Seção: Tutoriais Rádio e TV

 

Padrões de Middleware para TV Digital: Middleware

 

Middleware é um termo geral, normalmente utilizado para um de código de software que atua como um aglutinador, ou mediador, entre dois programas existentes e independentes. Sua função é trazer independência das aplicações com o sistema de transmissão.

 

Permite que vários códigos de aplicações funcionem com diferentes equipamentos de recepção (IRDs). Através da criação de uma máquina virtual no receptor, os códigos das aplicações são compilados no formato adequado para cada sistema operacional. Resumidamente, podemos dizer que o middleware possibilita o funcionamento de um código para diferentes tipos de plataformas de recepção (IRDs) ou vice-versa.

 

O Middleware se faz necessário para resolver o novo paradigma que foi introduzido com a TV Digital: a combinação da TV tradicional (broadcast) com a interatividade, textos e gráficos. Esta interatividade necessitará de várias características e funcionalidades, encontradas no ambiente WEB: representação gráfica; identificação do usuário; navegação e utilização amigável etc.

 

Assim, os desenvolvedores de aplicações deixaram de se preocupar com os protocolos existentes nas camadas inferiores do sistema de transmissão e focalizaram uma interface padrão para desenvolvimento de seu trabalho. Html e Java são formatos aceitos na maioria dos Middlewares em funcionamento.

 

Além disso, o formato de apresentação Web traz um alto grau da familiaridade para o usuário e, com “Return Path”(canal de retorno do usuário), permite um ambiente de interação com receptor. Esta inovação revoluciona o sistema de TV. Um sistema que basicamente apenas difundia informação agora permite que o receptor interaja com o transmissor.

 

Padrões de Middleware

 

Ainda não existe um padrão de Middleware universal. Três grupos tentam formalizar um padrão aberto: a Europa com sistema DVB tenta padronizar o MHP, os Estados Unidos com ATSC tenta o DASE e o Japão com ISDB tenta o ARIB.

 

MHP - DVB

 

A função do padrão MHP (Multimidia Home Plataform) é prover Middleware que suporte um grande número de serviços, inclusive Web Browsing. A interoperabilidade e a segurança de informação são observadas com um maior grau de atenção por este padrão. Além dos objetivos citados, o MHP é um padrão aberto, permitindo um grau de “customização” por desenvolvedores.

 

O MHP define uma interface entre as aplicações e terminais para que os serviços sejam providos. Enquanto DVB está focado nos aspectos de transmissão dos sinais digitais, o MHP se direciona para aspectos referentes a apresentação dos serviços para o usuário do sistema.

 

Por ser uma plataforma aberta, o receptor com MHP poderia receber, a princípio, serviços de diferentes operadoras de TV Digital. Como já foi citado, a API está apta a trabalhar com diferentes hardwares e diversas redes de transmissão. Podemos ter transmissões baseadas em satélite, cabo e outras.

 

A seguir, apresentamos alguns tipos de transmissões suportadas pelo padrão:

  • Enhanced Broadcast – Combina transmissão de áudio e vídeo e serviços de download de aplicações, que permitem serviços de interação local. Este tipo de configuração não suporta canal de retorno. Suporte a linguagem HTML pode ser incrementado a partir de plug-in.
  • Interactive Broadcast – Contém todas as funcionalidades do Enhanced e também permite diferentes formas de interação, modo Global, com ou sem associação com serviços de Broadcast. Esta configuração requer canal de retorno e suporta Internet Protocol (IP).
  • Internet Access – Possui todas as funcionalidade dos modos antecessores e permite acesso a serviços Internet. Interação entre serviços Broadcast e serviços Internet são possíveis. Browser para e-mail e API Java para acesso à Internet também são comuns nesta configuração.

DASE - ATSC

 

Padrão americano que define o DTV Application Software Enviornment Level-1 (DASE-1). Trata-se de uma camada de SW que permite ao conteúdo da programação e aos aplicativos, rodarem num equipamento chamado ‘ Receptor Comum’.

 

O modelo do padrão foi dividido em:

  • Aplicação DASE– é a coleção de informações que expressa um conjunto específico de comportamentos observáveis.
  • Ambiente de Aplicações Declarativas –é basicamente o browser de documentos multimídia (User Agent). Entende-se por Aplicações Declarativas como o documento multimídia composto por regras de estilo, scripts, markups, gráficos, vídeo e áudio.
  • Ambiente de Declarações Procedurais –é a JAVA Virtual Machine e a implementação de suas APIs. Entende-se por Aplicações Procedurais como o aplicativo JavaTV xLET, composto por código binário, compilado em JAVA, em conjunto com outros conteúdos como gráficos, vídeos e áudios.

O padrão não especifica a implementação dos ambientes de aplicação nos ‘Receptores Comuns’, embora defina as seguintes capacidades:

  • Capacidade de entrada para usuários – interação com os usuários através de navegação.
  • Capacidade de áudio - decodificação em tempo real e apresentação do conteúdo do fluxo de áudio.
  • Capacidade de vídeo - decodificação de vídeo em tempo real e apresentação do conteúdo do fluxo de vídeo.
  • Capacidade gráfica – decodificação e a apresentação de conteúdo visual, que não seja vídeo, de acordo com várias resoluções.
  • Modelo de Display - utiliza modelo baseado em planos de apresentação (display plan).

ARIB - ISDB

 

O padrão ARIB (Association of Radio Industries and Business) define as regras de aplicação de um modelo de referência para o serviço de broadcasting de dados, transportado como parte do serviço de broadcasting digital, definido pelo padrão Japonês de broadcasting digital.

 

Neste sistema, áudio, vídeo e todos os serviços de dados são multiplexados e transmitidos via broadcasting de rádio, em um ‘fluxo empacotado’ (Transport Stream – TS), especificado pelo MPEG-2. Canais para a interatividade das comunicações são disponibilizados atraves dos canais interativos da rede, tanto fixas quanto móveis.

 

Três tipos de sistemas de transmissão de dados são suportados pelo ARIB[11]: transmissão de dados que utiliza o armazenamento dos pacotes como um fluxo de pacotes no PES (Packetized Elementary Stream); transmissão de dados que utiliza as seções, utilizado para serviços de armazenagem de informação (data storage services) e o sistema onde os dados são armazenados diretamente no ‘payload’ do pacote TS.

 

Os processos no receptor podem ser divididos em três etapas: decodificação dos dados multimídia; decodificação dos dados monomídia e apresentação. Os receptores deverão possuir as funções de recepção, display, comunicação com o serviço de dados (interatividade) além, é claro, das funções básicas de um receptor normal de TV.

 

O padrão também define como características do sistema os serviços oferecidos (conteúdo, acessibilidade, extensões), a interoperabilidade (interatividade), a capacidade de controle e os erros de apresentação no display.