Seção: Tutoriais Banda Larga
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Filtros que não Protegem Todo Espectro de Rádio
Atualmente a ANATEL tem adotado o argumento da indústria elétrica que osfiltros nos equipamentos de segunda geração PLC (com notchs dinâmicos) protegem o espectro de rádio, relativizando a esculhambação que o PLC/BPL provocará no espectro radioelétrico.
No entanto devemos perguntar: seriamtodas as faixas protegidas? A resposta énão. De acordo com a controversa Consulta Pública e conivência da ANATEL, apenas10,13% do espectro (4,894 MHz de banda) estão previstos com ruídos reduzidos, permitindo pesadas interferências e inutilizando mais de48 MHz de espectro já ocupados por outros serviços.
Das 14 faixas atribuídas a radiodifusão pública e gratuita,nenhuma será protegida pelas autoridades da ANATEL e ANEEL. Das 7 faixas destinadas a equipamentos de recepção e radiação restrita,nenhuma esteve incluída entre as “protegidas”. Das 12 faixas atribuídas a pesquisa especial, radioastronomia, operações especiais de identificação de satélites e auxílio a meteorologia,todas estariam a disposição do setor elétrico para emitir ruídos PLC (6).
A figura 4 apresenta em amarelo as faixas teoricamente protegidas e em vermelho as faixas a serem severamente interferias e ocupadas pelo PLC no Brasil, com as freqüências abaixo em MHz. É notória e a invasão espectral e privilégios concedidos para as empresas de distribuição de energia elétrica em detrimento dos demais usuários de rádio já alocados em MF, HF e VHF.
![]() Figura 4: Faixas protegidas (amarelo) e severamente interferidas (vermelho)
ocupadas pelo PLC no Brasil (MHz).
Como pode um serviço – que a princípio seria de comunicações restritas por cabo – ter permissão por parte de uma agência federal em causar uma interferência tão marcante de ampla faixa-passante a ponto de inviabilizar serviços públicos e gratuitos de uso primário e prioritário no espectro de rádio?
Mesmo com propalados filtros, as emissoras de radiodifusão terão graves problemas para manter seus serviços e atingir suas audiências como exercem hoje, pois seus segmentos estariam à mercê da poluição PLC.Os ouvintes de rádio perderão acesso a preciosas fontes de informações nacionais e internacionais disponibilizadas gratuitamente no espectro de Ondas Tropicais e Curtas.
Estudos e monitoramentos constantes dos testes realizados no exterior atestam a total inviabilidade do prosseguimento das comunicações de rádio nestas freqüências, tal o potencial destrutivo das interferências PLC.
Técnicos e professores ligados aos testes no Brasil já expuseram a gravidade das interferências PLC, um problema inerente ao sistema cuja resposta física, tecnológica e de redenão foi apresentada para todos os segmentos de rádio comunicação a serem prejudicados.
Sebastião Nascimento, da Brasil Telecom, chegou a declarar explicitamente na Computer World: “Não há como eliminar 100% das interferências”, enquanto o Prof. Cirano Ioshpe dimensionou o problema as interferências do PLC no Brasil como “enormes” (7) (8).
O gráfico 1 apresenta medidas de intensidade de campo x freqüência tomadas em um teste do PLC no Canadá. As interferências PLC são as linhas amarela e vermelha, atuando acima dos sinais convencionais de ondas médias, tropicais e curtas (linha azul), medidos quando o PLC foi desligado. É evidente a intromissão do PLC nas faixas de radiodifusão, comdispersão interferente para o espectro de Ondas Médias (9).
![]() Gráfico 1: Medidas de intensidade de campo x freqüência em teste PLC no Canadá.
Sérgio Neiva comentou acerca dos testes da CELG, já utilizando o PSD (Power Spectral Density) e Chipset DS2: “Os resultados experimentais obtidos fornecem indícios suficientes para identificarinterferência destrutiva nas portadoras de rádio do serviço de radiodifusão sonora em Amplitude Modulada, nas proximidades das linhas de tensão, que trafegam os sinais PLC (...). O receptor utilizado nos testes não conseguiu sintonizar nitidamente nenhuma emissora na faixa de freqüência de operação PLC, colocando em xeque a inteligibilidade do som, sendo que, em algumas circunstâncias,não foi possível escutar nenhuma emissora na faixa (...). Além do mais, a intensidade dos níveis de radiação não-intencionais, decorrente do funcionamento do PLC, ultrapassou os níveis de segurança estabelecidos pela ITU (11).”
O gráfico 2 apresenta as interferências PLC de testes no Brasil (linha amarela) encobrindo sinais de rádio (linha azul) em HF (10).
![]() Gráfico 2: Interferências PLC de testes no Brasil.
Os filtros, atuando em parcelas do espectro de ajuste crítico, podem ainda provocar intermodulações e interferências em um espectro muito além do alegado para o uso PLC.
É o que considera Tim Willians, autor do livro “EMC for Product Designers” e do artigo“Porque a banda larga pelo PLC é ruim para a Compatibilidade Eletromagnética”: “Quando múltiplos sinais de rádio freqüências são aplicados em um sistema não linear – e as redes de energia elétrica com todos os equipamentos eletrônicos lá conectados certamente incluem não lineares – eles intermodulam para produzir freqüências que não estão presentes no espectro original emitido. Mesmo que o PLC confine suas interferências a certas partes do espectro e evitem outras,os efeitos de intermodulações criarão sinais interferentes dentro e além das supostas bandas protegidas (12).”
A foto 1 apresenta o PLC interferindo em radiodifusão quando em testes no Brasil, em vídeo disponibilizado pela ABERT (13).
![]() Foto 1: PLC interferindo em radiodifusão (testes no Brasil).
Fonte: Vídeo disponibilizado pela ABERT.
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