29/03/2010

Em Debate:

 

 

 

 

 

Impacto da Entrada da GVT no Estado de São Paulo

 

 

Octavio Sampaio

Consultor

 

A expansão da GVT após sua aquisição pela Vivendi deve ter grande impacto no estado de São Paulo, maior mercado de banda larga do pais, ate agora não servido pela operadora, exceto para grandes empresas. A entrada no estado ja estava planejada pela GVT, porém a mesma tem agora capitalização que permite acelerar substancialmente esta entrada. O tempo para entrada no estado deve depender acima de tudo da rapidez para obter uma infraestrutura de fibra nas cidades visadas.

 

O resultado da entrada da GVT em São Paulo poderia ser maior no estado do que um plano nacional de banda larga quando implantado, mostrando o impacto que uma real competição pode trazer ao mercado de banda larga. Múltiplos fatores favorecem uma entrada bem sucedida no estado com ganho de parcela significativa do mercado:

 

1. Capitalização resultante de sua compra: a empresa ganhou muito mais acesso a capital como resultado da aquisição pela Vivendi.

 

2. Uma familia já testada de produtos banda larga de qualidade a baixo preço com velocidades ate 100 Mbps, com que a empresa conta desde agosto ultimo.

 

3. Seu próprio backbone adquirido da Geodex no final de 2007, o que simplifica expandir o mercado e permite oferta de banda larga a velocidades maiores e preços menores.

 

4. Uma moderna rede IP, sem limitações de legado tecnológico como no caso da incumbent Telefônica,

 

5. A portabilidade numérica, em vigor no estado atualmente, também vai beneficiar a GVT em ofertas conjuntas com voz como triple play, ao contrário do que ao iniciar seus serviços de banda larga no Sul do pais,

 

6. Uma eventual aprovação do projeto de lei 29 (PL 29), permitindo oferta de TV paga sobre sua rede, também aceleraria a entrada no mercado, ja que poderia oferecer triple play sobre sua própria rede.

 

7. A GVT poderá oferecer triple play revendendo TV paga via satélite antes da aprovação do PL 29, o que ja faz em seu território original com a Sky.

 

8. A Vivendi pode contribuir com amplo acesso a conteúdo, como empresa líder em conteúdos, com muito mais experiência em oferecer conteúdos do que a Telefônica.

 

Impacto no Mercado

 

A entrada da GVT provavelmente vai levar a cortes de preço da Telefônica e da Net para limitar suas perdas de clientes, o que deve expandir substancialmente o mercado, tendo em vista a alta elasticidade de demanda por banda larga entre a população não servida. Assim o impacto não vai se limitar a roubar assinantes de banda larga da Telefônica e da Net, mas também a trazer grande número de novos usuários para o mercado, assumindo que de fato as incumbents vão reagir com corte de preços a entrada da GVT.

 

Esta reação no entanto pode não ser imediata, mas apenas após a presença da GVT se tornar substancial, tornando as perdas de clientes grandes demais para as incumbents. Os preços praticados pelas incumbents poderão ser reduzidos apenas em áreas servidas pela GVT, continuando a discrepância de preços entre áreas diferentes.

 

A França mostra-se um paralelo interessante quanto ao impacto no mercado de um novo entrante oferecendo menores preços. A Free, hoje segundo maior provedor de banda larga e triple play, iniciou atividades há vários anos oferecendo um pacote triple play (oferta tríplice) de voz (VoIP), banda larga e TV paga por 30 euros e forçou a France Telecom a oferecer o mesmo preço.

 

Desde então, o preço do triple play da Free e da France Telecom se mantiveram constantes, enquanto aumentam a velocidade, o número de canais de TV e número de países com chamada gratuita incluída. A própria Vivendi participa no mercado francês como terceiro maior provedor.

 

Impacto Tecnológico

 

As incumbents devem também reagir com ofertas de tecnologias mais rápidas para banda larga, expandindo o que já estavam fazendo em caráter de teste, a Telefônica oferecendo acesso por fibra a bairros residenciais de classe A, a Net oferecendo a tecnologia DOCSIS 3.0. Estas ofertas, além de expandidas, teriam que ser a preços bem inferiores àqueles praticados atualmente para terem efeito em áreas servidas pela GVT.

