Em Debate
Publicado: 16/08/04
Padronização da conta única de serviços
Comentário de Renato Souza (22/09/2004)
Acredito que o artigo do Marco Teixeira toca um ponto crucial que aflige muitas das empresas brasileiras.
De fato, o controle dos gastos mostra-se dificultoso em tal grau, que até mesmo surgem empresas cuja linha de trabalho é propiciar economias nos gastos com telecomunicações a partir de \"insights\" sobre como lidar com os diversos serviços e suas tarifações diferenciadas.
Dada a complexidade existente na cobrança desses serviços -- sem abordar a dificuldade ainda maior de gerenciar seu uso -- quem mais perde são empresas com estrutura ainda em formação, como é o caso das novas e das pequenas, ou com menor poder de negociação frente ao porte das operadoras, estas comumente associadas a grupos multinacionais.
Isso inclui a maioria das empresas privadas brasileiras, as muitas organizações não-governamentais, carentes como são por via de regra e até mesmo as diversas esferas governamentais, em qualquer nível e pertencentes a qualquer um dos três poderes.
Face a estes exemplos, embora concordando com a excelente proposta do artigo -- e considero que a padronização apontada pelo Marco Teixeira constitui o melhor ponto de partida -- parece-me que haverá dificuldades adicionais quanto ao processo de controle contábil dos gastos com telecomunicações.
Além da questão do porte das empresas consumidoras de serviços (sem falar nas pessoas físicas), há complexidades ainda maiores que podem ser encontradas na tarifação dos serviços, em função de horário, distância, tipo de \"link\" físico, destino, origem, promoções permanentes ou transitórias, descontos por volume de uso, contratos diferenciados, serviços adicionais, impostos com diferentes incidências, seguros, incentivos, contribuições -- enfim, variedade bastante para tornar o gerenciamento dos gastos caro demais para ser feito, ainda que consigamos dar o primeiro passo importante que o artigo propõe.
A meu ver, essas dificuldades afetam também as operadoras e prestadoras de serviços, uma vez que novas tecnologias surgem no horizonte (como\"voice-over-IP\") e um dos maiores apelos dessas tecnologias será justamente o de libertar os usuários dessa complexidade. Quero crer que todos venham a perder com a desorganização nas contas de cobrança -- e também com a dificuldade de controlar gastos.
Minha sugestão é a de que operadoras, empresas, organizações e governo se associem e criem processos comuns e contabilmente válidos e que estes sejam disponibilizados aos usuários de serviços. Estes processos terão adoção muito mais facilitada se contarem com a chancela oficial de orgãos reguladores, como é o caso da Anatel, que deve ser chamada a opinar e talvez coordenar a tarefa.
Uma forma possível e viável de realizar isto é por meio do \"software livre\", um processo de colaboração inter-organizacional (e internacional) que permite discutir novas tecnologias e obter programas de forma rápida e econômica. Este processo já vem sendo objeto de estudo e adoção pelos governos federal e de diversos estados.
A sociedade precisa rever e simplificar os processos que aumentam o \"custo Brasil\".
Proposta para padronização da conta única de serviços de Telecomunicações a partir do LAYOUT FEBRABAN já existente.
Marco Antonio Veríssimo Teixeira
mteixeira@fazenda.sp.gov.br
Vamos partir da seguinte premissa: não conseguimos controlar medir, controlar e planejar aquilo que não medimos e não conseguimos planejar aquilo que não controlamos. Atualmente todas as empresas estão procurando planejar e controlar os serviços de telecomunicações. Em um recente seminário realizado pela Grifotech, foram apresentados os 10 maiores problemas do Billing Corporativo, segundo uma pesquisa nos EUA:
O processo de controle de gastos em telefonia nas empresas normalmente envolve muita mão-de-obra, é lento, estando sujeito a erros humanos. Acreditamos ser possível a redução de despesas telefônicas através de relatórios que forneçam informações estratégicas para o gerenciamento da conta.
Realizado regularmente, este controle deve oferecer relatórios que mostrem qual é a melhor combinação de operadoras a ser utilizada, segundo o tráfego medido e os planos atuais das operadoras. Os relatórios devem:
a) analisar detalhadamente a viabilidade financeira da criação de uma rede corporativa de voz (projeto VoIP); b) identificar os pontos de abuso e desperdício na utilização telefônica das empresas; c) monitorar a possível existência de erros nas faturas geradas pelas operadoras. Tudo isso com muita tecnologia, sem complicações e resultados claros no final do mês.
a) analisar detalhadamente a viabilidade financeira da criação de uma rede corporativa de voz (projeto VoIP);
b) identificar os pontos de abuso e desperdício na utilização telefônica das empresas;
c) monitorar a possível existência de erros nas faturas geradas pelas operadoras. Tudo isso com muita tecnologia, sem complicações e resultados claros no final do mês.
