03/11/2009
Em Debate:
Banda Larga na Saúde
Eduardo Prado
Consultor
Uma idéia simples de como Estimular a Demanda em Banda Larga
O Governo sul coreano forneceu subsídios para 1.000 institutos privados de treinamento em toda a nação com o objetivo de treinar as donas de casa (motivo: elas fornecem educação básica para seus filhos), afim de estimular a demanda por BL nas residências. Neste plano, o Governo ofereceu o programa Cyber 21 para ofertar cursos de treinamento de 30 horas com duração semanal para as donas de casa por apenas US$ 30.00. Nos primeiros 10 dias, nada menos de 70.000 mulheres matricularam-se nos cursos (ver Miracle workers: In just five years, South Korea has shown the world what the broadband future looks
like, The Guardian, 17.out.2002).
Atualmente discute-se muito a Banda Larga (BL) no Brasil. Esta discussão está muito centrada apenas em infraestrutura de BL. No âmbito desta discussão (ou disputa) temos Rogério Santanna do Ministério o Planejamento (e seu exército de “soldados de cabelos brancos” da TELEBRÁS) de um lado, apoiado pela Casa Civil (ver Plano Nacional de Banda Larga começa a tomar forma, Cristina De Luca, 31.out.2009), e as telcos brasileiras do outro lado, apoiadas pelo Ministério das Comunicações.
Neste momento parece que ninguém está pensando (ainda, esperamos!) em como a BL vai auxiliar no aumento dos baixos índices de alfabetização do país (ver Pnad 2008: Brasil não avança no combate ao analfabetismo, O Globo, 18.set.2009), em como a BL vai auxiliar na minimização dos roubos de medicamentos na Saúde no país (ver Família
é presa e acusada de comandar esquema de roubo e venda de remédios a 20 estados e ao Distrito Federal, O Globo, 18.set.2009) e, em como a BL vai reduzir os índices de violência no país (ver Não há política nacional de segurança
pública, Blog do Marcelo Itagiba, 22.jul.2009).
Aqui é bom destacar que não estamos falando em termos de acesso de BL a escolas, hospitais e delegacias de polícia e sim na utilização da BL para implementação de serviços de valor adicionado nas áreas de Educação, Saúde e Segurança.
A Saúde brasileira tem atualmente 03 grandes problemas: (1) falta de investimento adequado; (2) gestão de informações e (3) perdas (ortodoxas do tipo expiração da data de validade de medicamentos e não ortodoxas do tipo roubo de medicamentos). Do ponto de vista de gestão de informações apenas, um município não tem hoje conhecimento preciso de quantos oncológicos ou diabéticos ele possui.
Em termos de investimentos, os R$ 50 bilhões investidos pelo governo na Saúde em 2007 e o valor semelhante investido em 2008 representam o mesmo gasto por pessoa custeado pelo poder público no início dos anos 90 (ver
Estudo mostra que investimentos em saúde no país são os mesmos de 15 anos atrás, NoMinuto.com, 14.mar.2008).
Para piorar a situação, a população do mundo e do Brasil está ficando mais velha (ver A slow-burning fuse, Special
Report on ageing populations, The Economist, 27.jun.2009 e IBGE: Terceira idade se aproxima do número de jovens no Rio, o que indica que população deve diminuir, O Globo, 10.out.2009). Isto significa que a demanda por serviços de Saúde tende a aumentar e a BL pode ajudar ainda mais este setor. Na Espanha este assunto também está causando preocupações: ¿Una generación sin pensiones?, El País, 02.nov.2009.
Atualmente existem no Brasil uma série de Software Aplicativos (Serviço de Valor Adicionado) voltados para o segmento de Saúde aonde destacamos o produto NexTSaúde. A Saúde é uma das áreas de maior foco dos gestores modernos, por tratar diretamente da vida da população e, portanto um serviço de valor adicionado de Saúde tem que agregar benefícios consideráveis a todos os níveis operacionais e estratégicos, onde podemos citar alguns destes, a saber:
Criação de Políticas e ações baseadas em situações reais;
Redução dos atendimentos a pacientes nas Unidades de Urgência, através de melhoria nas ações e no atendimento preventivo e primário;
Controle sobre demanda reprimida para consultas e exames em cada região georeferenciada do Estado/Município permitindo acompanhar o perfil de atendimento da população;
Gestão efetiva sobre o encaminhamento de pacientes ao Hospital e Unidades Especializadas;
Gestão integrada com toda a rede sobre políticas comuns (Compras, Regulação, Leitos, alto custo);
Segmentação e adoção de políticas de controle e monitoramento para pacientes crônicos;
Acompanhamento (Indicadores pactuados em tempo real, Indicadores da atenção básica em tempo real, Produção das unidades, Indicadores gerenciais das unidades e micro regiões; e Informações em diversos níveis).
