Seção: Telefonia Celular
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O LTE é a nova geração das redes móveis que foi padronizada pelo 3GPP. Inicialmente projetada para prover serviços de dados, espera-se que esta rede melhore substancialmente o throughput do usuário, a capacidade do setor e reduza a latência do plano do usuário trazendo uma nova experiência com total mobilidade. Esta tecnologia está programada para fornecer suporte ao tráfego baseado em IP com QoS fim-a-fim.
Ao contrário do HSPA, que foi acomodado dentro da arquitetura UMTS Release 99, o 3GPP está especificando um novo núcleo baseado em comutação por pacotes, o EPC, para apoiar a E-UTRAN através de uma redução no número de elementos de rede, melhorar a redundância e permitir conexões com outros serviços.
Os principais objetivos desta tecnologia são o esforço para minimizar a complexidade do sistema e dos equipamentos dos usuários, permitir a distribuição flexível do espectro através de novas frequências ou das faixas já utilizadas e permitir a coexistência desta rede com outras redes já implantadas como o GSM e o WCDMA além de oferecer altas taxas de downlink e uplink.
O LTE apresenta requisitos de desempenho agressivos, que dependem de outras tecnologias como o OFDMA e MIMO para alcançar os seus objetivos. A tabela 3 apresenta um resumo sobre as principais características desta rede:
Tabela 3: Principais características do LTE
Fonte: 3GPP, 2010
A seguir serão descritos os principais elementos da rede, protocolos e funcionalidades que compõem o LTE.
Topologia
A figura 8 apresenta a topologia de rede utilizada pelo LTE:
De acordo com D’avila (2009), as principais diferenças na arquitetura LTE em comparação com as releases anteriores estão na supressão do RNC e no sistema baseado em IP. A rede possui 4 grandes domínios que estão divididos em:
Esta arquitetura permite uma drástica redução de custos referentes a operação e aquisição de equipamentos, uma vez que o E-UTRAN pode ser compartilhado por várias operadoras enquanto no EPC cada uma possui equipamentos próprios e define a sua própria topologia e os seus elementos de núcleo da rede com MME, S-GW e P-GW.
Pilha de Protocolos LTE
Nesta seção serão apresentadas as funções dos diferentes protocolos e sua localização na arquitetura LTE. Eles estão dispostos de acordo com a figura 9.
No plano de controle, o protocolo Non-Access Stratum (NAS), que funciona entre o MME e a UE, é utilizado para fins de controle, tais como conexão de rede, autenticação e gestão de mobilidade. Todas as mensagens NAS são cifradas e sua integridade é garantida pelo MME e UE.
A camada Radio Resource Control (RRC) na eNodeB toma decisões de handover com base em medições do nível de sinal das células vizinhas que são enviadas pelo UE. Além desta função esta camada ainda envia mensagens de broadcast contendo informações do sistema e controla as medições dos parâmetros do UE como a periodicidade do Channel Quality Information (CQI).
No plano de usuário, a camada Packet Data Control Protocol (PDCP) é responsável pela compressão / descompressão dos cabeçalhos dos pacotes IP dos usuários através do Robust Header Compression (ROHC). Este artifício permite uma eficiente utilização da largura de banda na interface aérea. Esta camada realiza também a criptografia dos dados tanto no plano do usuário quanto no plano de controle.
A camada RLC é utilizada para formatar e transportar os dados entre a UE e a eNodeB. Esta camada oferece três modos diferentes de confiabilidade para o transporte de dados, o Modo Reconhecido (AM - Acknowledged Mode), Modo Não Reconhecido (UM - Unacknowledged Mode) ou Modo Transparente (TM – Transparent Mode). O modo UM é adequado para o transporte de serviços em tempo real, pois eles são susceptíveis ao atraso e não permitem retransmissões. O modo AM por outro lado, é adequado para serviços que não são transmitidos em tempo real, como arquivos para download. O modo TM é utilizado quando o tamanho dos quadros já são previamente conhecidos, como a mensagem de broadcast contendo informações do sistema. A RLC também oferece a entrega sequencial das Service Data Units (SDUs) para as camadas superiores eliminando as informações duplicadas. De acordo com as condições do canal rádio, esta camada pode segmentar as SDUs.
