11/02/06
Em Debate Especial: TV Digital no Brasil
O DVB e sua importância social, técnica e economica para o Brasil
Salomão Wajnberg
O DVB (Digital Video Broadcast) é um sistema de TV digital de uso mundial (e não somente europeu). Ele é o padrão de fato usado na TV a cabo (DVB-C), e satélite (DVB-S) em todo o mundo e também no Brasil. O DVB é um padrão aberto, coordenado pelo DVB Forum, composto por 270 instituições e empresas, presentes em mais de 50 países do mundo. O DVB não é controlado por nenhum país, região geográfica ou empresa. Entre seus associados há inúmeras empresas japonesas , coreanas e americanas. Os maiores fabricantes de seus produtos são os orientais para atender o enorme mercado mundial de produtos de normas DVB. Sua plataforma de interatividade o MHP foi adotada por todos os padrões de TV Digital terrestre na versão GEM, em face de sua alta performance e compatibilidade com todas as plataformas digitais no mundo.
O DVB está em constante evolução dada à dinâmica gerada pela sua ampla adoção no mundo. Essa dinâmica permitiu a incorporação de sistemas de compressão (MPEG-4 / H256L) mais sofisticados e de mobilidade com o mínimo consumo de bateria que o tornam o padrão tecnicamente mais moderno.
A TV Digital não é um fim em si mesmo. Ela é uma ferramenta essencial para a indústria de conteúdo, e deve ser usada como meio para promoção da inclusão social. Essa industria se tornará competitiva se estiver inserida num padrão de TV global e flexível que permita atualizar o modelo de negócios à medida que evoluam e surjam novos negócios nas comunicações. O DVB-T é um padrão global com elevada flexibilidade, permitindo qualquer modelo de negócio que venha a ser adotado no Brasil (SDTV, HDTV e/ou móvel, todos no mesmo canal de TV). Ele difere dos outros padrões por ser o único sistema que pode adequar-se aos diversos modelos de negócios que ainda estão em experimentação no mundo. Sua constante evolução permite se adaptar sempre os novos segmentos de mercado beneficiando todas as classes sociais.
O DVB-T também permite gerar níveis elevados de competitividade e penetração da TV Digital, através dos custos mais baixos em face às suas maiores economias de escala decorrentes de sua ampla adoção em nível mundial. Nos EUA e no Japão foram desenvolvidos padrões proprietários específicos (ATSC e ISDB-T) destinados exclusivamente para transmissão de HDTV, voltado somente para uma população de alto poder aquisitivo. Os receptores são caríssimos e só podem ser adquiridos por usuários de maior nível financeiro que já dispõem de Pay TV Digital que oferece cem ou menos de programas de todo o mundo. Um exemplo nacional, é o excelente televisor analógico Sony que é produzido em Manaus em células (cada operário monta um TV) e não em linhas de produção de alta velocidade por não ter escala de produção em decorrência da pequena demanda face ao seu alto preço.
DVB- BONS MODELOS DE NEGÓCIOS PARA O BRASIL. Um sistema de TV digital inserido num ambiente global gera bons modelos de negócio. O DVB, sendo um padrão mundial, permitirá às empresas brasileiras continuarem em sintonia com os mercados externos adequados para exploração comercial (equipamentos e conteúdo). Também a Compatibilidade e interoperabilidade são essenciais – O DVB-T, por ser derivado da mesma raiz que o DVB-C (para cabos) e o DVB-S, (Satélite) facilitará enormemente a migração de projetos já desenvolvidos nestes dois últimos padrões para o primeiro. O DVB por meio de sua Flexibilidade permite a maior variedade possível de modelos de negócio (definição padrão, alta definição, transmissão de dados, manutenção do número. de emissoras, introdução de novas emissoras, etc). Assim, O DVB permite a pratica de preços mais baixos, aumentando o volume de vendas e viabilizando a transição à TV digital.
Portanto, um bom modelo de negócio é essencial. O DVB Garante Modelos de Negócios auto-sustentáveis para todos os elementos da cadeia de valor e produtiva. Melhora o resultado econômico; traz maior qualidade de vida para o povo através da inclusão social: ensino à distância, governo eletrônico, acesso à Internet e p ermite que o cidadão utilize a TV digital para interagir com o governo e melhorar sua situação econômica e social
PORTABILIDADE. - MODELOS DE NEGÓCIO PARA TV NO CELULAR . O DVB – H com a sua capacidade de transmissão de até 80 canais para recepção em aparelhos celulares pode ser transmitido de modo flexível , tanto na banda do canal de TV como em canais independentes. O DVB-H já é um sucesso e pode-se constituir numa nova plataforma para exploração de novos serviços áudio visuais dependendo da regulamentação a ser adotado pelo governo. O DVB-H se constituem no mais atual instrumento de convergência das modernas comunicações, e se constituem;
Para as emissoras de TV – As emissoras alem de usá-lo no mesmo canal, fornecerão o conteúdo para a TV no celular, aumentando seus ganhos, visto que as Telcos não têm interesse em investir em conteúdo.