 

No entanto, a Telefônica está em parte limitada pelo legado tecnológico de sua rede de comutação de circuitos, em comparação com a rede totalmente IP da GVT. A Net também tem limitações por estar em grande parte baseada em rede de cabo coaxial.

 

Tempo para Entrada

 

O período de tempo requerido para a GVT entrar no mercado paulista vai depender principalmente da rapidez com que poderá instalar ou alugar infraestrutura de fibra ótica para atender ao tráfego gerado por seus clientes. Na grande maioria dos casos, esta fibra se destina a conectar concentradores de trafego da GVT, que estarão ligados aos usuários por tecnologia DSL, DSL2 e VDSL.

 

Em princípio a entrada da GVT em São Paulo deverá ocorrer bem mais rápido do que em seu território original no sul do país pelos vários motivos apresentados acima. No entanto, uma entrada em grande escala pode não ocorrer antes de 2011.

 

Escolha de Cidades a Servir

 

A escolha das primeiras cidades a servir provavelmente vai depender de disponibilidade de infraestrutura de fibra existente ou que possa ser instalada com rapidez. Esta escolha também vai depender da escolha de estratégia de entrada da GVT, se vai visar um ataque frontal às empresas incumbents nos mercados onde atuam ou dar prioridade a áreas onde as incumbents não atuam. Esta escolha dependeria de qual alternativa teria melhor perspectiva de retorno do investimento, sendo que a concorrência tende a estar nos mercados com maior potencial, mas menor potencial de mercado poderia ser compensado em alguns casos pela inexistência de concorrentes.

 

Uma decisão da GVT sobre quais cidades atender com prioridade deve portanto levar em conta como estão servidas hoje as maiores 30-50 cidades do estado pelas incumbents Telefônica e Net, bem como em quais poderia contar mais rápido com infraestrutura de fibra. Facilidade de acesso a seu próprio backbone, adquirido da Geodex, também seria um fator importante em escolher cidades a atender antes. A capital São Paulo representa metade do mercado estadual e deve receber tratamento especial que leve em conta suas particularidades.

 

Além destes fatores, note-se que a demanda por banda larga tem se intensificado ao longo do tempo, não apenas em número de usuários mas também em aplicações requerendo velocidades maiores, uma situação que favorece a entrada no estado, comparada à entrada original no sul do pais, ja que hoje há mais demanda por banda larga com alta velocidade e a GVT tem as melhores ofertas do mercado para velocidades mais altas.

 

Possíveis Aquisições

 

Outro fator que poderia influir na entrada no mercado paulista seriam eventuais aquisições que pudessem acelerar o processo. Os principais candidatos seriam empresas ja tendo uma substancial infraestrutura de fibra ótica. Outra possibilidade seriam empresas que já tenham clientes banda larga que poderiam passar a usar a mesma infraestrutura a ser criada pela GVT. Estas possibilidades são altamente especulativas no momento.

 

No entanto, note-se que a Neovia poderia ser considerada, tendo em vista já ter uma substancial base de clientes empresariais servida por tecnologia sem fio e com fio, a qual em muitos casos poderia ser melhor servida em conjunto com a GVT. A Neovia também estava buscando novos aportes de capital para expansão, os quais seriam disponibilizados em uma fusão com a GVT.

 

Note-se também que a GVT inicialmente usava apenas tecnologia sem fio, como a Neovia hoje, porém hoje suas soluções são por fio e portanto complementares. Outra possibilidade seria a AES Telecom, com sua infraestrutura de fibra em áreas metropolitanas, embora possa fazer mais sentido alugar sua infraestrutura ao menos em uma fase inicial.

 

Impacto no Trafego Internet

 

O impacto da entrada da GVT no estado deve também produzir um brutal aumento do trafego internet doméstico e internacional a partir do estado, testando novamente os limites dos backbones usados, tanto da Telefônica como da Net e GVT. Para conexão internacional, a GVT está hoje interconectada a cabos submarinos da Telefônica e da Global Crossing para respectivamente 70% e 30% de seu tráfego.

 

O tráfego internet gerado no estado, tanto pela GVT como pela Telefônica e Net, poderia ser duplicado ou triplicado como resultado da expansão prevista do mercado de banda larga. O tráfego nacional gerado pela GVT, incluindo os novos clientes da GVT no estado também aumentaria substancialmente, podendo requerer aumento da sua capacidade internacional.