Existem dois níveis de re-transmissões para fornecer confiabilidade, Hybrid Automatic Repeat reQuest (HARQ) na camada MAC e ARQ externa na camada RLC, que funciona como um complemento para tratar os erros residuais que não são corrigidos pelo HARQ. Vários processos do tipo “stop-and-wait” são empregados pelo HARQ para garantir uma retransmissão assíncrona no downlink e uma retransmissão síncrona no uplink. Retransmissões síncronas significam que os blocos HARQ ocorrem em um intervalo de tempo periódico pré-definido, desta forma nenhuma sinalização é necessária para indicar ao receptor a retransmissão dos dados. Já o HARQ assíncrono oferece a possibilidade de programar a retransmissão dos dados baseado nas condições da interface aérea. As figuras 10 e 11 mostram a estrutura da camada 2 para uplink e downlink respectivamente. As camadas PDCP, RLC e MAC constituem a camada 2.
Canais e Sinalizações do LTE
Canais Físicos
Segundo Anritsu (2010) o E-UTRAN foi desenvolvido com o conceito de rede baseada totalmente em IP. Uma das principais consequências desta mudança é a substituição dos elementos que utilizam a comutação por circuito por elementos baseados na comutação por pacote. No entanto o uso de canais compartilhados e canais de broadcast que já foram introduzidos pelo 3GPP nas releases anteriores (ex: HSDPA, HSUPA e MBMS) são reutilizados no LTE. Esta tecnologia não faz uso dos canais dedicados, cuja função é transportar os dados de um usuário específico. Isto incrementa eficiência na interface aérea, pois a rede pode controlar a utilização dos recursos em tempo real de acordo com a demanda, e não há mais necessidade de se definir níveis fixos de recursos para cada usuário.
Os canais de rádio do LTE estão separados em dois tipos, os canais físicos e os sinais físicos. Os canais físicos correspondem a um conjunto de elementos que transportam as informações provenientes das camadas mais altas (NAS). Os sinais físicos são utilizados somente pela camada física (PHY) e não carregam nenhum tipo de informação das camadas mais altas. (Anritsu, 2010).
Os canais físicos podem ser classificados como canais de downlink ou uplink e estão dispostos conforme apresentado abaixo:
Downlink
Os canais físicos do downlink são apresentados a seguir:
Sinais Físicos
Os sinais físicos do downlink são apresentados a seguir:
Uplink
Os canais físicos do uplink são apresentados a seguir:
Sinais Físicos
Os sinais físicos do uplink são:
Canais de Transporte
Há um esforço significativo por parte dos órgãos reguladores do LTE para simplificar o mapeamento dos canais de transportes e canais lógicos. Os canais de transporte se distinguem pelas características com o qual os dados são transmitidos através da interface rádio. A camada MAC é responsável por mapear os canais de transporte nos canais lógicos e seleciona o formato de transporte mais adequado (Motorola, 2009).
Assim como os canais físicos os canais de transporte podem ser classificados como canais de downlink ou uplink conforme apresentados a seguir:
Downlink
Os canais de transporte do downlink são apresentados a seguir:
Uplink
Os canais de transporte do downlink são apresentados a seguir:
Canais Lógicos
Estes canais proveem as funcionalidades requeridas pelas camadas de níveis superiores para entrega de aplicativos e serviços. Na camada 3 o protocolo NAS é utilizado para interligar os canais lógicos. Eles são mapeados dentro dos canais de transporte na camada 2, através do elemento RRC. O gerenciamento dos dados do usuário é feito pelo PDCP na camada 2, o controle e as conexões da camada física é feito pelos elementos RLC, MAC e PHY na camada 1 (Motorola, 2009).
Na pilha de protocolos do LTE os canais de transporte são encapsulados pelos canais lógicos. Estes canais proveem as funcionalidades para as camadas mais altas e são especificados em termos dos serviços ao qual eles suportam. Cada canal lógico é definido pelo tipo de informação transferida, geralmente estes canais são divididos em 2 grupos, os canais de controle (utilizado para transferência de informação no plano de controle) e os canais de tráfego (utilizado para transferência de informação no plano do usuário), conforme apresentado no esquema a seguir:
Canais de Controle
Os canais de controle são apresentados a seguir:
Canais de Tráfego
Os canais de tráfego são apresentados a seguir:
Mapeamento dos Canais O mapeamento dos canais entre as camadas física, de transporte e lógica são representados nas figuras 12 e 13.