Para as telcos – A TV no celular abre oportunidades para empresas, que poderão explorar este serviço.
Para o governo – Acesso imediato de informações públicas aos cidadões. Mais empregos etc. Para os fabricantes de celulares – A TV no celular reforçara as vendas de dispositivos móveis.
O DVB-H è repelido por grupos que ignoram a convergência com vistas a manter seu monopólio / oligopólio.
MOBILIDADE. Em Singapura O DVB-T é usado para prover TV nos transportes públicos. Em Brasília, ao final de 2000, o Ministro das Comunicações Pimenta da Veiga, participou das demostrações do DVB- T em transmissão simultânea HDTV e SDTV diante de um grande receptor HDTV (Plasma), e dentro de um veiculo a alta velocidade SDTV. Desde 2003 A versão DVB-T Dual Diversity usado na Alemanha, pemite receber transmissões em resolução SDTV (3 vezes a resolução atual) em velocidades até 600 km/hora).
CANAL DE RETORNO. Dentro da Família DVB há padrões cobrindo todas as formas de tecnologia de canal de retorno. Isso inclui O GSM, GPRS, DVB-RST ( terrestre ) e DVB-RCS. No edital para a rede satelital do GESAC (Governo Eletronico), O DVB-RCS foi colocado como condição obrigatória.
PESQUISA @ DESENVOLVIMENTO E PODER DECISÓRIO. O DVB vai introduzir o Brasil no desenvolvimento mundial de TV digital. O DVB Fórum está oficialmente aberto para discutir e, incluir pesquisa e desenvolvimento Brasileiros como evolução do DVB atual. O DVB Fórum incorporará representação do Brasil no seu Conselho Diretor máximo. A Comunidade Européia já suporta hoje financeiramente a participação de instituições de P&D e empresas brasileiras em projetos conjuntos na área da TV digital, no âmbito do Projeto Instinct, e acaba de lançar nova ação de cooperação em P&D para expansão do DVB com financiamento para entidades brasileiras.
DVB SIGNIFICA RECEPTORES MAIS BARATOS PARA A POPULAÇÃO. Custos estão diretamente relacionadas à escala econômica dos mercados. Veja a demanda mundial dos padrões de DTV.
Milhões de Unidades
Utilização de DVB no
Mundo (1)
REGIÃO
DVB-S
DVB-C
DVB-T
Total
Europa
24
8
15,2
47,2
Ásia/ Oceânia
38,3
1,3
1,1
40,7
USA/ Canadá
28
28,2
-----
56,2
Amér. do Sul
2,3
África
1,2
93,8
37,5
16,3
147,6
Utilização do ISDB no
Mundo (3)
Utilização do ATSC no
Mundo (1),(2)
Saté-
lite
Cabo
Terrestre
2
12,5
(1) Fonte: DVB Forum
(2) O mercado de TV nos EUA é estimado em 121 M de TV’s, somente 10,3% é terrestre (utiliza ATSC). TV por satélite responde por 22,7% e cabo por 67%.; esses, utilizam DVB.
