Como Foi: Tela Viva Móvel 2005
Em sua quarta edição o seminário realizado pela Converge Eventos, aconteceu dias 28 e 29 de Setembro no ITM EXPO em São Paulo. Pela primeira vez este evento reuniu operadoras celulares, provedores e integradores de conteúdos e agências de publicidades. Foram explorados diversos aspectos do marketing de relacionamento, publicidade e outras experiências de sucesso no mercado de serviços móveis.
Quarta-feira - 28 de Setembro
09:00 hs. - "Desafios e Oportunidades do Audiovisual no Celular"
Apresentação proferida por Alberto Griselli, Gerente Sênior da consultoria da Value Partners. De acordo com Griselli, uma regulamentação específica no Brasil pode atrapalhar o processo de desenvolvimento da TV no celular porque é um mercado ainda incipiente, com demanda incerta e restrita cujos modelos de negócio ainda em encontram-se em formação. Ressaltou ainda a limitação tecnológica das redes móveis 2,5 e 3G para a veiculação de conteúdos audiovisuais, mais adequados às plataformas multicast das empresas de radiodifusão. No Brasil o padrão de TV digital ainda está sob avaliação da Anatel e outro grande ofensor para a efetiva convergência da TV com o celular é o elevado custo dos terminais existentes, hoje cerca de 600 euros, aprox. R$ 1800,00.
O modelo de negócio ideal, na avaliação de Griselli, é uma oferta colaborativa entre teles e broadcasters, em que as operadoras móveis seriam responsáveis por conteúdos on demand e funcionariam como canal de retorno para broadcast de canais gerenciados pelas operadoras de TV, inclusive com a venda de espaço publicitário.
10:45 hs. - "TV e Celular - A hora de unir forças"
Debate com a participação de Marco Quatorze (Claro), Alex Jucius (Vivo), Milton Turola Jr. (Band) e Leonardo Hazan (Oi).
Em síntese as operadoras ressaltaram diversas dificuldades para o desenvolvimento de serviços de streaming de TV via redes móveis. Segundo os representantes das operadoras o streaming ocupa muita banda e pode atrapalhar o tráfego de voz, hoje responsável por mais de 90% do faturamento das operadoras celulares. Milton Turola da Band apresentou vários conteúdos hoje existentes para serem veiculados pelas operadoras celulares, explorando a interatividade com os assinantes das redes móveis.
O streaming de TV foi lançado no ano passado no Brasil pela TIM, em um serviço que retransmite para celulares a programação ao vivo de alguns canais brasileiros. A Vivo deu destaque para seu serviço Play 3G. A respeito do broadcast de TV para celular através de uma rede à parte da rede móvel, também foram ressaltados alguns obstáculos, tais como o alto custo do terminal, a falta de um padrão tecnológico predominante, o consumo rápido da bateria do aparelho, a carência de um modelo de negócios claro e a falta de regulamentação. Segundo Milton Turolla da Band, as TVs estão subsidiando a oferta de seu conteúdo para telefones celulares. De acordo com ele o percentual da receita com serviços de valor adicionado (SVA) que é destinado às TVs não cobre sequer os custos destas. "O modelo de divisão de receita padronizado pelas operadoras celulares não atende a todo mundo. É preciso haver uma redefinição do modelo", disse Turolla.
É sabido que as TVs recebem hoje, em média, entre 40% e 50% da receita líquida dos SVAs em telefonia celular. Em relação à possibilidade futura de broadcast para celular, tanto a Band quanto representantes de operadoras celulares que participaram do evento falaram em uma atuação conjunta.
