que foram construídas antes do desenvolvimento da tecnologia ADSL e dos modems a cabo. As operadoras tiveram que atualizar seus equipamentos para proporcionar o serviço de BL sobre as linhas existentes, mas o básico, as redes de última milha já estavam amplamente instaladas. Neste caso, o nível de competição, preços e um número de variáveis sociais são os mais importantes parâmetros para a alavancagem da BL (sobre as tecnologias atuais) que a cobertura de BL. Contudo, a geografia se tornará um elemento muito importante na implantação e alavancagem das redes de próxima geração baseadas em fibras óticas. Grandes países com populações dispersas e morando longe dos grandes centros das cidades podem inicialmente ter menores níveis de penetração que os seus pares devido as dificuldades econômicas de expandir os serviços de próxima geração para as áreas rurais e remotas. Condições geográficas também influenciarão nas decisões das operadoras decidirem ou não sobre projetos economicamente viáveis.

 

As conexões de BL fixas oferecem conexões mais rápidas e preços mais baixos em Mbit/s quando elas são disponíveis. Contudo, existem ainda muitas comunidades que não têm acesso a infra-estrutura fixa de BL. A medida que a demanda de Internet em comunidades rurais tem crescido, tem existido uma variedade de desenvolvimentos em BL sem fio. O acesso BWA (Broadband Wireless Access) tem tornado-se disponíveis em algumas áreas rurais mas estas redes têm atendido apenas um pequeno percentual de assinantes. Duas exceções seriam operadoras na República Tcheca e na Eslováquia, por exemplo, que utilizam BWA para acessar residências. A República Tcheca utiliza a tecnologia CDMA 450 que atende a 34% das conexões de BL do país.

 

Por causa do seu alcance, a conexões sem fio de Internet utilizando a tecnologia 3G será cada vez mais importante como tecnologia complementar de acesso de BL à opção fixa. A grande maioria das redes 2G estão sendo atualizadas para a tecnologia 3G nos próximos anos. Vários países com extensas áreas rurais tipicamente têm uma excelente cobertura 3G em lugares aonde as pessoas vivem. Recentes pesquisas mostram que os assinantes de telefonia móvel estão migrando para a tecnologia 3G tão logo as redes estejam disponíveis. (ver Communications Report 2008, Ofcom, United Kingdom e Can Telcos Live Without IPTV?, Dailywireless, 28.nov.2008). Ataualmente, a cobertura de 3G já é muito grande em vários países do mundo.

 

A tecnologia de acesso de BL com a mais ampla cobertura geográfica é o satélite. Os satélites geo-estacionários podem fornecer BL sobre áreas geográficas muito grandes. As conexões anteriores de BL por satélite exigiam um caminho de retorno em linha fixa (upstream data) mas os terminais atuais já podem transmitir e receber dados utilizando a mesma infra-estrutura (ver Broadband Connectivity and the Role of Satellite Solutions to Address the Digital Divide, European Satellite Operators Association submission to the OECD via BIAC, June 2007). O satélite tem de fato uma grande cobertura geográfica mas a utilização do mesmo como tecnologia de acesso de BL só tem valor para poucos países devido ao alto preço da mesma comparativamente com as outras tecnologias de acesso. As conexões de satélite são utilizadas para backhaul e para conexões de usuários em áreas rurais ou remotas e constitui-se um elemento vital quando não existe um outro meio de acesso disponível.

 

A disponibilização de BL em áreas remotas e rurais é foco de vários países no mundo que têm desenvolvidos programas e estratégias para expandir a cobertura de BL nestas áreas não servidas. Um bom exemplo disto é o Programa Piloto canadense BRAND (Broadband for Rural and Northern DevelopmentPilot Program) de 2002 que foi criado para trazer conectividade para “First Nations, Northern and Rural Communities”. O BRAND investiu em 154 projetos representando aproximadamente 2.285 comunidades. O BRAND foi concluído em 20 de março de 2007 (Site Arquivado do BRAND).