Nossa intenção com este artigo é propor uma padronização do Layout da Conta de Serviços de Telecomunicações de forma a contribuir para solucionar alguns dos 10 maiores problemas anteriormente citados.
A primeira dificuldade encontrada por técnicos que pretendam implementar redes de voz e dados é a sua justificativa econômica. Normalmente as contas telefônicas estão disponíveis somente em papel e o processo de sua análise e compilação é totalmente manual e, portanto, requer intensa mão-de-obra. Para aqueles que, no entanto, já despenderam este esforço e conseguiram justificar a economia possível, surge o desafio de acompanharem, após a implantação do projeto, a economia gerada. Este acompanhamento é manual, portanto sujeito a erros além de necessitar de muito tempo. Faz-se necessário a automação desse processo com a geração de relatórios por meio eletrônico.
A partir das contas recebidas das operadoras é possível a geração de relatórios gerenciais que possam ser usados para o devido controle dos gastos em telecom tornando o processo eficiente e permitindo um controle objetivo, podendo desta forma, ser analisado sob os aspectos de uma gestão administrativa, técnica e também contábil.
A partir das contas telefônicas deve ser gerado um relatório com a matriz de tráfego de voz, identificando os "top talkers" e mostrando o gasto atual. Graças ao automatismo, este relatório deve ser mensal, de forma a facilitar o acompanhamento da evolução de gastos.
Facilidade e transparência no acompanhamento de projetos já
implementados.
A partir das contas telefônicas deve ser gerado um relatório com a matriz de tráfego de voz, identificando os "top talkers" e mostrando o gasto atual e identificando possíveis ligações que não estão, por algum motivo, utilizando as facilidades trazidas pelo projeto. Este tipo de automatismo deve ser mensal, de forma a facilitar o acompanhamento da evolução de gastos e a proposição de medidas para evitar as ligações ainda não contempladas, p. ex. a intensificação de campanha explicativa de utilização da nova sistemática para os Departamentos das Empresas bem como treinamento adequado para o uso do novo sistema.
Padronização no Brasil do layout eletrônico da conta única em Telecom.
A conta gerada pelas operadoras devem obedecer a um padrão previamente definido. O ideal seria que a própria ANATEL propusesse este padrão.
Esta padronização facilitará a criação de programas de computador que poderão ser desenvolvidos e utilizados por todas as empresas.
Possibilidade de controle centralizado de contas em um único servidor que
pode ser acessado de qualquer ponto da rede corporativa.
A partir da criação de um programa padronizado, este processamento pode ser centralizado e os relatórios podem ser armazenados em formato HTML e acessados por qualquer ponto da rede corporativa para que os departamentos possam visualizar e confirmar ou não as ligações realizadas. Dessa forma, torna-se simples implementar um sistema de reembolso de ligações particulares.
Diagrama do macro-processo de geração de relatórios consolidados por
empresa.
Desenvolvimento de programa padrão de geração de relatório:
A Federação Brasileira dos Bancos, perante aos problemas acima citados, tomou a dianteira e negociou com as operadoras um LAYOUT padrão com as operadoras (vide Anexo A). Desta forma as empresas associadas à FEBRABAN estão usufruindo dos benefícios acima citados. O LAYOUT FEBRABAN deve ser tomado como base para um LAYOUT PADRÃO pois o mesmo sofreu um longo processo de maturação entre os Bancos e as Operadoras de forma que não compensa reinventar a roda. Este LAYOUT já está implantado na maioria das operadoras fixas no Brasil. Portanto, hoje é possível que cada empresa receba sua conta nesse formato, bastando apenas solicitá-lo à sua operadora. Vamos criar um movimento nesse sentido, vamos solicitar às operadoras a conta nesse formato para que o mesmo seja consolidado como O FORMATO PADRÃO brasileiro !
Tendo em vista que os processos hoje existentes são manuais, existem dificuldades em se realizar o acompanhamento de custos em telecom. Os macro-processos acima sugeridos poderiam ser padronizados e implantados para, no âmbito de todas as empresas, diluir e justificar os custos de desenvolvimento dos programas acima mencionados.
A última versão desse formato pode ser acessada diretamente do site Layout Padrão para Faturas de Telecomunicações - Versão 2 - 14.08.2000
Comentário de Alexandre Cruz
Apesar de ser bem leigo em assuntos de telecomunicaçoes,parece-me boa a ideia de uma conta mais detalhada, já que mesmo nos EUA "A maior parte dos erros que, porventura, ocorram na conta telecom são a favor da operadora". O que parece estranho é para clientes pessoas físicas as empresas telefonicas dizem não ter tecnologia suficiente para acatar pedido de contas mais detalhadas enquanto que para pessoas jurídicas acertam-se formataçoes específicas.
Acho que esse tipo de formataçao deveria ser generalizado, pois se as empresas tem dificuldades de controle e aferiçoes, usuários menores também o tem.
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