Seção: Tutoriais Banda Larga

 

SNMP: Aplicações

 

O gerenciamento de redes tem sido um elemento importante para o aperfeiçoamento dos recursos computacionais nas diversas organizações. Seus grupos de Tecnologia da Informação certamente possuem sistemas de gerência de redes corporativas internamente ou através de prestadores de serviços.

 

Esses sistemas baseiam-se em aplicações de Gerência de Rede que possuem atualmente funcionalidades bastante complexas que permitem ao administrador da rede obter informações detalhadas e em tempos de resposta compatíveis com as suas necessidades.

 

Neste ambiente o SNMP tem um papel muito importante, como protocolo que implementa a infraestrutura de troca de informação entre os diversos elementos presentes nessas redes. Os exemplos de uso do SNMP apresentados a seguir estão focados no protocolo propriamente dito, abstraíndo-se dos software de aplicação dos sistemas de Gerência de Rede.

 

Interface Ethernet

 

A Ethernet é uma das tecnologias de interface de rede mais antigas e uma das primeiras a ter uma MIB específica definida, através de RFC 1398 (1998).

 

Vários dispositivos de rede usando as interfaces Ethernet ou FastEthernet se conectam através dos cabos de pares trançados dos cabeamentos estruturados aos hubs ou switches que fornecem o meio de interligação física das rede corporativas.

 

O protocolo de acesso a esse meio físico é o CSMA/CD (Carrier Sense Multiple Access with Collision Detection). Nesse tipo de protocolo, os dispositivos de rede só iniciam uma comunicação se a rede estiver disponível. Se dois ou mais dispositivos iniciam uma transmissão ao mesmo tempo ocorre uma colisão.

 

Ambos os dispositivos aguardam um tempo aleatório antes de iniciar novamente a transmissão, o que evita que uma nova colisão ocorra. Desta forma, implementa-se uma regra de acesso ao meio físico simples e que tem se perpetuado até os nossos dias.

 

A MIB para as interfaces Ethernet é identificada pelo OID [ 1.3.6.1.2.1.10. ]. A sua estrutura contempla as seguintes informações:

  • Uma tabela de estatísticas que contém o número de erros ocorridos na interface Ethernet.
  • Uma tabela de estatísticas usada para construir um histograma de freqüência de colisões.
  • Informações necessárias para configurar e gatilhar um teste de TDR (Time Domain Reflectometry), usado para teste de cabos e interfaces.
  • Objetos gerenciáveis para os Chipset mais comumente encontrados no mercado.

Com base nessas informações os sistemas de gerência de rede podem obter informações importantes sobre cada dispositivo da rede, podem iniciar testes de verificação de cabos e interfaces e podem verificar a qualidade de segmentos ou de toda a rede.

 

Interface PPP

 

O protocolo PPP foi desenvolvido e padronizado através da RFC 1548 (1993) com o objetivo de transportar todo o tráfego entre 2 dispositivos de rede através de uma conexão física única. Embora seja um protocolo, o PPP encontra-se na lista de interfaces. Na prática, a interface PPP é implementada através de conexões físicas do tipo RS-232 ou Modens.

 

Atualmente é possível usar conexões PPP até sobre Ethernet (PPPoE).

 

A MIB para o PPP, identificada pela OID [ 1.3.6.1.2.1.10.23 ], é constituida de diversos grupos definidos em RFC's distintas. Os mais comumente conhecidos são:

  • PPP Link Group: composto por uma tabela de status da conexão (Link Status Table) e por uma tabela de configuração com parâmetros sugeridos (Link Configuration Table).
  • PPP Link Quality Report Group: composto por uma tabela de parâmetros e estatística (número de: pacotes enviados e recebidos, pacotes com erros e descartados, e pacotes válidos) e por uma tabela de configuração, que contém informações acerca da qualidade da conexão.
  • PPP Security Table: composta por variáveis de configuração e controle relacionadas com as funcionalidades de segurança do PPP.
  • PPP IP Group: composta por variáveis de configuração, status e controle relacionadas com uso do protocolo IP sobre o PPP.
  • PPP Bridge Group: composta por variáveis de configuração, status e controle relacionadas com uso de funcionalidade de Bridge sobre o PPP.

Interface Frame Relay

 

O protocolo Frame Relay é um protocolo orientado a pacotes oriundo de uma simplificação do protocolo X.25. O tutorial do Teleco Frame Relay detalha esse protocolo.

 

A MIB para a interface Frame Relay é identificada pela OID [ 1.3.6.1.2.1.10.32 ] e foi definida pela RFC 1315 (1992). Sua estrutura contempla os seguintes grupos:

  • Data Link Connection Management Table: composta por informações de status e configuração da rede.
  • Circuit Table: composta por informações de estatística, status e configuração para circuitos virtuais e interfaces existentes.
  • FR Error Table: armazena os erros mais recentes para cada interface com informação de hora de ocorrência, separados de acordo com o tipo de erro ocorrido (data frame error, management frame error, etc.).

Monitoração

 

Com o advento do SNMP outras funcionalidades foram adicionadas aos sistemas de gerência de rede. A RFC 1271 (1991) define a Remote Network Monitoring Management Information Base (RMON MIB), como sendo a MIB a ser usada por um dispositivo de rede que tem como única funcionalidade monitorar a rede e fornecer informações sob demanda para omanager.

 

A RMON MIB é identificada pela OID [ 1.3.6.1.2.1.16 ]. Sua estrutura contempla os seguintes grupos:

  • statistics (1.3.6.1.2.1.16.1);
  • history (1.3.6.1.2.1.16.2);
  • host (1.3.6.1.2.1.16.4);
  • hostTopN (1.3.6.1.2.1.16.5);
  • matrix (1.3.6.1.2.1.16.6);
  • filter (1.3.6.1.2.1.16.7);
  • packet capture (1.3.6.1.2.1.16.8);
  • alarms (1.3.6.1.2.1.16.3);
  • events (1.3.6.1.2.1.16.9).

Com essas funcionalidades definidas e disponíveis, um dispositivo Monitor de Rede torna-se bastante flexível, porém bastante complexo para ser configurado, já que a sua MIB contém diversos parâmetros de configuração. Deve ser dada especial atenção para esses detalhes, de forma a obter as informações de acordo com as necessidades e especificação do sistema de Gerência de Rede.