16/11/2009

Em Debate Especial: Banda Larga

 

Banda Larga Via Satélite de Baixa Órbita

 

 

Nelson Mitsuo Takayanagi

Gerente Geral de Comunicações Pessoais Terrestres da Anatel

 

A busca de soluções para a expansão da banda larga tem sido uma constante nos agentes do mercado de telecomunicações. A dimensão dos investimentos necessários a tal expansão, sugerem a necessidade da criação de um PAC das Telecomunicações que busque:

    1. Universalização geográfica dos serviços de telecomunicações por todo o país, onde em qualquer local deve estar permanentemente disponível telecomunicações em banda larga,
    2. Oportunidade de exercício do multilateralismo do Brasil, oferecendo oportunidade de compartilhamento de uma infra-estrutura satelital cuja cobertura pode estar disponível para 70% da população mundial, especialmente destinados a países em desenvolvimento, nas linhas do equador e dos trópicos,
    3. Mercados específicos que podem ser escolhidos para serem atendidos, desde fins de segurança, de monitoração, como também escolas e hospitais rurais, comunidades distantes, centros de produção, famílias produtoras de alimentos, cidadãos em deslocamento e usuários em geral,
    4. Substituição, alternativa ou complementação a rotas de fibras ópticas ou enlaces de rádio de alta capacidade, que concentra os investimentos geralmente em grandes aglomerados urbanos e dificulta uma cobertura geográfica mais ampla para locais de baixa demanda populacional. Soluções que se utilizam de baixas radiofrequências (450 ou 700 MHz) limitam a capacidade disponível de banda larga,
    5. Reduzir os custos individuais envolvidos na prestação do serviço, onde os investimentos podem ser diluídos entre várias entidades interessadas. Esta proposição já ocorreu com a implantação do Serviço Móvel Pessoal – SMP em todos os municípios do Brasil, onde cada licenciada construindo 25% da rede em municípios com menos de 30.000 habitantes e usufruindo 100% dela, recuperando a perda nas receitas pelo retorno a ser obtido na exploração do serviço nas grandes cidades, adicionado ao fato do Estado participar em parte dos custos, vem viabilizando todo um empreendimento.

O Projeto SABOR
           

Buscando atingir a amplitude do acima exposto, foi criado o Projeto Sabor – PAC das Telecomunicações via Satélites de Baixa Órbita, que passamos a descrever.

 

O projeto trata de utilizar as frequências disponíveis para o IMT-2000 e IMT-Advanced, padronizadas universalmente, diretamente transmitidas e recebidas por satélites circulando em baixa órbita (LEO – Low Earth Orbit) sendo acessado direta ou indiretamente por dispositivos fixos ou móveis de usuários de banda larga.

 

A novidade encontra-se no fato dos satélites não necessitarem de uma subfaixa dedicada, destinada a transmitir ou receber os sinais, mas utilizar o que existe destinado e consignado nos diversos países que optaram pelo padrão mundial do IMT (International Mobile Telecommunications) especificado pela UIT (União Internacional de Telecomunicações),

 

A ação inventiva decorre do fato dessas subfaixas de radiofrequências poderem ser utilizadas diretamente por usuários individuais do serviço móvel ou fixo, diretamente (contando ou não com um adaptador) ou indiretamente por meio de um reforçador ou retransmissor, uma vez que o satélite comporta-se como uma estação rádio base (ERB) utilizado nas redes de telecomunicações, cujas autorizadas ou licenciadas podem compartilhar uma determinada subfaixa de radiofrequências com quaisquer outras autorizadas ou licenciadas,

 

A aplicação industrial que dela decorre permite que toda a área geográfica de cobertura do sinal satélite possa ser utilizada para telecomunicações, eliminando ou reduzindo substancialmente a carência hoje existente para que áreas geográficas sem cobertura celular possam ser adequadamente atendidas.  A possibilidade de análise pela rede da identidade do usuário, da autorizada do serviço a que ele pertence, a detecção de eventual fraudes e a adequada bilhetagem e cobrança dos valores correspondentes ao uso, resultante de processo de compartilhamento de infra-estruturas, permite que qualquer usuário, mesmo aquele visitante, pertencente a outras licenciadas de outras regiões ou países, possa ser adequadamente tratado.

