03/11/2009

Em Debate:

 

Banda Larga na Saúde

 

Eduardo Prado

Consultor

Parte 2

 

 

 

A tremenda promessa de um serviço de saúde baseado em BL pode ser severamente reduzida se temos que utilizar a capacidade de poucos megabytes de transmissão. Uma parte crucial da eficiência de serviços de telesaúde é a capacidade de transmitir imagens médicas.

 

A título de exemplo, se utilizarmos uma taxa de transmissão de 200 Kbps, gastaríamos um dia inteiro para fazer o download de 10 minutos de um clip de vídeo de diagnóstico. Nas velocidades típicas de BL fixa (tipo ADSL), gastaríamos em torno de 3 horas - pois o ADSL é tipicamente assimétrico (velocidades de upload são bem menores que velocidades de download) -  para o paciente ou seu médico local fazer o upload das imagens para um hospital com a facilidade de ADSL apenas.

 

No caso da utilização de um serviço de FTTH (em 100 Mbps) que tem transmissão simétrica, gastaríamos apenas 3 minutos. Ver mais estas duas referências interessantes sobre o assunto: California Broadband Task Force Report, Final Report of the California Broadband Task Force, January 2008  e  Ubiquity Requires Redundancy -  The Case for

Federal Investment in Broadband, Mark Lloyd, Science Progress, 18.jan.2008.

 

Vimos como é importante a implantação de BL de alta velocidade (próxima geração) para implantação de serviços de telesaúde. No Brasil, a discussão atual de BL está focada em disseminar a 1ª geração de BL apenas. Uma pena! Ao contrário do que está sendo feito no Brasil, muitos países têm abraçado um Dual Approach, isto é, promover a massificação do acesso de BL da 1ª geração de BL (tipo ADSL) e ao mesmo tempo promover o acesso da próxima geração de BL (tipo fibra, FTTH) para grandes partes da população em curto e médio prazos.

 

 

A seguir destacamos alguns países que estão trabalhando com o Dual Approach para a implantação de BL, a saber:

 

Finlândia


O Plano Nacional de Ação do Governo finlandês para a melhoria da infraestrutura da sociedade de informação, estabelece que por volta de 2010 toda residência permanente, empresa permanente e os órgãos do Governo terão acesso a uma rede de BL com taxa média de download de 1 Mbps.

 

O Plano finlandês tem uma ambição maior de médio prazo, na aposta na fibra óptica e em redes de cabo permitindo conexões de 100 Mbps disponíveis a uma distância de 2 Kms para 99% das residências e  empresas permanentes e, órgãos da administração pública por volta de 2015 (ver Government Resolution: National Plan of Action for improving

the infrastructure of the information Society, Government of Finland, 4 December 2008). Recentemente, a Finlândia tornou-se o 1º país do mundo a tornar a conexão de banda larga um direito legal de todo cidadão (ver Finland:

Broadband is a Right, Dailywireless, 20.oct.2010).

 

Parece até coisa do Governo do Nosso Cara (tipo Nunca na história deste país) mas esta primazia o Nosso Cara perdeu pois seu Governo tem sido muito pobre no tema Banda Larga!

 

Alemanha


A Estratégia de BL do Governo alemão adota um modelo estratégico similar de dois passos, com disponibilização universal de pelo 1 Mbps para toda a Alemanha até o fim de 2010, e uma disponibilidade menos ambiciosa de 50 Mbps em 75% das residências por volta de 2014 (ver The Federal Government's Broadband Strategy, Federal Ministry of Economics and Technology, February 2009).

 

França


Desde Outubro de 2008 quando lançou seu plano de BL chamado Digital France 2012, a França originalmente incluiu o serviço universal de BL com a capacidade mínima de 512 Kbps como ênfase foco e primeiro alvo. Desde aquela época, um novo Ministério foi criado e os alvos foram reorientados em termos de fibra óptica e definição de novas aplicações de BL, como também, o suporte para a convergência fixo-móvel (ver Preparing ‘Digital France 2012’, epractice.eu, 29.oct.2008  e  Digital France 2012, Eric Besson, October 2008.

