21/09/2012
Em Debate
Os desafios de uma sociedade totalmente conectada
Sérgio Quiroga
Presidente da Ericsson na América Latina e Caribe
A sociedade conectada é exigente. A capilaridade dos serviços recria o espaço social e desenvolve novas dimensões econômicas, sociais e culturais, não só voltadas para a economia digital, mas para uma nova sociedade digital que surge com força, tornando os indivíduos mais exigentes, conectados e cada vez mais bem informados e ávidos por velocidade, qualidade e conectividade.
Em apenas oito anos, 50 bilhões de dispositivos estarão conectados no mundo, sendo 2 bilhões somente no Brasil, entre eles, carros, interruptores de luz e eletrodomésticos. Em outras palavras, tudo o que puder se beneficiar de uma conexão, estará conectado.
Há 10 anos, 4 executivos do setor de Telecom fundavam o portal “Teleco”, uma consultoria especializada em Telecomunicações, que se consolidou no Brasil como uma das mais conceituadas empresas especializada em Portais públicos de informação, Consultoria, Treinamento e Outsourcing Estratégico. Vivemos uma revolução no nosso setor nesses 10 anos da qual o Teleco fez parte de forma diferenciada!
Há 10 anos, havia 34,9 milhões de conexões de celulares no Brasil, sendo o número de conexões de banda larga móvel incipiente. Hoje, temos mais de 260 milhões de conexões móveis e 54 milhões de usuários de banda larga móvel. Um total de mais de 340 milhões de conexões de telefonia, banda larga e TV paga.
As redes de tecnologia da informação e comunicação (TIC) são as ferramentas-chave desse público de interesse geral: de conectividade a conteúdos, diálogos, jogos e criatividade. Sobre elas recai uma enorme pressão social por performance, “neutralidade” e qualidade. Hoje, a energia elétrica é o fundamento da infraestrutura que permeia nossa economia, mas caminhamos para um cenário em que o setor de telecomunicações encabeçará a infraestrutura de nosso país. Em especial, quando levamos em consideração os números do PIB: para cada 10% de aumento na penetração de banda larga, há um incremento de 1% no PIB, assim como para cada mil novos usuários de banda larga, 80 empregos são criados.
Como então transformar a pressão social por investimentos em redes de banda larga em resultados positivos, sem cair em medidas que em nada contribuiriam para transformar a forte demanda existente em oferta de serviços de qualidade? O desafio é utilizar a enorme vitalidade das inovações tecnológicas para soluções práticas de mercado. Tecnologias sem implementação prática e sem modelos de negócios claros são de pouca serventia. A verdadeira inovação tecnológica é aquela que resolve problemas práticos dos cidadãos e cria novos mercados, gerando mais empregos.
Outro desafio é fazer com que os esforços do governo brasileiro em promover inovação tecnológica sejam bem sucedidos. A tecnologia competitiva hoje é criada num contexto global. Criar mecanismos burocráticos e subjetivos de definição de “tecnologia nacional” poderia, ao contrário de expandir investimentos em inovação, inibí-los.
Nos 10 anos de existência da Teleco, a Ericsson investiu mais de R$ 1 bilhão em pesquisa e desenvolvimento no Brasil, o que resultou em inúmeras patentes registradas. No entanto, mesmo considerando que várias delas contribuíram para diversos produtos das linhas de 3G e 4G da empresa, as mesmas não resultaram em certificados de tecnologia nacional, isso porque seu objeto foi o mercado global e não somente o brasileiro. Pesquisadores em várias partes do mundo participaram desse desenvolvimento, ainda que boa parte tenha sido feita no Brasil. Essa é a vertente do mundo globalizado em que estamos inseridos.
A nossa produção de estações radiobase no Brasil passou de 4 mil em 2008 para 40 mil em 2011, marca que será repetida este ano. A Ericsson sempre manteve seu compromisso com o país. Atualmente, emprega mais de sete mil funcionários só no Brasil, mantendo uma fábrica que exporta 50% do que é produzido para países da América Latina e África. É a única fábrica da Ericsson nas Américas e uma das cinco no mundo. Desde 2011, produz equipamentos já preparados para a tecnologia 4G, um ano antes das vendas de licença para uso do espectro que permitirá a implementação da tecnologia no país.
Assim, ao pensarmos nos últimos dez anos e nos desafios presentes é importante imaginar a próxima década, quando a maioria das conexões será M2M (máquina a máquina), provendo um choque de produtividade em inúmeros setores da economia.
A Ericsson leva muito a sério o desafio de criar uma sociedade totalmente conectada. Desde 2010, ônibus conectados já circulam em Curitiba, cidade que se tornou a primeira do mundo a implementar uma solução em transporte público usando tecnologia 3G desenvolvida pela Ericsson. Na Amazônia, ribeirinhos do rio Tapajós ganharam independência com o acesso à internet de banda larga. No Rio de Janeiro, crianças da comunidade da Vila Cruzeiro agora podem interagir com qualquer outra criança do país e do mundo, trocando experiências de vida e cultura, por meio de programas como o “Connect to Learn”, voltado para países em desenvolvimento e que tem tornado a educação do século 21 acessível para estudantes da África, América Latina e Caribe.
Em breve, o Brasil ficará ainda mais em evidência devido aos grandes eventos esportivos de 2014 e 2016. No caso do primeiro deles, a Copa do Mundo, cada segundo desse evento único da história do futebol mundial será compartilhado por milhares de torcedores por meio de mensagens, fotos, vídeos e áudios de alta definição, gerando um tráfego estimado de 30 terabytes. A previsão para 2014 é de que o tráfego de dados seja 15 vezes maior do que na Copa de 2010. Esse conteúdo poderá ser equivalente a três mil horas de transmissão de vídeo em alta definição ou 700 vídeos blue-ray com duas horas de duração cada.
Diante desse cenário, o que é preciso para absorver esse tráfego? Esta é uma das principais perguntas que muitos de nós temos feito. Na Copa da África do Sul, em 2010, as partidas de abertura e encerramento, juntas, colaboraram com 10% do tráfego total do evento. A garantia de cobertura e capacidade para atender a essa demanda é um exercício de engenharia, design e otimização, específicos para atender à arquitetura e às características próprias de cada estádio.
A Copa do Mundo de 2014 será a copa tecnológica. Investimentos em TIC serão o ponto fundamental para o desenvolvimento da sociedade conectada, que ficará com um legado de reutilização das ofertas de rede em todos os setores do país, além da inclusão digital que beneficiará todos os brasileiros com a prestação de serviços nos mesmos padrões dos já oferecidos em mercados maduros. Portanto, só nos resta arregaçar as mangas e trabalhar para tornar esse futuro ainda mais real.
Afinal de contas, daqui para frente, tudo o que puder se beneficiar de uma conexão, terá uma conexão. E os desafios de uma sociedade conectada se tornarão cada vez maiores!
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