Em Debate Especial: Soluções de Banda Larga para o Brasil

Publicado: 29/01/2007

 

 

 

TV por Assinatura - A alternativa de
difusão do acesso em banda larga

 

 

Fernando Mousinho

Diretor de Relações Institucionais, Net Serviços

 

Na última década, conhecemos aos poucos a tão comentada convergência de mídias, que viria alterar sobremaneira o cotidiano das empresas e das residências de todo o mundo. Automaticamente, vários modelos de negócios surgiram para tornar viável economicamente aquilo que a tecnologia passou a oferecer.

 

Oportunidades se mostraram imensas, porém, desde a privatização das telecomunicações no Brasil, em 1998, poucas foram as empresas do setor que conseguiram solidificar uma posição no mercado. Licenças de Serviço Limitado Especializado (SLE) e Serviço de Comunicação Multimídia (SCM), além da criação de empresas de telefonia Espelhinhos, não foram capazes de popularizar ofertas abrangentes e reais de multisserviços. Com isso, a população brasileira viu os planos de difusão dos serviços de telecomunicações e multimídia sofrerem atraso.

 

Em tese, a falta de uma oferta de convergência economicamente possível ao consumidor brasileiro foi resultado do domínio das redes de telecomunicações por alguns conglomerados econômicos, única forma de se chegar à residência do usuário. Empresas que pretendessem entrar no negócio teriam de construir suas próprias redes, pois, praticamente, não tinham nenhuma chance de compartilhar as existentes e iniciar o relacionamento com o usuário.

 

As empresas de TV por assinatura, depois do esforço para se solidificar no Brasil, se constituem como uma alternativa real de concorrência, ao levar ao consumidor o conceito multisserviços, com a primeira oferta triple play. A possibilidade da verdadeira banda larga proporcionada pelas redes de cabos coaxiais da TV por assinatura causa impacto imediato no mercado, sendo a primeira vez que o consumidor pode escolher seu fornecedor de telefonia e acesso à Internet.

 

Até o lançamento do triple play da TV por assinatura, a população dependia apenas das ofertas das operadoras de telefonia fixa com velocidade de acesso limitada. Ou seja, é fato que a competição refletida nas ofertas de banda larga e voz por mais de um fornecedor resultou em um salto de qualidade e uma queda dos preços. Nas localidades onde a TV por assinatura oferece hoje a banda larga, o preço do serviço das operadoras locais caiu até 40%. E a banda finalmente atingiu o patamar dos megabytes.

 

Vale a pena analisarmos a retrospectiva histórica da TV a cabo e da chegada da Internet no Brasil para compreender melhor a importância da competição para a saúde do mercado e o benefício ao usuário. A TV transmitida por cabo coaxial surgiu da necessidade de levar essa mídia a um número maior de pessoas em regiões montanhosas e vales ou áreas de muita concentração de prédios. As primeiras experiências desse tipo aconteceram nos anos 1940, nos EUA. Antenas recebiam o sinal da TV e o repetiam por uma rede de cabos que chegava às residências.

 

Rapidamente, o sistema se popularizou e se mostrou um grande potencial comercial. Somente em 1974, porém, se configurou o modelo de TV por assinatura que temos hoje, a partir do lançamento do primeiro satélite projetado para essa finalidade. Nessa época surgiram as estações de TV independentes e o consumidor teve a opção de escolher programação. Hoje os EUA têm mais de 500 canais, com 75 milhões de assinantes e movimenta mais de 30 bilhões de dólares ao ano.

 

No Brasil, a necessidade de as cidades serranas do Rio de Janeiro receberem sinal de TV de qualidade resultou, há mais de quarenta anos, na construção das primeiras redes de cabos coaxiais. Embora o modelo comercial de programação dirigida tenha sido conhecido no Brasil bem mais tarde – nos anos 90 –, em uma década mais de 4 milhões de residências passaram a contar com uma TV mais personalizada. O movimento desse mercado hoje é de R$ 5 bilhões ao ano aproximadamente.