 

Comissão Européia


A própria Comissão Européia reconheceu o Dual Approach como uma boa estratégia para evoluir para uma Sociedade de Informação, e estabeleceu algumas linhas mestras para ajudar aos seus países membros nesta estratégia. Isto torna a vida mais fácil para os países membros quando até mesmo já existem 2 provedores de 20 Mbps ou então, quando não existe nenhum plano, para pelo menos 2 provedores, implantarem  suas redes de fiba óptica de próxima geração no mercado em até 3 anos (ver Community Guidelines for the application of State aid rules in relation to

rapid deployment of broadband networks, 17.9.2009).

 

 

Alguns países no mundo estão apostando na utilização da tecnologia de BL no setor de Saúde. Vejamos abaixo alguns destaques nesta área:

 

Suécia

 

Promoção de serviços de e-Gov no setor de Saúde e a promoção da capacitação em TI (Tecnologia da Informação)  no mercado PME, com o objetivo de estimular a demanda de BL (ver From an IT policy for society to a policy for the

information society, Summary of the Swedish Government Bill 2004/05:175, September 2005).

 

Japão


Várias ações de Política foram partes componentes da Estratégia Nacional de Banda Larga do Japão que incluíram programas de capacitação e estímulo à demanda de BL. A Estratégia u-Japan preconizava específicas ações de Política de BL para promover a utilização de TI em Saúde, Segurança Pública, Educação e Meio Ambiente (ver u-Japan

Policy Package: Advanced Usage of ICT).

 

O Governo japonês também estimulou agressivamente serviços online, o que resultou em uma alta percentagem transações cidadão-governo baseadas na Internet. Aqui temos um grande exemplo que poderia ser seguido pelo Brasil (estímulo de transações online cidadão-governo).

 

Suíça


O Governo suíço introduziu uma série de diferentes programas e estratégias para desenvolver a capacitação, a educação e estimular a demanda de BL. Em termos de Saúde, a principal iniciativa nesta área – Programa e-Health - foi a de formular medidas para o estabelecimento de um Prontuário Eletrônico do Paciente e um portal com informações de qualidade sobre os pacientes até 2015.

 

A estratégia foi implementada em  2007 com a intenção de contribuir para o desenvolvimento de um Sistema de Saúde mais confiável, mais eficiente em termos de custo e, de maior qualidade. Um dos objetivos do e-Health  é ajudar aos pacientes a melhor informar sobre as escolhas dos serviços de saúde deles baseadas em informação com qualidade assegurada.

 

Adicionalmente, o Parlamento suíço deu os primeiros passos na introdução de um Cartão Nacional de Seguro de Saúde. Este Cartão armazena além das informações sobre o seguro de saúde do paciente, os dados específicos de saúde que podem ser utilizados pelos prestadores dos serviços de saúde (ver eHealth Strategy Switzerland, Confédération Suisse). Veja também a estratégia de e-Gov do Governo suíço: E-Government Strategy Switzerland.

 

Reino Unido


Este país aposta da sua estratégia chamada Digital Britain lançada no início deste ano em serviços de telemedicina residencial (ver Cellular Stategy for Digital Britain, Dailywireless, 23.mar.2009).

 

Um ponto que merece destaque: a tecnologia móvel LTE (o 4G do GSM) e sua banda larga móvel deverão incrementar as Aplicações M2M (ver M2M: Big Deal, Dailywireless, 01.oct.2009  e M2M Connections to Triple by 2014, Dailywireless, 22.sep.2009) incluindo aqui o tópico de telemedicina. Veja o que passa na cabeça 1ª telco móvel dos EUA, a Verizon Wireless - que está lançando comercialmente a sua rede LTE no início de 2010 - em relação a telemedicina (ver

Enabling the Next Growth Phase - Investor Relations, Lowell McAdam, President & CEO, 15.jun.2009).

 

Finalmente, como vimos nesta matéria, é muito importante o Governo de uma nação estimular a demanda da BL e um dos nichos muito importante – principalmente no Brasil – chama-se Saúde. É só querer! Conheça mais sobre estímulo à demanda de BL aqui nesta matéria do Teleco: Estimulando a demanda na Banda Larga, 13.out.2008.

 

Nota: Conheça a RUTE (Rede Universitária de Telemedicina): http://rute.rnp.br/.

 

 

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