 

A Inclusão Digital tem sido foco  de vários países no desenvolvimento de BL em áreas rurais. Novas promissoras tecnologias como o WiMAX e PLC (Power-Line Communication) ainda não tem um papel significante nestes desenvolvimentos de BL. Cabo, ADSL e satélite e várias tecnologias BWA são ainda as tecnologias focadas no fornecimento de BL em áreas rurais. Em particular novas tecnologias de ADSL que aumentam a distância da transmissão de dados têm representado um papel importante neste cenário.

 

O WiMAX foi inicialmente promovido como uma tecnologia chave para áreas rurais. A Clearwire nos EUA lançou seu serviço de BL sem fio em 50 mercados menores (tier 3) em 16 estados americanos (ver referências do Dailywireless: Clearwire: Let’s be “Clear”, 01.dec.2008; e  Clearwire-Sprint: Done Deal, 28.nov.2008). Contudo, as maiores implantações de WiMAX estão cobrindo áreas metropolitanas que são bem atendidas pela tecnologia ADSL. Alguns operadores de redes estão escolhendo trabalhar com o WiMAX Móvel (padrão IEEE 802.16e) para ambientes urbanos densos ao invés de trabalhar como WiMAX Nomádico (padrão IEEE 802.16d) que é capaz de alcançar maiores distâncias. Por exemplo, a KTC da Coréia do Sul lançou o seu WiMAX Móvel (chamado WiBro) em Seul em 2006 (ver Voice Added to WiBro, Dailywireless, 29.dec.2008). Existem alguns operadores que estão utilizando o WiMAX em áreas rurais. A maior telco americana – a AT&T - já manifestou seu interesse em utilizar WiMAX em áreas rurais (ver AT&T: We Like WiMAX, Dailywireless, 01.aug.2008). Alguns elaboradores de Políticas de BL estão também observando um número tecnologias sem fio emergentes para conectar usuários em altas velocidades. Estas tecnologias incluem as opções LTE (Long Term Evolution) da família GSM ou as redes móveis 4G (padrão IEEE 802.16m do WiMAX Móvel) (ver 4G: End of the Beginning?, Dailywireless, 23.jul.2008). Uma outra tecnologia recebendo uma boa atenção desde 2004 é o PLC mas o número de assinantes de BL em PLC ainda é muito pequeno. A Dinamarca tinha 98 assinantes de PLC no final de 2006 enquanto os EUA tinham aproximadamente 5.000 em Junho do mesmo ano. A tecnologia pode ainda ser promissora para áreas rurais, mas ela ainda não tem tido um impacto representativo de penetração nos últimos três anos.

 

De fato, os usuários em áreas rurais estão enfrentando uma desvantagem de acesso de BL cada vez maior em relação a seus pares urbanos. No início dos tempos de BL, uma conexão rápida de Internet era grosseiramente cinco vezes mais rápida que as conexões discadas (dial-up) disponíveis nas áreas rurais. As velocidades têm aumentado para quase todos os assinantes de BL à medida que as tecnologias evoluem mas não para aqueles que utilizam as conexões discadas. A diferença entre as áreas rural e urbana continua a crescer. Em 2005, a conexão discada representava 40% de todas as conexões fixas de Internet da OECD. Em 2004, a velocidade média de ADSL anunciada na OECD era de 36 vezes mais rápida que uma conexão discada padrão. Contudo, em 2006 esta velocidade tinha subido para 160 vezes mais rápida que uma conexão discada padrão. Isto tem criado problemas para aqueles que estão ficando para trás através dos seus modems discados desde que os provedores de conteúdo estão sofisticando o conteúdo e serviços nos seus sites para atender as demandas de consumo das áreas urbanas. Existe a preocupação que esta disparidade pode ficar cada vez mais acentuada, e contribua cada vez mais, para o aumento da exclusão digital. A Comissão Européia constatou recentemente que velocidades de download entre 144 Kbit/s e 512 Kbit/s tem sido as mais comuns nas áreas rurais nos últimos dois anos. Em contraste, velocidades mais comuns nas áreas urbanas estão próximas de 1.000 Kbit/s. Esta Comissão também tem concluído que existe uma clara tendência no aumento das velocidades de download das áreas urbanas, enquanto as velocidades das áreas rurais tendem a permanecer constantes (ver The Commission's "Broadband for all" policy to foster growth and jobs in Europe: Frequently Asked Questions, European Commission, 21.mar.2006).

 

 

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