(3) Fonte: www.en.wikipedia.org em dez/2004
Os dados são exclusivos para o caso do DVB, pois representa ampliação de linhas existentes e novos investimentos no Brasil das empresas da coalizão DVB. Inclusive microeletrônica através da STM fabricantes de chips DVB, já no Brasil
AUMENTO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS Com a adoção do DVB, a coalização das empresas que desejam o DVB como base do SBTVD, estimam que o país poderá exportar 26bilhões de dólares, somente para a América latina (excluindo México) no período 2007 – 2017. Elas tem experiência . Um exemplo de sucesso é a adoção do padrão mundial GSM para telefonia móvel. O Brasil exporta com sucesso celulares para as Américas e Europa, um total de US$ 2,4 bilhões (previsão 2005), dos quais o GSM responde por 80%. Os fabricantes de STB nacionais já têm experiência em utilização do DVB para cabo e satélite (DVB-C e DVB-S), o que garante uma rápida absorção tecnológica para o DVB-T. Algumas como a Tecsis de S. Jose dos Campos já exportam Set Top Boxes de padrão DVB para o mercado Alemão
com grande sucesso. Veja abaixo o potencial das exportações de Produtos
Mercado para exportação (parque instalado DVB) – Milhões unidades
Padrões
% anual (3)
Crescimento
2005
2006
2007
2008
2009
2010
DVB-T (1)
10,00%
17,93
19,72
21,69
23,86
26,25
ISDB-T (2)
3,00%
2,06
2,12
2,19
2,25
2,32
ATSC (1)
5,00%
13,13
13,78
14,47
15,19
15,95
(1) www.en.wikipedia.org
(2) Sobre crescimento anual:
A possível exportação para o dos USA (caso o ATSC seja escolhido) esbarra nos seguintes problemas:
A possível exportação para o Japão (caso o ISDB seja escolhido) esbarra nos seguintes problemas:
ROYALTIES . Há muitos mitos e realidades nesta questão . A estrutura de royalties dos três sistemas (ATSC, ISDB e DVB) baseia-se numa cadeia de empresas e institutos de pesquisa ao redor do mundo. Não é factível garantir royalty zero. A OMC (*) especifica que se a política de royalty zero for adotada, a mesma terá que ser praticada em todos os países, e não num país em particular. Muito provavelmente, o royalty zero significa que o mesmo será “embutido” em algum componente do sistema.
O DVB oferece uma estrutura transparente e coerente de royalties. O valor oscila entre €0,50 e €0,75 (dependendo da modulação utilizada). Este valor corresponde ao valor do padrão, excluindo outros itens, como MPEG-4. Estes itens são comuns a todos os padrões.
ATSC . Estimativas iniciais apontam para o valor de US$ 8,5 para royalties do padrão ATSC.
O ISDB é baseado no DVB . Isto significa que o ISDB terá que pagar royalties para o DVB mais os seus próprios royalties. Obviamente, a estrutura de royalties do ISDB é mais carregada que a do DVB. Não há informação disponível sobre o ISDB, mas estima-se que o valor é maior que o do DVB , pelo citado acima.
As alterações no DVB geradas por universidades e instituições de pesquisa brasileiras podem resultar em royalties cobrados em favor das mesmas, impulsionando o desenvolvimento técnico e científico brasileiro.
DVB PERMITE SOLUÇÕES DE INCLUSÃO SOCIAL . A introdução de novos canais (conteúdo) e de interatividade permite ampliar as soluções de ensino à distância, governo eletrônico, acesso à internet, entre outras aplicações, promovendo a inclusão social e melhoram da situação econômica das classes menos favorecidas; permite também estimular a geração de conteúdo local atendendo a necessidades regionais específicas, como ensino técnico agrícola, formação de agentes comunitários de saúde, informações para comunidades de pesca.
RISCOS ENVOLVIDOS. Com o DVB não existem riscos de desenvolvimento, produtivos ou de mercados. O DVB u tiliza experiência já debugada em outros países. Hoje, 50 Paises adotam o DVB-T. Em muitos deles as exigências do mercado em qualidade e desempenho são maiores do que o nossos .
PAÍSES DA EUROPA QUE ADOTAM O DVB-T (37 países): Albânia, Andorra, Bélgica, Croácia, República Tcheca, Ihas Faroe, Finlândia, França, Alemanha, Itália, Lituânia, Malta, Holanda, Espanha, Suécia, Suíca, Reino Unido, Áustria, Dinamarca, Noruega, Bosnia, Bulgária, Chipre, Grécia, Hungria, Islândia, Irlanda, Latvia, Luxemburgo, Macedônia, Polônia, Portugal, Romênia, Federação Russa, Sérvia e Montenegro, Eslováquia e Eslovênia.
PAÍSES DA ASIA, ORIENTE MÉDIO E OCEANIA QUE ADOTAM O DVB-T (EMEA– 11 países): Singapura, Austrália, Brunei, Burma Índia, Iran, Malásia, Sirilanka, Turquia, Vietnã e Nova Zelândia. A China está fazendo testes.
PAÍSES DA ÁFRICA QUE ADOTAM O DVB-T (2 países) : Ilhas Maurício e Namíbia.
PAÍSES QUE ADOTAM O ATSC : EUA, Canadá, México e Coréia.
PAÍS QUE ADOTA O ISDB-T : Japão (implantado somente nas cidades de Tokyo, Osaka e Nagoya).
O DVB Forum, juntamente com todos os seus parceiros internacionais colocam à disposição do Brasil toda sua experiência na implantação da TV digital, garantindo um processo equilibrado e de sucesso.
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