01/07/2020
Em Debate
Carta ao Filho
(riscos que o 5G está trazendo)
Lourenço Pinto Coelho
LPC Consultoria Empresarial
Filho, escrevo-lhe para apresentar-lhe minhas considerações em resposta às suas frequentes dúvidas a respeito dos riscos da tecnologia 5G, notadamente nos relativos a eventuais impactos na saúde das pessoas, no ambiente em si e, pior, como ferramenta para bisbilhotagem, controle social ou, no limite, na manipulação psicológica e comportamental das pessoas, "vacinadas" com o "chip" da angústia ou depressão.
Considerações Primeiras:
Os aparelhos celulares usam potência de transmissão muito baixas, o que elimina qualquer risco à saúde, seja nas tecnologias 2G, 3G, 4G ou 5G. Acreditar em qualquer outra coisa (passarinhos morrendo etc.) é o mesmo que acreditar que a terra é plana. Parece ridículo, certo? Mas há pessoas que sustentam, piamente, este corolário: os chamados Terraplanistas. Há outros que são mais sensíveis às "teorias da conspiração", do tipo: o mundo vai acabar no ano 2.000, já temos invasão alienígena (ET de Varginha!), Deus castiga (aliás, ridículo, pois Deus, sendo amor, não pode, ao mesmo tempo, ser castigo; são características antagônicas).
Alguns, inclusive, nem acreditam que o homem já pisou na lua (testemunho-lhe que eu mesmo assisti, na TV em preto e branco de minha vó paterna, à transmissão das imagens do primeiro homem pisando na lua, em 1969);
Considerações Segundas:
Para seu pai, que conhece eletromagnetismo, tem trabalhado com telecomunicações, usa celular desde 1994 e fez estágio de um ano em multinacional de eletromedicina (em Radioterapia, Raios-Beta, Raios-Gama e Radioisótopos, todos usados como terapias de apoio ao tratamento do câncer), ocasião em que tive a oportunidade de estudar, entender e, finalmente, conhecer os efeitos correspondentes na correlação frequência versus potência versus tempo de exposição, estas questões de risco do celular para a saúde estão pacificadas;
Considerações Terceiras:
Se afastando um pouco do tema "frequência" e indo para o quesito "aplicações", vejo em seus questionamentos que existe, sim, um ponto interessante que deveremos considerar, a seguir:
Como a tecnologia 5G, por seus algoritmos de transmissão, baixa latência (atraso entre interações na ordem de alguns milissegundos, mais precisamente <10 milisegundos) e produtos que envolvem baixos custos de produção e implementação, dimensões reduzidas e outros quetais, ela facilitará, dado à escala que estes fatores viabilizam, a pulverização das comunicações homen x máquina e máquina x máquina ("machine2machine"), dentro do amplo conceito IoT ("Internet das Coisas");
Em linha com suas preocupações (implante involuntário de chips na pele, "vacinas eletrônicas", controle social e do humor das pessoas), eu iria mais além: espionagem, terrorismo e muitos outros riscos.
Portanto, neste ponto, definitivamente, estamos alinhados! Como consequência, desenvolverei, a seguir, este tema mais amplamente.
Considerações Quartas:
Quando Santos Dumont inventou a "máquina voadora", ele, provavelmente, nunca imaginara que ela, um dia, seria usada em guerras para lançamento de bombas, que viriam a eliminar grandes quantidades de população civil.
Quando o alemão Wernher von Braun desenvolveu a tecnologia de foguetes, ele, com certeza, não tinha em mente que ela seria também usada para a construção de mísseis, que carregariam ogivas nucleares desenvolvidas, mais tarde, pelo americano Julius Robert Oppenheimer.
Quando o americano Henry Ford desenvolveu o primeiro automóvel com escala industrial de produção, sem dúvida, não lhe passara pela cabeça que seu "produto" (lato senso) seria usado, no futuro, para a viabilização de sequestros relâmpagos, atropelamentos voluntários de pedestres por grupos extremistas, ou como "carros bomba", ou tanques de guerra, ou como fonte significativa de emissão de CO2, poluindo a atmosfera e ameaçando a qualidade do planeta. Muito menos, pensara nos grandes congestionamentos urbanos.
Quando Francis Sellers Collins coordenou, em 2001, o Projeto Genoma, ele não intecionara, certamente, manipular embriões humanos, ou criar seres humanos superdotados, em tentativa criminosa de fomento à eugenia, ou, resumidamente "brincar de Deus", embora tenha decifrado "Seu Alfabeto".
Considerações Quintas:
Por enquanto, o 5G nem está implantado em plena capacidade nos países ricos, pois, dos três "releases" de padronização (15, 16 e 17), previstos pelos órgãos reguladores (UIT - União Internacional de Telecomunicações, pertencente à ONU, e 3GPP - 3rd Generation Partnership Project, congregado por prestadoras e fabricantes), só foi liberado o de número 15, que, grosseiramente falando, só possibilita mais velocidade e capacidade de transmissão. O "release" 16, que permitirá baixas latências, característica que melhor habilitará as comunicações máquina-máquina, tornando-as mais precisas, portanto mais atrativas (cirurgias remotas em telemedicina, e-health, aplicações na indústria 4.0, com controle de máquinas e processos, aplicações rurais etc.), só será concluído no segundo semestre de 2020. Portanto, deverá estar em pleno uso somente em 2021, em alguns países, lembrando que muitas das nações nem se prepararam ainda em relação à identificação, alocação e, muito menos, licitação do espectro de frequências, necessário para a operacionalização desta tecnologia.
Filho, desculpe-me se me estendi demais, mas se fez necessário para estabelecer um "baseline" comum, entre nós, que norteará minhas considerações finais. Verdade é, tenho enorme prazer em me interagir com você, sempre preocupado na troca de informações de interesse mútuo.
Considerações Finais:
5G, em si, não é prejudicial, nem para a saúde, nem para a paz mundial. Pelo contrário, como o automóvel ajuda a evitar mortes (através das ambulâncias, equipes de resgate etc.), o 5G melhor habilitará as aplicações de telemedicina, controle de pragas, IA (Inteligência Articial com "Machine Lerning"), mobilidade urbana e muitas outras coisas maravilhosas que ainda não conhecemos, pois nem foram desenvolvidas, muito menos inventadas.
Quanto às aplicações futuras, o uso malicioso de algumas não apenas será possível, como muito provável! Mesmo assim, hoje, embora concientes da vulnerabilidade das tecnologias 3G e 4G, ninguém mais vive sem dados no celular, apesar do já bem divulgado risco de fraudes, através de "malwares" travestidos em "aplicativos".
Como existem órgãos confiáveis conduzindo estas evoluções tecnológicas, além das Agências Nacionais de Regulação, Controle e Coerção ao Crime Organizado (ANATEL, ABIN, CADE, ANS, ANVISA, ANCINE, PF, MP, Judiciário, Banco Central, Parlamento e Ministérios), eu lhe diria que não há motivo para grandes preocupações.
Minha última mensagem para você, acompanhada de minhas bênçãos: "nunca permita que o medo da morte lhe tire a alegria de viver" (Yoritomo Tashi, filósofo japonês do século XI).
Bjs, amo você.
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