02/05/2005
Em Debate
Uma História das Comunicações
Juarez Quadros do Nascimento
Sócio da Orion Consultores Associados e ex-ministro das Comunicações
As comunicações fazem parte de nossa rotina diária. É uma chamada de telefone fixo ou móvel, um e-mail na Internet, um programa de TV ou de rádio - oportunidades modernas imediatas da tecnologia da informação e da comunicação. Entretanto, tais facilidades nos foram concedidas como resultado de uma longa evolução. Elas não aconteceram até a Idade Média.
Ao redor de 1450, o alemão Johannes Gutenberg desenvolveu a imprensa com tipo móvel. A impressão da legendária bíblia de Gutenberg reporta a 1455. Antes disto, os livros eram manuscritos. Esta invenção abriu as portas à distribuição da informação, uma inovação que teve larga repercussão para a humanidade.
Em 1876 o escocês Alexander Graham Bell e seu assistente Watson, ao trabalharem em um telégrafo - dispositivos eletromagnéticos do telégrafo tinham sido desenvolvidos em 1837 - acidentalmente inventaram o telefone. Quando Watson conectou sua chave a uma linha elétrica, Bell ouviu um ruído na sala vizinha. Por acidente, a chave de fenda de Watson tinha colocado os discos de metal a vibrar. Assim os dois pesquisadores começaram a fazer testes também com a voz, no que obtiveram êxito.
O rádio seguiu no vácuo do telefone e funcionou em condição similar. Em 1886, o alemão Heinrich Hertz provou primeiramente a existência de ondas do eletroímã. O italiano Guglielmo Marconi fez exame da vantagem desta descoberta para desenvolver o telégrafo sem fio, entre 1895 e 1897, criando uma antena que poderia receber ondas eletromagnéticas. Logo podia transmitir sinais através de uma distância de três quilômetros. Em 1909, Marconi ganhou o prêmio Nobel por esta realização. Cinco anos antes disto, a primeira música era transmitida pelo rádio e onze anos mais tarde, as primeiras estações de rádio iniciaram transmissões.
Uma outra invenção quase que contemporânea com o rádio é a do físico alemão Ferdinand Braun ao desenvolver o "tubo de Braun" (oscilógrafo catódico) em 1897, o qual junto com o "disco de Nipkow" compôs a base para o desenvolvimento da televisão. De repente, foi possível converter imagens em movimento em sinais elétricos, transmitir estes sinais e colocá-los juntos no tubo da televisão, diretamente após as imagens serem gravadas. Mas levaria algum tempo para a televisão transformar-se um item da sala de estar. Poucas pessoas assistiram à primeira transmissão da televisão: os jogos olímpicos de 1936, em Berlim.
Passaram-se quase cem anos após Graham Bell, para que o telefone "wireless" tivesse um novo sentido. A primeira chamada de um telefone celular aconteceu, de forma não muito amistosa, em 1973, em Nova York. Quem telefonou foi Martin Cooper, um diretor da Motorola, usando um aparelho "DynaTac", e quem atendeu a ligação foi seu rival nos Bell Labs, Joel Engel, que pesquisava a mesma tecnologia. Desde então os celulares se multiplicaram. Mas na verdade sua história começa em 1947, quando já existia o conceito de telefonia móvel, porém limitado ao uso em veículos.
A Internet surgiu em 1958, quando o exército dos EUA fundou uma organização de pesquisa para desenvolver um sistema de comunicações. Dez anos mais tarde criou a rede "ARPA" - a primeira rede para conectar o mundo - criada somente em quatro computadores. O ano 1972 presenciou Ray Tominson com sua modificação do programa do e-mail para a rede e a definição do carácter "@" como um padrão para emitir mensagem. Em 1974, Vinton Cerf e Bob Kahn desenvolveram aplicações para conectar redes de computador uma a outra. Este foi o nascimento real da Internet. Mas demoraria algum tempo para a inovação tecnológica fazer sua marca. Após 17 anos Tim Berners desenvolveu em Genebra, o chamado "hyperlinks" e assim fez passar a base para uma rede com as ligações a outras páginas da Internet. Isto nos fez assistir a revolução conhecida como "world wide web". Esperamos até 1993 para a "www" abrir suas portas ao público em geral.
Esta breve história das comunicações - "de volta ao futuro" - mostra como o seu desenvolvimento e a sua industrialização se acoplam. A inovação tecnológica e o advento de mercados com escala sempre apreciam o sucesso symbiotico. Mas, por enquanto, menos da metade dos seis bilhões de habitantes do planeta está sendo beneficiada com tais facilidades. É necessário que todas as nações se conscientizem do impacto que as tecnologias da informação e da comunicação causam no ambiente político, econômico e social de cada cidadão.
Nota: As informações e opiniões expressadas nos artigos publicados nesta seção são de responsabilidade exclusiva do autor.
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