A seguir destacamos algumas funcionalidades disponíveis em um Serviço de Valor Adicionado Típico de Saúde para cada um dos integrantes nos processos do sistema:
Pacientes:
Prontuário Único;
Acesso aos Históricos de atendimento e resultados de exames;
Recebimento de medicamentos na residência;
Planejamento e monitoramento dos pacientes crônicos;
Acesso a Call Center para atendimento e orientação;
Agendamento online;
Eliminação das Filas.
Médicos:
Prontuário on-line;
Protocolos padronizados;
Agenda online;
Prescrição Eletrônica;
Lista de Pacientes;
Leitos disponíveis;
Lista de medicamentos.
Postos de Saúde, Laboratórios, Clínicas e Hospitais:
Agenda médica online e controle de consulta;
Envio de SMS;
Prontuário online;
Controle de leitos e ambulâncias;
Controle de Pacientes;
Controle de processos cirúrgicos.
Fornecedor/Indústria:
Sistema integrado de pedidos, entregas e controle de estoque;
Controle de logística.
A BL oferece uma grande promessa na área médica, particularmente devido ao custo galopante dos serviços médicos modernos, equipamento de diagnóstico de alta tecnologia, a disstância entre as áreas rurais e os hospitais especializados, e o envelhecimento cada vez maior da população como vimos acima.
A BL também habilita uma série de tecnologias para monitoração remota dos pacientes. Devido a procastinação dos pacientes, idade, isolamento, ou distância, algumas vezes os pacientes não procuram contato regular com os médicos e não buscam serviços médicos apropriados a não ser exista uma emergência médica. Dispositivos e sistemas inovadores de monitoração de saúde permitem que os médicos monitorem remotamente pacientes de alto risco como também sua pressão sanguínea, pulso, e outras medidas através da BL.
O progresso dos pacientes pode ser monitorado remotamente e a intervenção pode ser feita antes que a crise ocorra. Estas tecnologias atuais de monitoração através da BL tem um impacto muito grande na redução dos custos dos serviços de saúde (ver Joint Advisory Committee on Communications Capabilities of Emergency Medical and Public
Health Care Facilities, Report to Congress, 04.feb.2008.
A magnitude dos benefícios de BL em Saúde é altamente dependente da velocidade da conexão de BL. A transmissão de grandes arquivos de imagens e diagnóstico, a utilização de vídeo de comunicação em dois sentidos para facilitar a monitoração remota dos pacientes, e particularmente as aplicações de alto consumo de banda como tele-cirurgia, requerem uma utilização maciça de BL que não está disponível hoje no Brasil, mesmo em pequena escala (temos alguns casos isolados de implementação de fibra FTTH).
A BL de alta capacidade pode não somente reduzir os custos dos serviços de saúde modernos, como também melhorar a qualidade do atendimento e qualidade de vida daqueles que não residem nos grandes centros urbanos.
Um estudo publicado em 2005, estima que a utilização da BL nos EUA mais extensivamente no cuidado de pessoas idosas e pessoas com deficiências poderia resultar em redução de custo e ganhos de produtividade de pelo menos MUS$ 927 até 2030 (ver Great Expectations: Potential Economic Benefits To The Nation From Accelerated Broadband
Deployment To Older Americans And Americans With Disabilities, New Millennium Research Council , Robert Litan, December 2005).
O estudo destaca que os benefícios ocorrerão em 3 áreas principais, a saber: (1) na redução direta dos custos de saúde; (2) na prorrogação ou eliminação da necessidade de um atendimento institucionalizado; e (3) habilitando a participação de uma força de trabalho ampliada. Vários outros estudos têm concluído que a utilização de BL em Saúde pode reduzir drasticamente os custos do atendimento.
Um destes estudos mostra que os custos de hospitalização média de pacientes diabéticos que contam com atendimento de telemedicina através de BL pode cair de US$ 232.000,00 para US$ 87.000,00 (ver Advancing Health Care Through Broadband: Opening Up a World of Possibilities, Internet Innovation Alliance, Neal Neuberger, October 2007).
Um outro estudo concluiu que monitoração remota de condições de saúde poderia reduzir o número de visitas no setor de emergência em 40%, cortar os custos de admissão nos hospitais em 63%, e reduzir o número de dias de internação nos hospitais em 60% (ver Broadband Initiatives: Enhancing Lives and Transforming Communities, Alliance for Public Technology, November 2007).
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