 

Sumário

 

Como discutido acima, a entrada da GVT no Estado de São Paulo deverá ter grande impacto, não apenas em ganho de clientes pela mesma em competição com Telefônica e Net, mas em substancial aumento do número de usuários de banda larga no estado, bem como na velocidade média de acesso a banda larga, dentro de um período relativamente curto de dois a três anos.

 

Como resultado, os indicadores de banda larga do estado estarão mais próximos, ou menos distantes, daqueles de países lideres em oferta de banda larga. Os benefícios serão sentidos não apenas por usuários residenciais, mas ainda mais por empresas de todos os tamanhos.

 

A nova situação deverá dar também um impulso importante a novas aplicações que dependem de uma infraestrutura de banda larga de alta velocidade, tais como uso de vídeo para reuniões online e para ensino a distancia, aluguel de filmes por download em vez de por entrega física, uso da internet para ver televisão e muitas outras ainda a serem introduzidas.

 

 

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Comentário de Pedro Mizcci Majeau

Olá Octávio Sampaio! Muito Agradecido pela explanação do cenário de banda larga e telefonia em São Paulo!

 

Tenho visto o impacto nas regiões onde entrou a telefonia e a banda larga da GVT; e os comentários dos usuários são os melhores! Muitos comentam sobre o contraste que sentiram com a chegada da GVT: sobre a qualidade dos serviços, a qualidade do atendimento e os preços muito bem mais baratos por volume maior de serviços.

 

Ainda não encontrei relato do "contra-ataque" dos outros players, pelo contrário, pareceu-me sem recursos ou estratégias que viabilizam a reconquista dos milhares clientes já perdidos nestas regiões e outros que estão apenas aguardando concluir as "algemas" do que chamam fidelidade.

 

QUE VENHA A GVT!!

Forte Abraço!

 

 

Comentário de Marcelo Araújo

A entrada da GVT em São Paulo mostra como é importante o papel da concorrência não só em São Paulo mas também em todo o Brasil e demais segmentos como na Cias Aéreas por exemplo.

 

 

Comentário de Fabio Murilo Vargas

Olá Octávio! Não sou de SP sou do Vila Velha - ES e sou usuário da GVT e realmente a empresa está me surpreendendo em qualidade de serviço e atendimento.

 

Acho maravilhosa essa expanção da GVT para o estado de SP para usuários residenciais. A competitividade tem que existir sempre. Espero que ela faça isso no RJ também para desbancar a Oi que sempre liderou o mercado por lá e tentou liderar o país com a compra da Br Telecom. Valeu pela matéria!

 

 

Comentário de Luiz Tenório Alcantra

Tendo em vista o grande cenário de São Paulo, a GVT proporcionará, acredito ou, uma queda nos preços de oferta banda larga, como ocorreu no exemplo ocasionado na França com a inserção da Free/Triple play, que forçou a France Telecom a reduzir seu preço de oferta. Isso agrada ao ususário final, já que são eles, os clientes, que irão desfrutar dos serviços!

 

Concorrência sempre é bom, já que nos impulsiona a querer fazer e ser o melhor, bem vinda GVT!!!!!

 

 

Comentário de Ricardo Braga

Turma, a GVT entrou há 6 meses atrás em Pernambuco e é impressionante a qualidade do serviço e do atendimento. Parabéns a empresa e sua equipe de vendas!

 

 

Comentário de Eder Tuler

Somem-se a isso a briga prometida no leilão da banda H, o qual a GVT já se posicionou como interessada. E sem dúvida o leque de serviços de valor adicionado que a Vivendi possui e pode oferecer ao mercado.

 

Agora é esperar os próximos capítulos.

 

 

Comentário de Alexandre Viegas

Os paulistas são roubados a anos pelo grupo telefonica - e com serviços de péssima qualidade. Chegou a hora da verdade!

 

 

Comentário de João Luiz Cavaletti

Parabéns pela matéria Octavio, clara e direta!! A GVT será muito bem vinda ao mercado paulista. Com a experiêcia de ter sido cliente banda larga da Telefônica e da NET, sendo a primeira uma péssima prestadora de serviço,a segunda não possuir flexibilidade e ambas cobrarem valor muito elevado. Telefônica e Net terão que se virar para dar qualidade, respeito e preço justo pelos serviços, pois acredito que como eu, muitos são os clientes que se sentem refém. Obrigado!!

 

 

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