Em Debate Especial: Soluções de Banda Larga para o Brasil

Publicado: 05/02/2007

 

 

 

WiMAX:

Discussões antigas, nova realidade

 

 

 

Maurício Coutinho

Presidente da Neovia

 

Acompanhar a evolução de algumas tecnologias é sempre muito interessante, mas não se compara a participar de seu processo de maturação, que é o que acontece hoje com a tecnologia WiMAX. Curioso perceber que, pouco mais de um ano atrás, discutia-se se o WiMAX teria vindo para ficar, se seria concorrente ou complementar a outras tecnologias e se teria futuro, no mundo e no Brasil.

 

Mesmo ocorrido há tão pouco tempo, este tipo de debate hoje é passado. Fornecedores de equipamentos, provedores de serviços e, mais recentemente, usuários e potenciais usuários de serviços de banda larga, não discutem mais a possibilidade de que a tecnologia venha a se firmar, mas como utilizá-la.

 

Este é um fato estatístico e várias pesquisas demonstram isso. Uma delas, divulgada pela ResearchandMarkets em agosto do ano passado, dava conta que, além de sua utilização atual em serviços de banda larga ao redor do mundo como alternativa ao ADSL e ao cable modem, o WiMAX tem em aplicações móveis um mercado maior ainda. Não se trata mais de qual tecnologia, mas de como ela será utilizada.

 

O mesmo estudo demonstra o potencial de crescimento do WiMAX no mundo, apontando que a tecnologia deve chegar a 2009 com cerca de 15 milhões de usuários no mundo, criando um mercado de cerca de US$ 13,8 bilhões em serviços. Estudo do Yankee Group divulgado neste mês aponta para um número equivalente. No mesmo ano, a tecnologia deve se tornar a mais utilizada para acesso à banda larga sem fio, graças ao suporte dos grandes fabricantes de equipamentos. Previsões assim não deixam dúvidas sobre a perenidade da tecnologia.

 

Ainda de acordo com a ResearchandMarkets, o WiMAX vem se adaptando às características específicas de diversos mercados. A região Ásia-Pacífico, por exemplo, desponta com o maior número de assinantes, fator atribuído ao grande número de habitantes e à natureza emergente de suas economias.

 

No Leste Europeu e na América Latina, a tecnologia surge como melhor opção para o aumento da penetração dos serviços de banda larga. Em regiões mais desenvolvidas, como a Europa e os Estados Unidos, a tecnologia se consolida com altos níveis na oferta de serviços de banda larga. Somente nos Estados Unidos há hoje 394 empresas com licenças WiMAX.

 

Estes números têm seus reflexos no mercado brasileiro. Outro estudo, divulgado em abril do ano passado pelo instituto Maravedis, faz algumas comparações que dão a medida sobre o potencial do crescimento do WiMAX no Brasil. Um exemplo: em 2005, os fornecedores de equipamentos WiMAX movimentaram cerca de US$ 6 milhões no País. A previsão é que este mesmo mercado alcance US$ 300 milhões em 2010, alavancado por fatores como o leilão de novas licenças, a certificação de novos equipamentos e a redução do custo de produção destes.

 

O estudo realizado pelo Maravedis revela que este parque dará suporte, em 2010, a cerca de 770 mil assinantes, incluindo aí usuários residenciais e corporativos. O mais interessante: a previsão é que 70% deste público seja formado por usuários de serviços móveis, predominantemente residenciais, enquanto o WiMAX fixo, como conhecemos hoje, continuará consolidando sua posição nas grandes corporações e nas pequenas e médias empresas.

 

As constatações e as previsões deixam claro que o WiMAX está maduro e que seus modelos de utilização estão em franco processo de maturação. O fato é que não há mais o que se discutir sobre a tecnologia, que vem demonstrando eficiência na oferta de serviços de banda larga, grande potencial de ser um elemento catalisador de iniciativas de inclusão digital (iniciativas como as das cidades de Osasco e Parintins demonstram isso) e mostra ser promissora quando o assunto é mobilidade. A discussão sobre como desenvolver o WiMAX em todas estas frentes é o que nos cabe agora.

 

O resto é passado e estatística.

 

 

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