13/07/2009

Em Debate Especial

Web 2.0 e Telecomunicações

 

 

Eduardo Prado

Consultor

No Brasil, além de termos um ação ineficiente em relação a regulação das  comunicações (aqui temos alguns exemplos ... o próprio Governo Federal insatisfeito com a eficiência da ANATEL: MPF cobra mais eficiência da Anatel, Teletime, 20.mar.2009 ... aqui a eterna lenga-lenga da frequência de 2,5 GHz: Decisão do 2,5 GHz é adiada por 20 dias, Teletime, 21.mai.2009 ... e mais uma recente do próprio Governo Federal insatisfeito com o que ele acha sobre o retrocesso de Telecom no País: Sardenberg se diz indignado com críticas de procurador, Teletime, 28.mai.2009) e uma ausência de planejamento e de visão estratégica de médio e longo prazo para Tecnologia, Comunicações, Internet e Banda Larga do Legislativo e Executivo (aqui temos um exemplo do Executivo  ... Crimes Cibernéticos: Lei pode ser votada sem posição do Governo, Convergência Digital, 22.mai.2009 ... temos também uma engraçada do Ministro das Comunicações na contramão de uma tendência mundial ... Juventude tem que "despendurar" da Internet e voltar a ver TV, diz ministro, Teletime, 20.mai.2009) em relação aos temas acima, parece-nos que alguma coisa começa a mudar um “pouquinho” no que se refere a regulamentação do audiovisual. Ver aqui um episódio recente: "A banda larga é inexorável. A infraestrutura vai estar aí. Temos que imaginar o mundo novo muito mais rápido do que vocês estão imaginando", advertiu os radiodifusores o deputado Paulo Henrique Lacerda (PMDB-CE) por conta da tramitação do famoso PL 29 (ver Radiodifusores atacam: "Internet pode ser predatória", Convergência Digital, 21.mai.2009).

 

Nós, consumidores, não somos culpados do marco regulatório do audiovisual ser caduco e de que a tecnologia de comunicações evoluiu (e evolui) muito e, rapidamente. Nós queremos sim ... Vídeo da Internet e Vídeo no Celular!!! Não custa nada lembrar aos nossos Reguladores, Legisladores e Executores, que o conteúdo em vídeo será o must do consumo dos próximos 05 anos. Acho que o Nosso Cara tem razão: “Nunca na história deste País vimos isto! (ver  Cisco Visual Networking Index: Global Mobile Data Traffic Forecast Update, Cisco, 29.jan.2009  e  A explosão de demanda de vídeo nas redes de Internet Fixa não é nada comparada ao que será a demanda por vídeo nas Redes sem Fio, Network World, 04.feb.2009). Mais aqui ... uma entrevista com o executivo de mídia John Malone do grupo Liberty Media: Liberty Media’s John Malone: Video Will Be Everywhere, but Someone’s Got to Pay for It, All Thinks Digital, 27.may.2009.

 

O vídeo vai ser um importante componente da Web 2.0 e nas suas evoluções futuras. Mas o que vem a ser a Web 2.0? A expressão foi usada pela primeira vez no final de 2004, para nomear uma conferência sobre a nova etapa de compartilhamento e interatividade na Internet. O evento foi organizado pelo americano Tim O'Reilly. No início, muitos contestaram o uso dessa expressão. Para esses críticos, não havia nenhuma grande novidade tecnológica que justificasse o seu uso (o inventor da Internet Tim Berners-Lee acha que é Web 2.0 é apenas um jargão: developerWorks Interviews: Tim Berners-Lee, IBM, 22.aug.2006).

 

Hoje essas vozes perderam força. Um conjunto de avanços trouxe velocidade aos sites, facilitou o seu uso e, mais importante, possibilitou que os usuários participassem da criação de conteúdos. A Web 2.0 exibe hoje como seus principais trunfos sites como YouTube, Facebook, Flickr, Twitter e Wikipedia, alimentados com conteúdo dos internautas. É uma mudança e tanto em relação aos primeiros anos da rede. Conheça mais sobre a Web 2.0 aqui: Web 2.0 no Wikipedia, What Is Web 2.0 O´Reilly Media  e  The State of Web 2.0, Social Computing Journal, 02.apr.2006.