14:00 hs. - "O celular interagindo com a TV"
Andréas Blazoudakis da Yavox relatou a evolução de seus negócios com interatividade do celular com a TV via SMS. A primeira experiência foi em 2000 com a TV Globo na área de esportes. Em 2001 foi a vez do Big Brother 1 também com a TV Globo e com o SBT em 2002 na transmissão do Oscar. Segundo Blazoudakis até então era apenas um projeto por ano. A partir de 2003 a curva de crescimento experimentou sua primeira inflexão quando vários projetos foram desenvolvidos. BB3, Carnaval e F1 com a Globo, Loira do Chan com o SBT e 3º Tempo com a Record. Já em 2004 novas parceiras foram adicionadas, dentre elas a Rede TV, Gazeta, Discovery, Band e outras. A partir de então códigos SMS especiais foram criados para os diversos tipos de aplicações.
14:20 hs. - "Broadcast no Celular"
O professor Gunnar Bedicks da Universidade Mackenzie apresentou rapidamente de que maneira o sinal das emissoras de TV poderia chegar às telinhas dos handsets e a viabilização dos padrões internacionais DVB-H, DMB e ISDB-T. No Brasil o grande complicador é o espectro de freqüências já completamente saturado o que o difere de outros países. O Professor apresentou alguns dados resultantes de experimentos de broadcast no celular atualmente em evolução no Japão, Corea, EUA, Finlândia, Alemanha, UK, Espanha e França.
14:40 hs. - "A questão regulatória"
A Dra. Regina Ribeiro do Valle, advogada, apresentou uma tese sobre a possibilidade de serviços de conteúdo audiovisual, sobretudo TV, em redes móveis. Segundo a Dra. Regina, não existe respaldo para impedir as operadoras celulares de oferecerem serviços de TV. "Hoje, existe uma legislação certamente desatualizada. Há muita coisa que precisa ser melhorada, mas a interpretação mais razoável que se pode fazer é que os serviços de TV no celular são de valor adicionado". Em geral, os radiodifusores defendem a tese de que TV no celular é comunicação social e que, portanto, estaria sujeita às mesmas regras das TVs. A mesma posição é defendida abertamente pelo ministro Hélio Costa. Ela interpreta que as empresas que provêem acesso e conteúdo, seja em plataforma de internet ou celular, são usuárias de infra-estrutura de telecomunicações. "Na minha interpretação, o Projeto de Emenda Constitucional 55/04 e o projeto de Lei 4209/04 são retrocessos.
O que se deve buscar em termos de atualização da legislação de comunicação é o controle do monopólio e da concentração, e mecanismos de fomento de conteúdos que valorizem a cultura nacional". O Projeto de Emenda Constitucional a que a advogada se refere é o do senador Maguito Vilela (PMDB/GO), que basicamente estende a todos os meios que explorem conteúdos de comunicação social as mesmas obrigações das emissoras de TV, inclusive em relação ao controle de capital estrangeiro.
16:15 hs. - "Celular e Cinema: Oportunidades de Receitas"
As operadoras celulares participam de campanhas publicitárias e de marketing, para os estúdios cinematográficos ou distribuidores de filmes, através de três conceitos básicos: Conteúdo, Relacionamento e Imagem. Tanto a Claro quanto a Vivo têm produtos baseados em filmes de cinema. O "Claro Idéias" é um produto focado no público jovem, com estratégia desenhada no cinema, assim relatou André Andrade da Claro. Segundo Andrade a Claro disponibiliza conteúdo relevante de grandes lançamentos, permite a personalização e ações de relacionamento. Foi ainda destacado pela Claro que os filmes nacionais propiciam ações de relacionamento diferenciados, como por exemplo, visitas aos sets de filmagens, concursos para participações como figurantes, participação em pré-estréias, etc.
André Mafra, da Vivo, explicou como a operadora conseguiu viabilizar o primeiro projeto do filme "O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei" através da mudança no modelo de negócios com a indústria cinematográfica. Após vários meses de intensas negociações a distribuidora passou a entender o celular não apenas como uma mídia para a qual elas podem vender os direitos de seu conteúdo, mas também como uma ferramenta de divulgação dos filmes. Até hoje a Vivo já trabalhou 12 filmes, disponibilizando para cada um, consultas à história, fotos do filme, onde assistir, personagens, elenco, ficha técnica, curiosidades, etc. Disponibiliza ainda downloads de tons polifônicos, imagens, games e vídeos.
