05/10/2012

Em Debate

 

 

 

 

Teleco 10 anos: Os Principais Desafios do Setor de Telecom no Brasil

 

TELECO – A melhor referência do mercado de telecomunicações no Brasil. Confiabilidade, atualidade e relevância são seus atributos.

 

João Moura

Presidente Executivo da TelComp

 

 

Fundado há 10 anos, o TELECO tornou-se o principal portal de informações do mercado de telecomunicações. É hoje a referência segura para empresas, analistas de mercado, mídia em geral, inclusive a internacional e também para os próprios formuladores de políticas setoriais. Ao longo desta década, o TELECO reportou, analisou e interpretou, competentemente, cada um dos grandes marcos do desenvolvimento setorial no Brasil, tanto pela ótica do mercado e serviços, quanto pela perspectiva de avanços tecnológicos, desenvolvimento da indústria, regulação e desempenho das empresas.

 

O final de um ciclo e a reinvenção do setor

 

Ao longo desta década o mercado avançou, contribuindo para a economia com o aumento de penetração de serviços, investimentos, adoção de novas tecnologias e com expressiva geração de impostos para os cofres públicos. Erros e acertos deixados de lado, os resultados foram impressionantes e elevam as expectativas sobre o novo ciclo que começa sob o paradigma da comunicação em forma de redes, em todo tempo e lugar, por meio dos mais variados dispositivos. Da comunicação entre pessoas, evoluímos agora para conectar praticamente todas as coisas, num fluxo frenético de troca de dados e informações que alimentam computadores fabulosos que, por sua vez, geram novos fluxos de comunicação, transformando a forma de interação social, o trabalho e até mesmo o pensar.

 

Um novo modelo de negócios para o Setor

 

É queixa comum entre os operadores tradicionais de telecomunicações que a demanda de investimentos é muito alta e incompatível com o retorno de capital oferecido no modelo atual. O mercado de capitais parece não enxergar mais brilho nos papéis de Telecom e tendem a precificá-los sem o entusiasmo do passado.

 

Onde estão as fontes de geração futura de valor pelas operadoras? Os mercados amadurecidos, a competição intensificada, o baixo crescimento de receitas de serviços tradicionais, a perda de importância do tempo de uso ou da distância, para faturamento ao cliente, entre outros fatores, aliados à imagem dos antigos monopólios estatais dependentes de proteção regulatória, ofuscam a imagem de dinamismo e a percepção de valor futuro crescente do negócio.

 

Por isso, “Os Principais Desafios do Setor de Telecom no Brasil”, tema proposto pelo TELECO para estas notas, é atual e contém o desafio da busca de novas formas de gerar valor e reconquistar posições de vanguarda na economia. Não é um tema trivial, não existem respostas óbvias nem as possíveis soluções servem a todos.

 

Poderíamos fazer a análise dos Principais Desafios, investigando as grandes decisões tecnológicas que virão pela frente, as questões regulatórias e a pesada carga tributária, os movimentos de M&A que continuarão a reconfigurar o setor, entre tantos outros temas cruciais para o futuro. Mas aqui vamos tomar outro rumo e analisar alguns aspectos do que seriam os desafios de uma reinvenção propriamente dita. Não é um tratado de estratégia corporativa, mas o alinhamento de algumas tendências que certamente permearão as estratégias das empresas vencedoras.

 

Os operadores de Telecom estão espremidos entre fabricantes de terminais e os criadores de conteúdos

 

O consumidor hoje é, por um lado, seduzido por novos terminais ou interfaces com a web e funcionalidades cada vez mais fascinantes e, por outro, envolvido por provedores de conteúdo ou fidelizado por redes sociais cada vez mais abrangentes. São estes dois polos que vem à mente do consumidor quando pensa em comunicações hoje. O operador de Telecom está espremido entre os dois e sua existência só é percebida pelo usuário quando o serviço falha! É um distanciamento cada vez maior do seu próprio cliente.

 

Há muito, os operadores dizem que não querem ser dumb pipes, mas como farão esta transformação? Toda a discussão sobre neutralidade de redes promovida pelas operadoras de Telecom passa pela argumentação de que receitas adicionais são necessárias para viabilizar investimentos para sustentar o tráfego que cresce de forma explosiva em ritmo descompassado com as receitas e a lucratividade. Aumento puro e simples de preço não parece a solução. Se fosse, por que não foi aplicada? Fala-se em novos modelos de negócios, mas quais seriam estes? As ameaças repetidas de que faltarão investimentos e a capacidade das redes irá exaurir-se não é argumento crível, nem sensibiliza provedores de conteúdo, nem reguladores e muito menos o usuário final.

