Seção: Tutoriais

 

Cidades Inteligentes: Premissas

 

Ao se decidir por um projeto de cidade inteligente, é necessário dedicar considerável esforço à identificação de todas as partes interessadas que, em algum grau, serão envolvidas na idealização e construção: prestadores de serviços, governantes, empresários, trabalhadores públicos, privados ou autônomos: enfim, todos os cidadãos que possam influenciar ou sofrer impactos de qualquer ordem com a urbanização digital.

 

Nesse contexto, engajar os cidadãos significa propor uma urbe digital que não só atenda às suas necessidades, mas desenhe um escopo inovador e tecnologicamente sustentável. Para garantir esse objetivo, as principais premissas obrigatoriamente apontarão a novas ideias, transformações e soluções tecnológicas em modais de transportes, infraestrutura, acessibilidade, transição energética, aproveitamento e segurança hídrica, saneamento, abastecimento, despoluição, saúde e moradia.

 

Como parte da definição das premissas em que se baseará este projeto de cidade, está o reconhecimento do nível de inteligência adequado ao novo espaço; uma “cidade digital”, por exemplo, comporta tecnologias a serviço de seus moradores e nela são resolvidos seus problemas e atendidas as suas expectativas.

 

Já uma “cidade inteligente” também é construída em torno das necessidades dos residentes, mas com a ativa participação deles na descoberta de soluções urbanas inovadoras. Há também a evolução da cidade inteligente para o estágio mais tecnológico e sustentável do ponto de vista econômico, a “cidade onipresente”, na tradução literal de ubiquitous city. Essa conceituação está em linha com o California Institute for Smart Communities, uma organização que estuda e fomenta o desenvolvimento urbano.

 

Se formos exercitar aqui a listagem de premissas a um programa de cidade inteligente, os seguintes requisitos precisariam ser minimamente considerados:

  • Oferta generalizada de banda larga às residências, empresas e edifícios do governo.
  • Educação formal sincronizada com a oferta de trabalhos que privilegiem a ampla propagação do conhecimento.
  • As políticas públicas devem estimular a inclusão e a democracia digital.
  • Ambos os setores, público e privado, devem ser alvos de contínua inovação no campo da mobilidade e transportes, energia, educação, saúde, saneamento e uso de recursos em geral.
  • A comunidade digital deve ser continuamente estimulada e alavancada através de investimentos vindos de ambos os setores público e privado.

 

A escolha das ferramentas e tecnologias que mais se adequem à construção da cidade inteligente dependerá dos tipos de soluções a serem oferecidas, bem como, obviamente, do orçamento disponível.

 

Alguns dos tópicos seguintes têm caracterizado projetos similares ao redor do mundo:

  1. As frequentes transações adotadas no dia-a-dia das cidades utilizam tecnologias com criptografia, tais como blockchain, em que cada operação é “digitalmente assinada”, o que garante a dificuldade na adulteração e aumento na segurança e confiabilidade dos negócios. Isso também culmina em maior transparência e combate à corrupção.
  2. Uso intensivo de câmeras, drones, modais de transporte (ênfase nos compartilhados e bicicletas), controle energético, gestão de resíduos, administração de poluentes. Todos esses sistemas são integrados, trabalhando autonomamente (IoT) na gestão de eventos e no aumento da segurança. Aqui, evoluções como redes sem fio de última geração e processamento e análise de grande quantidade de informações (“big data”) se tornam protagonistas tecnológicos.
  3. Microrredes inteligentes para armazenamento de energias renováveis e iluminação pública constituem-se em soluções frequentes. Estas redes se tornam padrões nos empreendimentos imobiliários, onde se destacam condomínios autônomos com áreas e telhados verdes, eficientes produtores de oxigênio e que contêm mecanismos de retenção de água da chuva e hortas comunitárias, com compostagem (aproveitamento do lixo orgânico) e reciclagem.