Os representantes das duas operadoras também afirmaram que não dividem os custos de publicidade com as distribuidoras, nem pagam pela exclusividade.
Quinta-feira - 29 de Setembro
09:00 hs. - "A publicidade sabe aproveitar o celular?"
A apresentação foi proferida por Cláudio Barres, diretor de mídia da Duda Propaganda. Iniciou mostrando alguns números de mercado sinalizando um grande interesse do mercado consumidor de publicidade pela tecnologia, com a certeza de se tratar de uma mídia facilitadora de acesso ao usuário (de mídia), já com uma penetração de mais de 60%. Mostrou que o SMS está disponível hoje em cerca de 70 milhões de aparelhos, ringtones podem ser baixados por 38 milhões de terminais, wallpapers em 8 milhões e games em mais de 3 milhões de handsets. Considerando que a TV a cabo por exemplo tem hoje cerca de 4 milhões de assinantes, a mídia celular é sem dúvida um grande veículo para publicidade. Segundo Barres o material publicitário para esse tipo de veículo tem que ser apropriado ao meio. Segundo ele, assistir um comercial no celular deve ser muito chato. O celular necessitará de uma criação específica pelas agências.
O celular não é visto como mídia principal para a difusão de mensagens publicitárias, mas sim como uma ferramenta que deve ser integrada a outras mídias. Apesar de os clientes que procuram uma agência de publicidade não rejeitarem o celular, eles o vêem como suporte para outras ações, e não como uma mídia para a qual se deva criar conteúdo específico. Mesmo com a tecnologia disponível, alguns clientes ainda procuram as agências visando somente a veiculação das peças na televisão. "Colocar essas empresas no celular também é um trabalho de pensamento", disse Barres. Essa inserção depende, em grande parte, da criação de conteúdo específico para o meio. Sem a possibilidade de atingir o público com inserções comerciais, as operadoras têm utilizado ações de relacionamento para a venda de seus próprios serviços. Um bom veículo é aquele que provê entretenimento, informação e serviços, o que sem dúvida credencia o celular para tal.
10:45 hs. - "Mobile Marketing, uma nova fronteira"
Rafael Magdalena da Brasil Telecom GSM e Gabriel Mendes da TIM fizeram apresentações similares e participaram de um debate com Ann Williams da Integradora Tiaxa, Leonardo Xavier da Tellvox e M2A e Sérgio Mugnaini da AlmappPBDO. As duas operadoras definiram o "móbile marketing" como um esforço em três frentes interdependentes: Publicidade (anúncios segmentados com marketing de permissão) + Promoção e Ofertas (interatividade estimulando a compra por impulso) + Relacionamento (marketing direto). Na prática as operadoras não têm ainda muito claro como explorar a publicidade no celular. Leonardo Xavier da Tellvox falou da criação da agência M2A para facilitar a intermediação das operadoras com a agências de publicidade. Está trabalhando ativamente para a implantação de uma associação que congregasse as agências, integradores, operadoras e outras entidades interessadas, com o objetivo de orientar um pouco esse mercado no tocante à ética, regulação, etc. Ann Williams apresentou sua integradora Tiaxa, e comentou a existência de CRM's próprios bem estruturados.
Este tema levou a colocações divergentes entre as operadoras que defendem seu CRM como o mais indicado para evitar a disseminação de mensagens não autorizadas pelos assinantes (opt-in) e a gestão do banco de dados de terceiros. Segundo as operadoras quando por exemplo uma mensagem originada por terceiros (companhia aérea, cartão de crédito, etc) traz algum problema para o assinante, é com a operadora que o usuário busca a solução. Segundo Sérgio Mugnaini da AlmappPBDO as operadoras devem estruturar-se para terem um ponto claro para interfaceamento com as agências, pois hoje o tempo necessário para colocação de uma campanha na rua esbarra na falta de um adequado relacionamento.
