Seção: Tutoriais Transmissão

 

Sincronismo: Conceitos

 

O desenvolvimento e a padronização das Redes SDH (Synchronous Digital Hierarchy) teve, entre outros, o objetivo de transportar sinais digitais com maior qualidade e confiabilidade, e a taxas de bits superiores àquelas permitidas pelo então vigente padrão PDH (Plesiochronous Digital Hierarchy).

 

Nesse contexto, o projeto da Rede de Sincronismo torna–se extremamente importante na implantação das redes de transporte baseadas no padrão SDH, uma vez que o Sincronismo contribui para garantir e melhorar a qualidade do sinal transportado e para a manutenção e o aumento da taxa de bits.

 

Conceito

 

Sincronismo é o processo usado para fornecer um sinal de referência de tempo (relógio) comum a diversos circuitos ou equipamentos de uma rede. Na rede SDH a referência de Sincronismo é usada pelos relógios internos de escrita existentes nos elementos da rede, sendo responsável pela temporização dos circuitos que processam as informações para a transmissão do sinal digital.

 

Na recepção dos sinais digitais os equipamentos utilizam o sinal de Sincronismo recuperado do sinal STM–N (N=1, 4, 16 ou 64) recebido para processar as informações.

 

Na rede SDH o sinal de Sincronismo pode ser analógico (sinal senoidal de 2048 kHz) ou digital (trem de bits de 2048 kbit/s).

 

Rede de Sincronismo

 

A Rede de Sincronismo gera e distribui o sinal de Sincronismo para todos os equipamentos da Rede SDH. Seu projeto deve atender, entre outros, ao requisito de escorregamento de byte (Slip) das recomendações ITU–T G.803 e G.822.

 

A rede de Sincronismo é composta por:

  • Relógios, que são os equipamentos que geram as referências de sincronismo com diversas precisões e estabilidades, de acordo com o uso na rede de sincronismo, e que podem ter também múltiplas saídas com ou sem proteção.
  • Meio físico, composto pelos sinais STM–N da rede SDH, para as interligações entre os sites, e pelas conexões dedicadas de sinais de 2048 kHz ou 2048 kbit/s, para as interligações dentro dos sites. Os sinais STM–N (N=1, 4, 16 ou 64) também podem ser usados para transportar o sinal de sincronismo dentro dos sites de menor porte entre os diversos elementos de rede.

A arquitetura da rede deve também ser projetada para garantir a distribuição do sinal de sincronismo mesmo em caso de falha.

 

Eventos e Fenômenos

 

Devido às falhas ou características da implementação da Rede de Sincronismo, podem ocorrer alguns eventos e fenômenos na rede SDH.

 

Os eventos mais comuns são o ajuste de ponteiros (PJE) e o escorregamento de bytes nos quadros SDH, e a manutenção (Holdover) ou não (Free run) da referência de tempo pelos relógios dos equipamentos SDH, no caso de alguma falha na rede de Sincronismo.

 

Os fenômenos mais comuns são o Jitter e Wander, relativos às variações discretas de freqüência dos sinais digitais ao longo do tempo, e os loops de Sincronismo em algumas regiões da Rede SDH.

 

Modos de Sincronismo

 

Podem ser identificados 4 modos de Sincronismo:

 

Síncrono onde todos os relógios da rede são referenciados por uma única Referência Primária de Relógio (PRC – Primary Reference Clock) e a rede como um todo constitui uma única Área de Sincronismo. Neste modo os eventuais ajustes de ponteiro ocorrem de forma aleatória. Este é o modo de operação normal dentro da rede de um único Provedor de Serviços.
Pseudo–Síncrono onde nem todos os relógios são referenciados por um único PRC. A partir de cada PRC é formada uma Área de Sincronismo, e nos elementos de rede posicionados nas fronteiras dessas áreas podem ocorrer ajustes de ponteiros. Este é o modo de operação normal de Prestadores de Serviço de grande porte (com várias áreas de Sincronismo) ou entre redes compostas por vários Prestadores de Serviços.
Plesiócrono onde o sinal de Sincronismo da rede entrou em falha, e os relógios dos equipamentos da rede utilizam suas referências internas. Neste modo podem ocorrer ajustes de ponteiros de forma persistente em vários pontos da rede, os quais só cessam com a recuperação do sinal de Sincronismo.
Assíncrono onde após a falha do sinal de Sincronismo ocorrem grandes desvios de freqüência entre os relógios da rede. Como a rede SDH tem limites máximos de desvio de freqüência definidos, ao ultrapassar esses limites podem ser gerados alarmes de falha dos serviços, implicando em interrupção do tráfego na rede.