Estrutura de Frame
Para que o sistema seja capaz de sincronizar e gerir os diferentes tipos de informações que trafegam entre a eNodeB e o UE, o 3GPP padronizou a estrutura de frame utilizada pelo LTE. Esta estrutura difere entre os modos Time Division Duplex (TDD) e o Frequency Division Duplex (FDD).
De acordo com Anritsu (2009), cada frame é definido em função da variável Ts, que é a unidade básica de tempo utilizada pelo LTE e pode ser descrita como, Ts = 1/(15000 x 2048) = 32,6 nano segundos. Tanto as transmissões de downlink quanto de uplink são organizadas em frames com duração igual a Tf = 307200 x Ts, que equivalem a aproximadamente a 10 ms. Cada frame possui 10 subframes de 1ms e cada subframe é dividido em slots com duração de 0,5 ms.
Dois tipos de estrutura de frames são definidos para o LTE:
Para a estrutura de frame tipo 1, os frames são divididos em 20 slots de 0,5 ms. Um subframe consiste de dois slots consecutivos, assim um frame de rádio contém dez subframes conforme apresentado na figura 17.
Ainda de acordo com Aritsu (2009), para a estrutura de frame tipo 2, cada frame de rádio de 10ms é constituído de dois semi-frames de 5 ms de comprimento onde cada um é dividido em 5 subframes de 1ms cada, conforme apresentado na figura 18. Existem 3 subframes considerados especiais que são reservados para o downlink e uplink respectivamente. Estes subframes especiais consistem em 3 campos: Downlink Pilot Timeslot (DwPTS), Guard Period (GP), e Uplink Pilot Timeslot (UpPTS). Todos os subframes que não são considerados especiais são definidos como dois slots de duração de 0,5 ms em cada subframe.
A figura 18 representa uma transmissão de 5 ms e os campos especiais são apresentados nos subframes 1 e 6. Para a transmissão de 10ms, os campos especiais no subframe 6 não são utilizados. Os subframes 0, 5 e o campo DwPTS são sempre reservados para o downlink, já o campo UpPTS e o subframe que imediatamente procede este campo são reservados para o uplink.
Para o transporte das informações do usuário, o LTE utiliza 12 subportadoras espaçadas de 15 kHz. Cada bloco possui o mesmo tamanho para todas as larguras de bandas definidas para o LTE. Os dados são alocados para o UE através dos blocos de recursos. Cada UE pode ser alocado em vários blocos de recursos no domínio da frequência, onde cada bloco não precisa ser necessariamente ser adjacente um com o outro conforme apresentado na figura 19. No domínio do tempo, a decisão de agendamento é feita pela eNodeB. O algoritmo de agendamento deve levar em conta a situação do link de rádio de diferentes usuários, a situação global de interferências, exigências de QoS, prioridades de serviços, etc. (Rohde & Schawrz, 2009).
O número de símbolos OFDM utilizados depende da configuração do sistema. Para cada símbolo OFDM, um prefixo cíclico (CP) é utilizado como banda de guarda. Um slot de downlink é constituído de 6 ou 7 símbolos, essa variação se deve ao fato do sistema utilizar a configuração de prefixo cíclico estendido ou prefixo cíclico normal respectivamente. O prefixo Cíclico Estendido é habilitado para células com grande área de cobertura e com alto atraso de propagação no canal de rádio (Anritsu, 2010).
A figura 20 apresenta o esquema de transmissão dos frames tanto para o TDD quanto para o FDD.
O quadro abaixo apresenta o número máximo de Blocos de Recurso utilizados pelo LTE para as diferentes larguras de banda utilizadas por este padrão:
É possível estimar a taxa de dados trafegados em 1 bloco de recursos. Para isso será considerado que o sistema possui as seguintes características:
Então:
Utilizando antena MIMO com configuração 4x4 é possível alcançar taxas de 403.2 Mbps. Na prática a taxa máxima alcançada chega a 320 Mbps.
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