Seção: Banda Larga

 

Rede IP I: Introdução

 

Em 1969, a ARPANET foi criada com a intenção de interligar centros de pesquisa nos Estados Unidos e foi o grande marco para o avanço das redes de telecomunicações, culminando na criação do que hoje é conhecido como Internet e na utilização extensiva do IPv4. O IPv4 suportou a interligação entre redes em nível global, tendo a Internet atingido a dimensão que hoje se conhece. Devido ao recente crescimento exponencial da Internet e seus usuários e equipamentos “on-line” e do surgimento da Web2.0, o IPv4 não será mais capaz de suprir esse potencial aumento do número de utilizadores ou das necessidades geográficas da expansão da Internet. Segundo a Internet Assigned Numbers Authority (IANA), restam cerca de 11% de endereços IPv4 disponíveis no mundo (fonte: http://www.inetcore.com/project/IPv4ec/index_pt.html).

 

O tempo de vida do IPv4 vem se estendendo pelo uso de técnicas paliativas para a reutilização de endereços, tais como o Network Address Translation (NAT), Classless Interdomain Routing (CIDR), e atribuições de endereços de forma temporária com o serviço Dynamic Host Configuration Protocol (DHCP). Essas técnicas surgiram para aumentar o espaço de endereçamento e satisfazer o tradicional modelo cliente/servidor, mas não cumprem os requisitos da verdadeira mobilidade entre rede e utilizador, assim como o novo modelo emergente de serviços voltados ao Peer to Peer (P2P), onde todos passam a serem clientes e servidores em determinado nível de serviço. Às aplicações têm sido fornecidas maiores larguras de banda, e delas é demandada melhor desempenho. A necessidade de ambientes sempre disponíveis proíbe estas técnicas de conversão e de alocação temporária de endereços IP, feitas hoje pelo DHCP. Além disso, o “plug and play” requerido pelas aplicações aumentam, significativamente, o requisito do protocolo, de forma a facilitar a utilização dos equipamentos. Milhões de novos dispositivos tecnológicos não serão capazes de obter endereços IPv4 globais, e isso é inapropriado para os novos serviços emergentes. O IPv4 chegará, brevemente, à fase em que tem de ser feita a escolha entre novas capacidades ou uma rede maior, mas não as duas. Por outras palavras, faz-se necessário um novo protocolo para fornecer características novas e melhoradas, além de resolver o problema da escassez de endereços IP. Esse novo protocolo é o IPv6.

 

O IP versão 6, ou na sua forma abreviada IPv6, é a nova versão do protocolo de Internet para substituir o atual IPv4. Apesar da escassez do espaço de endereçamento IPv4 ter sido a razão principal para o desenvolvimento de um novo protocolo, os arquitetos do IPv6 adicionaram novas características em um conjunto de aperfeiçoamentos críticos do IPv4. Neste trabalho serão apresentados os vários aspectos do protocolo, incluindo endereçamento, autoconfiguração e coexistência entre IPv4 e IPv6.

 

Considerando o cenário apresentado, este trabalho tem como escopo a elaboração e verificação, por meio de estudo, observação, implantação e testes, de regras de melhores práticas para uma migração de uma rede IPv4 para uma rede mista (IPv4/IPv6) e, futuramente, IPv6 pura, minimizando os impactos e falhas de segurança, considerando os serviços mais comumente usados em uma rede, assim como a interação com equipamentos legados IPv4 puros.

 

O objetivo geral do trabalho é, portanto, elaborar e verificar regras de melhores práticas na migração de uma rede IPv4 para IPv6, tanto na questão executiva, quanto na questão de segurança, considerando que será necessário que se tenha um ambiente de convivência entre as duas versões do protocolo.

 

Os objetivos específicos são os seguintes:

  • Estudar a arquitetura do IPv6 e suas diferenças em relação ao IPv4;
  • Estudar as formas de interação de coexistência entre as duas tecnologias;
  • Estudar quais são os serviços que sofrem alterações com a migração;
  • Implementar, em laboratório, os serviços que interagem, diretamente, com endereçamento da camada de redes: DNS, DHCP;
  • Avaliar o impacto da migração na segurança da rede;
  • Avaliar o impacto da migração no desempenho da rede;
  • Levantar requisitos importantes para as mudanças em um projeto de migração;
  • Elaborar um documento para auxiliar uma migração de forma estável e segura, tendo como público-alvo os administradores de redes.

 

Tutoriais

 

Este tutorial para I apresenta um histórico da evolução do protocolo IPv6, comparando com o protocolo IPv4, de utilização atual, demonstrando as características do novo protocolo, como a nova formação do endereçamento, mudança do cabeçalho, dos serviços básicos, aumento da segurança e a coexistência entre os dois protocolos. Serão vistos, também, os processos de uma migração, mecanismos de interoperação e tradução, desempenho e problemas conhecidos da migração.

 

O tutorial parte II apresentará os 8 cenários previstos para os testes realizados no laboratório e as configurações adotadas, os resultados dos testes realizados e, por fim, as melhores práticas para que a migração seja feita de forma estável, segura e eficiente.