 

As 155 operadoras instaladas no país investiram pesadamente na construção de redes multisserviços, que já nasceram para oferecer recursos que só começaram a ser conhecidos pelo público consumidor recentemente. Trata-se de um mercado que já nasceu pronto para a concorrência em proporções justas.

 

Paralelamente, em meados dos anos 90, os benefícios da Internet causavam no país o fenômeno da revolução das rotinas de trabalho. Inegável que a sociedade avançou ao descobrir uma nova velocidade da informação e a nova mídia de acesso à cultura que se transformou o computador pessoal.

 

As redes das operadoras de TV por assinatura se transformariam na melhor opção de meio de transporte para o tráfego de dados demandado pela rede mundial. As operadoras de telefonia fixa, porém, tinham em mãos as redes de cobre adquiridas do Sistema Telebrás na privatização das telecomunicações, em 1998, e foram as primeiras a oferecer o acesso por meio de linha discada.

 

Rapidamente, o usuário percebeu que precisava de um meio mais eficaz que a linha discada para ganhar velocidade no acesso à Internet. As operadoras de telefonia adequaram suas redes com a tecnologia ADSL para acessos que não chegavam a 1 Mbps. Já as operadoras de TV por assinatura, passaram a oferecer a opção mais veloz e de melhor qualidade.

 

Somente as redes das TVs pagas foram capazes de suprir imediatamente a necessidade dos usuários em relação à banda e à velocidade de acesso necessárias para baixar as aplicações de vídeo e som dos sites atuais. A partir da oferta de acesso em velocidades acima dos 2 Mbps, a convergência de aplicações e tecnologias começou a se tornar viável e teve início uma transformação da sociedade de informação. Ou seja, a facilidade de assimilação do usuário brasileiro a novas tecnologias somada ao conceito triple play proporcionado pelas redes de TV por assinatura contribuem para o avanço do número de usuários de serviços de banda larga no país, que ultrapassa hoje os 5 milhões.

 

É verdade que é um número relativamente baixo em relação à população brasileira. Porém, somente com a chegada dos serviços convergentes por meio de uma infra-estrutura alternativa à tradicional – redes de cobre da telefonia fixa – o usuário brasileiro testemunhou mudanças. Se considerarmos os 40 milhões de linhas de telefonia fixa instaladas no país, depois da privatização do setor boa parte da população teria acesso à informação mais cedo se houvessem ofertas compatíveis com a realidade sócio-econômica do país.

 

Se a população é sensível ao preço dos serviços de comunicações, somente a competição justa entre os prestadores de serviços poderá ser benéfica para levá-los a um número cada vez maior de pessoas. Os serviços convergentes nas redes de banda larga, portanto, são a opção economicamente viável de concorrência às operadoras de telefonia.

 

Estas, por sua vez, protegidas pelos grandes conglomerados econômicos têm a seu favor fortes fatores como o relacionamento direto com o cliente, já que adquiriram redes prontas com capilaridade extensa. Tudo isso sem contar com a vantagem da fidelização dos clientes por meio dos serviços combinados de telefonia fixa e móvel, já que os conglomerados também controlam as operadoras móveis.

 

Daqui para frente, caberá ao consumidor escolher os pacotes de serviços que mais lhe proporcionem benefícios.

 

 

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Comentário de Ivan Ianelli

Quero parabenizar o Mousinho pela maneira clara e objetiva com que ele descreveu a correlação entre as Cable TV's & Incumbents no Brasil na última década.

 

O governo já deveria ter percebido, desde a concepção do modelo de privatização da TELEBRAS, que o fortalecimento das operadoras de TV's a Cabo era o melhor caminho para iniciarmos no país a tão desejada concorrência e competição, aliadas à universalização, das telecomunicações brasileira.

 

 

 

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