 

A prestação do serviço móvel e o satélite utilizam-se de várias facilidades, tais como:

Essas facilidades combinadas permitem vislumbrar uma nova forma de atingir diversos segmentos de mercado hoje inviáveis de serem atendidos de forma economicamente viável, com as atuais aplicações no estágio de arte da tecnologia.

 

A longevidade do projeto pode ser garantida tanto pelo tempo de vida útil dos satélites que permite atualização a cada ciclo de vida, como a visão de longo prazo existente na evolução tecnológica, que pode ser iniciada com W-CDMA e, em torno de cinco anos, evoluir para OFDMA, garantindo adequado atendimento a usuários e redes que migram para tecnologias mais avançadas, mas mantém compatibilidade com as anteriores.

 

Como todo projeto ousado e inovador, existem pontos de inflexão a serem superados para o sucesso do empreendimento. Entre outros, podemos citar, o desenvolvimento e construção de satélites que se apoiam em tecnologias de banda larga adaptados a operarem como estações rádio base de redes móveis ou sem fio, a integração da operação com a rede terrestre de telecomunicações via estações terrenas, construção de veículos lançadores, tecnologia de lançamento, controle de órbita, coordenação com outros países, operação, gerência e administração de recursos humanos, materiais e obtenção e administração de recursos orçamentários.

 

O caráter de universalização do acesso em banda larga para toda a população permite criar um novo enfoque de uso de fundos destinados exclusivamente para tal fim.

 

Da viabilidade do Projeto

 

Fontes de recursos e estimativas do projeto podem ser inferidos na fase atual, baseada nas experiências e resultados anteriores, tanto relacionadas a projetos satelitais de baixa órbita como dos projetos de serviços móveis celulares, onde podemos estimar como fonte de recursos:

      1. Da exploração do serviço de banda larga
        1. Obtidos tanto em componente nacional e internacional;
        2. Podem ser explorados recursos de infra-estrutura (backbone) e de acesso individualizado e coletivo.
      2. Novos serviços e aplicações podem ser fonte de recursos para amortização dos investimentos
      3. Da  contribuição
        1. A componente universalização pode aportar recursos, especialmente do FUST, uma vez que o satélite buscará cobrir todo o norte do território, disponibilizando o acesso e uso de telecomunicações por qualquer cidadão,
      4. Interesses estratégicos como de segurança nacional e de rastreamento remoto de ações voltados a controle de clima, desmatamento, reflorestamento, plantação, movimentação de animais, etc., podem ser outra fonte de recursos,
      5. Outros países com necessidades de cobertura e atendimento a comunidades, assim como entidades públicas, privadas, com e sem fins lucrativos também podem fornecer recursos.
      6. Desenvolvimentos gerados ao longo do projeto, tanto em sistemas, equipamentos, dispositivos, conhecimentos operacionais, administrativos, patentes, royalties, podem também contribuir para a viabilização do negócio,
      7. Contrapartidas de prestadoras de serviços por conta de receber licenças de radiofrequências também podem ser parte da receita.

Os investimentos e as fontes de tecnologia e fabricação são daqueles agentes que já atuam no mercado mundial, podendo ser utilizada a capacitação e competência existentes e a serem desenvolvidas com a decisão de dar andamento a este Projeto.

 

 

 

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Comentário de Mauricio A. de Paula

Vejo esta ação como fundamental para universalização das telecomunicações, podemos acrescentar que talvez não haja interesse econômico de grupos atuantes no mercado, porém eu como cidadão comum investiria neste projeto, investiria em ações futuras, vejo este projeto como patrimônio da humanidade, onde as distâncias e o desenvolvimento estarão cada vez menores, boa sorte para todos nós, engenheiros, cientistas, politicos, ou mesmo cidadãos comuns como nós.

 

 

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