Em Debate Especial: Licenças de Serviços de Telecomunicações
Publicado: 10/09/07
Licença Única
Luis Cuza
Presidente Executivo da TELCOMP
A discussão dos temas em torno da licença única é prematura no Brasil e, de fato, está sendo usada como uma tática associada à convergência para tirar a atenção de uma análise profunda que precisa ser realizada pelos legisladores, reguladores, membros do executivo, representantes do setor e pela sociedade para que o Brasil se beneficie intensamente dos avanços tecnológicos nas ciências das comunicações. Dúvidas não restam de que a falta de acesso aos referidos avanços vem prejudicando o desenvolvimento sócio-econômico brasileiro.
Existem benefícios e riscos relevantes associados à habilidade de velhas plataformas poderem prestar serviços adicionais àqueles prestados originalmente, expandindo as possibilidades de outorgas de serviços baseadas originalmente em tecnologias (STFC - linhas fixas, TV por assinatura - MMDS, SMP - celular, TV a Cabo - cabo e TV DTH – satélite). Há também maravilhosas oportunidades de novos negócios baseados nos serviços de tráfego sobre o protocolo de Internet (IP) que podem prover voz, acesso à Internet, vídeo (acesso rápido e lento), webconferência, segurança, jogos interativos, música, monitoramento, podcasting e tantos outros mais.
Mas é preciso atenção nesse universo convergente, já que a inovação tecnológica vivenciada pelo setor pode levar ainda mais à concentração e exclusão de empresas no mercado, reduzindo sensivelmente as opções dos usuários. A licença única, nesse aspecto, faz parte do discurso imediato daqueles que querem maior concentração com menor regulação, razão pela qual deve ser tratada como tema assessório e incidental e não tema principal.
É essencial que qualquer discussão que queira aprimorar e implementar políticas públicas do setor, seja baseada nas reais necessidades do país e seus consumidores, nos pontos fortes e fracos do atual órgão regulador e nas práticas dos grandes investidores da economia (nacional e internacional) envolvidos ou com interesse potencial em investir.
Infelizmente, o clima político deste segundo semestre de 2007 não é mais propício para aprovação de mudanças profundas ao nível legislativo e, para não arriscar perdas, seria melhor desenvolver uma agenda mínima e realística que beneficie a sociedade e seja suficientemente atrativo para novos investimentos.
Todos reconhecem o sucesso da LGT (9.472/1997), durante os últimos 10 anos, em atrair capital nacional e estrangeiro para modernizar a infra-estrutura de telecomunicações, expandir significativamente a penetração dos serviços básicos de telefonia, fixos e móveis, e, por fim, reduzir os custos das redes de dados de longas distâncias. Muito já foi feito, mas há muito mais para se fazer.
Conclusão
Este não é momento para se perder tempo com a implementação da licença única. É óbvio que o objetivo desta proposta é desfocar a atenção dos reais desafios que os responsáveis pela elaboração de políticas e regulamentações enfrentam.
A dinâmica da indústria está definida por uma estratégia sofisticada na qual as maiores concessionárias locais de STFC procuram controlar as diversas plataformas como linha fixa, cabo coaxial, fibra, espectro de WiMax e MMDS entre outros, ou colocam obstáculos para evitar que competidores potenciais tenham controle dessas alternativas.
As recomendações da TELCOMP representam uma agenda mínima e realística para 2007 ao nível legislativo, regulatório e das práticas do setor que fomentam novos investimentos, concorrência e resultam em benefícios imediatos à sociedade.
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