 

Se o papel de dumb pipes ou de uma utility company convencional não serve ao operador de Telecom de hoje, não há alternativas senão reinventar seus modelos de negócios. Isto não é fácil, livrar-se de sua própria historia não é tarefa trivial. Neste caso, contudo, é imperativo. É o desafio dos próximos anos.

 

Tentar replicar modelos ou seguir os mesmos caminhos das grandes estrelas da web talvez seja impossível, considerando as profundas diferenças de DNA.

 

Mudar a direção para encantar o cliente

 

Qualquer transformação deve ter como ponto de partida a percepção do usuário. O operador não é para ser lembrado somente quando o serviço falha. Isto precisa ser mudado radicalmente para que o usuário passe a associar a imagem (ou a marca) a uma visão positiva tal como o “meio de acesso ao mundo novo e mágico da interação social” ou outra proposição de valor que remeta a imagem do operador a um contexto francamente positivo.

 

Sem isto, pouco se pode esperar de uma transformação de verdade. Para alguns, parece simples e óbvio. Para outros, significa uma transformação dolorosa dos seus próprios fundamentos históricos e cultura de negócios.

 

O Relacionamento como a plataforma para novos serviços

 

O relacionamento com a base de clientes é o ativo de maior valor para o operador. Preservar, expandir e fortalecer o relacionamento com certeza é o ponto de partida para o oferecimento de novos serviços em busca de maior valor a partir do núcleo existente. As novas tecnologias oferecem enorme variedade de alternativas com grande potencial de geração de valor, desde que passem por critérios estratégicos de potencial de sinergias, existência de competências e diferenciais relevantes e a capacidade de execução primorosa.

 

As possibilidades são inumeráveis e passam por comercialização de conteúdos, serviços de TI em cloud, soluções baseadas em recursos de M2M entre uma infinidade de possíveis escolhas. Não é surpresa, portanto, que teles de pequeno ou grande porte já estejam anunciando seus planos nestas direções. Parece um caminho óbvio. O que não é óbvio é a escolha dos pontos de entrada, do posicionamento, da proposta de valor e dos diferenciais. O acerto nestas decisões cria as condições necessárias para a evolução consistente em direção a um novo ciclo de crescimento.

 

É preciso, porém, correr e se qualificar. A competição pelo controle do cliente é grande e sem isto não há como deixar de ser um dumb pipe!

 

Controle de redes

 

Uma constatação clara atual é que o núcleo central do negócio de telecomunicações já se deslocou do controle das redes, da época de monopólios, para o controle do cliente. É esta a fonte de valor que precisa ser preservada, cultivada e fortalecida.

 

Quando o controle de redes deixa de ser o diferencial competitivo, abrem-se oportunidades para modelos de investimentos em redes neutras, que podem atrair novos investidores. A separação em classes de ativos permite a realocação de riscos e cria oportunidades de investimentos distintas que terão apelo para segmentos diversos de investidores. São oportunidades para atrair investimentos com custo de capital potencialmente mais baixo, em virtude de nova relação risco-retorno.

 

Um exemplo simples é segmento de torres para celulares, onde este modelo já está amadurecido do e ganha adeptos todo dia. A lógica é a mesma e poderia ser aplicado a outros elementos, como o espectro, o backbone o backhaul, os centros de serviços operacionais, entre outros processos não essenciais para a diferenciação de serviços e fidelização de clientes.

 

Vale aqui o arrojo para identificar o que é critico do que não é e onde melhor alocar o próprio capital para gerar retornos diferenciados. Quem ousar e acertar sai na frente. Com menos CAPEX, menos OPEX e maiores receitas, alavanca-se o ROI!

 

Competição e inovação

 

Não é o conforto e a pseudo-estabilidade dos monopólios, que impulsionam os ciclos de renovação e criação de valor. Deste mindset só saem choros, ameaças e reclamações. A história mostra que a maior parte dos avanços inovadores foi provocada por situações competitivas de mercado. As taxas declinantes de crescimento são os sinais que acionam alarmes e urgência nas mudanças.

 

 

 

 

Nota:
Esclarecimento - O artigo apresenta exclusivamente a visão pessoal do autor e não o posicionamento da TelComp sobre os temas tratados.

 

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