21/04/2008
Em Debate
Internet ou TV no celular?
Juarez Quadros do Nascimento
Sócio da Orion Consultores Associados e ex-ministro das Comunicações
Com a disseminação das redes de terceira geração (3G), os aparelhos celulares estão próximos de serem computadores, com acesso em alta velocidade à Internet e a recepção de TV, mas que ainda não será televisão digital; será “video streaming” – uma operação que consiste em transmitir um fluxo serial e contínuo de mídia (vídeo) – utilizando o recurso de IPTV (“Internet Protocol TV”).
Mundialmente as operadoras de celular vêm elaborando planos de negócio que viabilizem a transmissão de vídeo nos aparelhos móveis. Já no Brasil, a definição do padrão de TV digital terrestre garantiu o acesso livre e gratuito para a recepção da TV móvel, o que é bom para o usuário, mas desestimulou operadoras e fabricantes de aparelhos celulares de atuarem nesse mercado ao não prever a remuneração desses agentes.
Nos EUA, duas das três maiores teles do país, a Verizon já opera e a AT&T inicia operação do “Mobile TV”, ambas utilizando a plataforma “MediaFLO” – tecnologia que permite transmissão multicanal de televisão para telefones celulares mediante remuneração e que requer uma infra-estrutura à parte da rede celular – que tem como principal concorrente a tecnologia DVB-H, padrão para toda a União Européia.
No Brasil, as operadoras de celular mantêm acordos com vários canais internacionais de TV, porém o interesse por parte dos usuários por esses canais não é significativo. As pessoas preferem os canais nacionais, mas as emissoras de TV aberta (“broadcasting”) não demonstram muito interesse em oferecer essa facilidade, preferem implementar a TV digital.
Só que no Brasil a recepção de televisão digital no celular enfrenta um problema: não existe comercialmente um aparelho compatível com o padrão de TV digital definido pelo governo que funcione também como telefone celular. Aqui, o padrão de TV digital está baseado no ISDB japonês e o padrão predominante na telefonia celular é o GSM europeu. E a combinação ISDB-GSM não existe no mercado mundial.
O GSM não é usado no Japão e o ISDB não é usado na Europa, sendo necessário um aparelho específico e exclusivo para o Brasil, ocorrendo então uma questão de escalabilidade que poderá ser resolvida, porém de forma muito onerosa.
No momento as facilidades de TV no celular não estão nas prioridades das grandes operadoras móveis. O que as operadoras estão efetivamente buscando é uma forma de cada vez mais integrar a Internet ao celular, considerando que o acesso à banda larga e Internet, além da voz, poderá ser o futuro do celular. E pela Internet no celular é possível complementar a inclusão digital de voz, dados e imagem, com portabilidade e mobilidade. “Quod erat demonstrandum”.
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