14:00 hs. - "Tendências em aplicações multimídia"
Palestra de Carlos Bastos da Nokia, focando nos terminais convergentes ou multimídia. Iniciou mostrando a convergência de facilidades a serem disponibilizadas por esses terminais, que tiram fotografia, são filmadoras digitais, tocam música, exibem vídeos e filmes, navegam pela Internet, mandam e recebem emails, e até fazem e recebem ligações telefônicas. Focou basicamente no segmento de fotos e filmes. Enquanto no mundo o mercado de câmeras fotográficas digitais deve estabilizar em cerca de 80 mil unidades nos próximos anos, em 2004 foram comercializadas mais de 200 milhões de camerafones. Em 2005 estima-se um volume de mais de 350 milhões de unidades, das quais 100 milhões somente da Nokia. Destacou que esses dados representam um enorme potencial de oportunidades de negócios correlatos, pois toda essa informação está sendo armazenada em memórias cada vez mais robustas e principalmente compartilhada através de redes móveis. Destacou ainda que o Brasil é hoje o segundo país do mundo em quantidade de blogs, perdendo somente para os EUA.
14:20 hs. - "MoSoSo: A Interação social no celular"
Henrique D'Ultra Vaz da Wavecom apresentou novas formas de exploração de aplicações que aproximam pessoas em redes móveis com base na tecnologia bluetooth e LBS. MoSoSo é o Móbile Social Software. É uma aplicação de inter-relacionamento pessoal/social através da comunicação móvel. A tecnologia bluetooth permitiria que pessoas com dispositivos compatíveis pudessem ser automaticamente reconhecidos pela rede e aproximados, uns dos outros, caso tivessem interesse. Uma pessoa poderia por exemplo ser apresentada a outra por terceiros que detenham o relacionamento comum, ou mesmo receber uma promoção específica de uma loja num shopping ao entrar no raio de deteção da tecnologia bluetooth. Em resumo, MoSoSo permite a interação social no celular, o relacionamento entre usuários e a localização por proximidade via bluetooth.
14:40 hs. - "Serviços de Valor Adicionado via SMS"
Fabrício Bloisi da Compera apresentou a experiência de sua empresa no oferecimento de conteúdos para Comunidades (blog, álbum, cartões, Chat multimídia, e redes sociais), Downloads (wallpapers, imagens animadas, imagens personalizadas e vídeos) e Infotenimento (alertas MMS e assinatura de conteúdo). Apresentou ainda exemplos de serviços para disponibilização de conteúdos MMS por assinatura, para comunidades específicas de usuários que poderiam receber alguma espécie de patrocínio de terceiros. No caso apresentado assinantes de um serviço para surfistas poderiam receber imagens com condições do mar e das ondas naquele instante. Segundo Bloisi várias possibilidades permitiriam agregar valor às mensagens multimídia, disponibilizando conteúdos dos mais variados tipos.
16:15 hs. "Conteúdos adultos: Um eterno filão"
Considerados verdadeiros filões de uma mina inesgotável de ouro, serviços com conteúdos adultos encontram no ambiente celular um vasto meio de disseminação. Rodrigo Santaliestra da Revista Sexy, Marcelo Gomes da Buttman apresentaram sua visões sobre o tema e participaram do debate com Nilo Peçanha da SK8 e Tomas Tlach da empresa com mesmo nome. Todos entendem que se trata de um dos mais promissores conteúdos para essa mídia. A característica P2P da comunicação celular, o envio de fotos e filmes, faz desse meio algo que se bem explorado e explorado profissionalmente (sem duplo sentido), pode se traduzir num excelente negócio. Foi muito debatida a questão da privacidade e do controle de acesso, onde várias são as possibilidades de soluções.
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