 

Nas comunicações, o SMS e a TV Participativa (tipo Big Brother) ofereceram as primeiras oportunidades para os consumidores criarem conteúdo ao invés de apenas consumirem. Este envolvimento começou a acelerar com a chegada da Web 2.0 em 2004/2005. Sua popularidade foi alavancada pela coincidência de dois grandes desenvolvimentos que ocorreram naquela época. O aumento da presença no mercado dos dispositivos de captura de mídia e o crescimento da banda larga residencial.

 

É geralmente percebido que o termo Web 2.0 descreve a evolução natural da Web. O termo representa a mímica da convenção da nomenclatura para pacotes de software, aonde a segunda versão do produto é frequentemente conhecida como 2.0.

 

Em termos amplos, os principais ingredientes da Web 2.0 são:

A incrível penetração dos dispositivos de captura de mídia tais como câmeras digitais, webcams, câmeras de vídeo digitais, e talvez de forma mais importante, os handsets de telefonia móvel com a funcionalidade de captura de vídeo automático, têm motivado fortemente o interesse no compartilhamento de vídeo. Em 2008, de dez aparelhos celulares vendido na Europa, seis possuíam câmera digital (um aumento de 20% em relação a 2005) e relação ao uso de webcams, 26% dos computadores possuíam uma, o que representa um aumento de 45% em relação a 2005.

 

Respondendo os sinais emergentes destas tendências dos consumidores, uma variedade de aplicações tem sido desenvolvidas para facilitar o upload de mídia na Internet para consumo de grandes audiências. Abaixo temos uma descrição resumida de uma pequena seleção das mais populares destas aplicações Web 2.0, que variam de aplicações relativamente simples (como blog e atualização de fotos) até poderosas ferramentas de produção para computadores desktops que permitem a propagação de material de vídeo automático, captura e execução de material gravado, a saber:

 

Site de Aplicação Web 2.0 Funcionalidades
Blogger.com Blogs criados pelo usuário, incluindo texto, fotografias e hyperlinks.
Wikipedia.org Enciclopédia criada pelo usuário
Fickr.com Compartilhamento de fotografias
Myspace Social networking, permitindo upload de música, texto e fotografias
YouTube.com Compartilhamento de vídeo
Livestream
(anteriormente conhecido como Mogulus.com)
Difusão de vídeo pré-gravado e ao vivo permitindo a captura e inserção de pacotes de vídeo pré-gravados.
BlogTV.com Difusão de vídeo pré-gravado e ao vivo
Ustream.tv Difusão de vídeo pré-gravado e ao vivo

 

O impacto de ampliar a participação na criação de conteúdo gerado pelo usuário pode ser visto pelo crescimento de seis vezes de Outubro de 2003 até Outubro de 2006 no número de artigos consumidos no Wipidedia, com cada artigo tornando-se mais rico com o tamanho médio de entrada variando de 500 bytes a 1 Mb no mesmo período. A comunidade de “produtores` no Wikipedia tem crescido significativamente desde que o site foi fundado, chegando a perto de 40.000 usuários no mundo com a contribuição de pelo menos cinco edições por mês em Outubro de 2006.

 

Através do universo de conteúdo gerado pelo usuário, o volume de material carregado nos sites Web 2.0 é substancial. Em adição aos 1.845 novos artigos aparecendo diariamente no Wikipedia, temos 3.744.000 novas fotos carregadas no Flickr e 65.000 novos vídeos carregados no YouTube. Assumindo que um  tamanho médio de um clip carregado no YouTube seja de 30 segundos, 542 horas de vídeo são carregadas no YouTube todo dia o que significa que temos a duração de ano de vídeo sendo carregado no YouTube a cada 16 dias!

