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Na era da inteligência conectada

 

 

Juarez Quadros do Nascimento

Sócio da Orion Consultores Associados e ex-ministro das Comunicações

 

Com o advento dos tablets (microcomputadores portáteis), dos smartphones (telefones inteligentes) e de outras inovações (muito necessárias para as redes fixas), as operadoras de telecomunicações provavelmente estão preparadas para serem as grandes provedoras de banda larga (potencialmente as telecomunicações do futuro).

 

Mas o avanço dos tablets e smartphones, juntamente com as redes sociais da internet (como Facebook e Twitter), também é oportuno para as empresas de internet (como Google e Yahoo!) conquistarem mais espaço.

 

A propósito, Tim Berners-Lee, inventor da world wide web, ressalta a necessidade de dispor a internet em celulares para muitas pessoas em países onde os níveis de penetração da internet são baixos. E Vinton Cerf, também um dos pais da internet, enfatiza que uma parcela importante de usuários tem a sua primeira interação com a internet via um telefone celular.

 

Além disso, felizmente, cresce pelo mundo a importância de assegurar ao cidadão o acesso à internet como um direito básico civil (como já feito na Finlândia). Nesse contexto, Don Tapscott (escritor canadense autor de “Macrowikinomics”) diz: “não vivemos a era da informação, vivemos a era da inteligência conectada”.

 

No Brasil, em 2010, a proporção de domicílios com computadores portáteis e telefones celulares deu um salto. A penetração dos notebooks nos domicílios brasileiros cresceu mais de 60% (31% na classe A, 53% na classe B e 67% na classe C) e entre os segmentos mais pobres aumentaram os telefones celulares, aponta o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

 

Embora nos EUA surjam dúvidas sobre a capacidade dos smartphones impulsionarem os resultados de operadoras de telefonia celular, aqui, como se nota, a oferta de pacotes de dados mais acessíveis segue forte e impulsiona a venda desses aparelhos.

 

Na vida digital a internet móvel se funde com a fixa e, ambas, trafegam pelas redes, sem controle sobre conteúdos (que assim seja). Some-se a isso a condição de que o preço da banda larga diminui a cada ano, se avaliado em relação à capacidade ofertada, pois na economia digital a tecnologia é uma forte commodity, que custa menos à medida que passa o tempo.

 

Entretanto, a demanda crescente por banda larga obriga as operadoras de telecomunicações a investir, habilitando suas redes para maior tráfego, sem que em alguns casos, lhes renda bons resultados econômicos. Em complementaridade, é aí que o Estado precisa atuar, com estímulos, como fazem diversos países (Austrália, EUA, Coreia, Europa como um todo, e outros).

 

Nesse cenário, os investimentos no Brasil pelas empresas de telecomunicações (telefonia e TV por assinatura) acentuam-se em banda larga. Ao mesmo tempo, as empresas de internet conquistam espaço em contraposição às de telecomunicações, que, ao investir, não querem se tornar apenas provedoras de dutos (ou canos) para o tráfego de dados.

 

Enfim, na era da inteligência conectada, o governo Dilma terá que ir muito além das decisões tomadas até agora. Por último, e não menos importante, a popularização do acesso à banda larga sustenta significativo crescimento, muda o estilo de vida das pessoas, e continua incitando reguladores, fabricantes, provedores e operadoras de telecomunicações.

 

 

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