 

No meio da crescente popularidade dos sites de conteúdo gerado pelos usuários, existem sinais nos EUA que as grandes empresas de mídia estão capitalizando seu conteúdo no YouTube. A CBS tem carregado a quantia notável de 2.059 clips desde que inaugurou seu canal no YouTube em meados de 2006. Ela hoje desfruta do primeiro lugar em popularidade de canal com 117 milhões de views desde o primeiro conteúdo. Os dados de outras empresas de mídia são: Universal com 87 milhões de views, RCA com 45 milhões de views, NBC com 60 milhões de views, entre outras menos cotadas. Com várias redes americanas ofertando atualmente programações de episódios completos nos seus próprios sites, o material carregado no YouTube tende a ser pequeno e promocional, sugerindo que as grandes empresas de mídia dos EUA estão utilizando o YouTube como meio de promover seu conteúdo e capturar audiências para seus próprios websites.

 

O fortalecimento das empresas de Web 2.0 no cenário de telecomunicações pode significar uma ameaça para os tradicionais provedores de serviços de Telecom (que podem se transformar em meros fornecedores de “pipes”) a menos que estes comecem a transformar suas organizações, seus modelos de negócios, processos e infraestruturas para prestação dos serviços (ver Web 2.0 meets Telecom, IBM, 2008). No recente Congresso Mobile World Congress, Barcelona, 16-19 February, 2009 ficou cada vez mais claro que as Operadoras de Telefonia Móvel conhece cada vez menos o seu cliente comparado aos novos entrantes de Internet (Google, Yahoo, Facebook, MySpace, etc ... ver Facebook aims to market its user data bank to businesses, The Guardian, 01.feb.2009) e - uns poucos - network vendors (Nokia ... ver Nokia Unveils Ovi Store; “It Knows You And Adds The Things You Like”, MoCo News, 16.feb.2009) e vai precisar de novos nichos para aumentar o seu ARPU. Um grande nicho para as cellcos pode ser a exploração de aplicações Web 2.0.

 

Algumas Cellcos - já sacaram "how deep is the hole" - procuraram em Barcelona novas amizades na área de Social Networking (Social networks are telcos' new best friend, Reuters, 20.feb.2009). Conheça mais sobre esta dobradinha aqui nesta matéria do Teleco: Telefonia Móvel & Social Networking: Um Casamento de Futuro, 13.abr.2009. Veja aqui notícias sobre um evento recente de Web 2.0: O’Reilly Where 2.0: 2009, Dailywireless, 21.may.2009 e também uma numerologia recente sobre os sites de Social Networking: The Fastest Growing Social Sites, Mashable, 20.apr.2009.

 

E o futuro de evolução da Web hein? Bastou, porém, uma reportagem publicada em 2006 no jornal americano The New York Times (ver Entrepreneurs See a Web Guided by Common Sense, 12.nov.2006) para que a Web 3.0 virasse discussão obrigatória em blogs e publicações especializadas. A Web 3.0, conforme foi batizada, é a última fronteira, pelo menos até agora, da sociedade da informação. A internet funciona hoje, apesar de todos os seus avanços, como um imenso catálogo, que obriga as pessoas a fazer um certo esforço para extrair sentido de seus documentos. Já a Web 3.0, sonham os pesquisadores, será capaz de tirar conclusões dessa imensidão de páginas e dar respostas objetivas às mais variadas perguntas.

 

Se as pesquisas tiverem sucesso, a rede poderá indicar, como se fosse um especialista da área, a escola mais adequada ou o investimento mais conveniente para o usuário. Ninguém precisará fazer pesquisas, ler uma infinidade de sites e tirar as suas próprias conclusões. Terá apenas de questionar a rede, que fará esse serviço e dará uma resposta direta à sua pergunta. A máxima da Web 3.0 é o Know It All!  Os pesquisadores estabelecem que a Web 1.0 existiu de 1989 a 1999, a Web 2.0 tem sua década de 2000 a 2009 e a Web 3.0 de 2010 a 2019 (ver Blog Minding the Planet sobre a Web 3.0). Conheça aqui um pouco de como a Web evoluirá: How the WebOS Evolves?, Minding Planet, 09.feb.2007.

 

 

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